Foragido desde quarta-feira (12) o presidente do Solidariedade, Eurípedes Júnior, agora licenciado do cargo, se entregou na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal na manhã deste sábado (15). Ele chegou por volta de 11h40 acompanhado por advogados. Passou por exame de corpo de delito e pouco depois foi encaminhado para uma cela.
Fontes ouvidas pela CNN Brasil em Brasília, sinalizam que a previsão é de que ele seja ouvido em audiência de custódia no domingo (16).
Antes da fusão do Partido Republicano da Ordem Social (PROS) com o Solidariedade, o PROS chegou a destituir Eurípedes Júnior do cargo de presidente nacional da sigla por suspeitas de desvios do Fundos Partidário e Eleitoral, além de lavagem de dinheiro. Como mostrou reportagem do Diário de Goiás de janeiro de 2020, o Diretório Nacional do Partido tomou a decisão de destituir ele do cargo.
Na época, o diretório divulgou nota informando que ele “foi acusado, reiteradas vezes, de desvio dos recursos do Fundo Partidário, Fundo Eleitoral e lavagem de dinheiro”. As denúncias foram comprovadas por um inquérito da Polícia Civil de Goiás remetido à Justiça Federal. Essa conclusão “tornou a situação do ex-presidente do partido, Eurípedes Júnior, insustentável junto aos membros do Diretório Nacional, filiados e parlamentares do PROS”.
Eurípedes Júnior era procurado desde quarta, quando a PF foi às ruas no DF, em São Paulo, Goiás e no Paraná para cumprir sete mandados de prisão preventiva e 45 de busca e apreensão. Familiares e outras pessoas ligadas ao político também estão entre investigados.
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Operação da PF culmina em prisão de advogado do Solidariedade; “ataque à advocacia”, afirma defesa
No mesmo dia da operação, a Justiça eleitoral determinou bloqueio de R$ 36 milhões em bens dos investigados, como Eurípedes Jr e familiares.
A PF também apreendeu um helicóptero avaliado em R$ 5 milhões que, segundo a corporação, foi comprado com dinheiro público. A aeronave estava em Goiânia. “Houve também sequestro judicial de 33 imóveis e dez carros”, informou ainda a CNN.
Na quinta-feira, a PF chegou a pedir a inclusão do nome de Eurípedes Júnior na lista de foragidos internacionais da Interpol. Com isso, ele passaria a ser procurado em 190 países.
A PF investiga organização criminosa, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais e furto.
Segundo os investigadores, os envolvidos utilizavam de candidaturas laranjas ao redor do país e de superfaturamento de serviços de consultoria jurídica. Além disso, desviavam recursos partidários destinados à Fundação de Ordem Social (FOS), instituição ligada ao partido.
O inquérito identificou também lavagem de dinheiro por meio da constituição de empresas de fachada, aquisição de imóveis por meio de interposição de pessoas (uso de laranjas) além de superfaturamento de serviços prestados aos candidatos laranjas e ao partido.
Segundo decisão da Justiça que autorizou a ação contra o presidente licenciado do Solidariedade, Eurípedes Júnior, e seus familiares, a suposta operação criminosa que desviou R$ 36 milhões do caixa do partido era dividida em núcleos.
Conforme consta no documento ao qual a CNN teve acesso, a PF apontou que a autoria dos crimes seria dividida em quatro núcleos:
Em nota, a defesa de Eurípedes Jr disse que o político “após ter se licenciado do exercício das suas funções de dirigente partidário” se apresentou de forma voluntária “à Polícia Federal do Distrito Federal, para permitir o cumprimento do mandado de prisão preventiva expedido em seu desfavor”.
Os advogados que integram a defesa afirmam que o Eurípedes Júnior demonstrará perante a Justiça “não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva”.
O Solidariedade, por sua vez, disse que o deputado federal Paulinho da Força (SP) assume a presidência nacional do partido. A prisão impacta o partido não apenas nacionalmente. Em Goiânia, a nova adesão da legenda é o prefeito Rogério Cruz, que não tem interesse no desgaste partidário poucos meses após se filiar, justo quando trabalha pela reeleição.