27 de novembro de 2024
Esportes

Após nova tentativa de assalto, Pirelli cancela testes em Interlagos

A Pirelli e a McLaren decidiram cancelar os testes que fariam em Interlagos na terça (14) e quarta-feira (15) com os pneus que serão utilizados na temporada de 2018 da F-1.

A medida foi tomada após integrantes da Pirelli serem vítimas de uma tentativa de assalto quando deixavam o autódromo na noite de domingo (12) após o término do GP Brasil.

“Após uma tentativa de roubo, neutralizada pela equipe de segurança, numa van da Pirelli no último domingo -após um fim de semana com episódios similares ocorrendo com outras equipes- foi decidido pelo cancelamento do teste de pneu planejado para terça-feira (14) e quarta-feira (15) em conjunto com a McLaren”, informou a fabricante em comunicado oficial no Twitter.

“A decisão tomada em conjunto com a McLaren, FIA [Federação Internacional de Automobilismo], foi feita levando em conta a preocupação com a segurança dos integrantes da nossa fábrica e da McLaren que iriam participar dos testes”, diz outro trecho da nota.

A McLaren informou que seria “um risco desnecessário” realizar o teste e que a segurança de seus funcionários são prioridade.

Este episódio na noite de domingo foi o quarto de violência contra equipes ou organizadores registrados ao longo do fim de semana do GP Brasil.

Na sexta-feira (10), houve um assalto armado a oito integrantes da equipe Mercedes e uma tentativa frustrada contra membros da FIA (Federação Internacional de Automobilismo). No sábado, mesmo com o reforço no efetivo policial, uma outra tentativa contra funcionários da Sauber acabou sem sucesso. O time não solicitou nenhum tipo de escolta, diferentemente do que fez a Mercedes.

Ruth Buscombe, engenheira da escuderia, fez uma postagem em sua conta no Twitter na qual descreveu a ameaça. Segunda ela, a van que levava os membros do time foi atingida por um carro nos arredores do autódromo. A intenção era pará-lo e efetuar o roubo.

“Tenha cuidado ao deixar o circuito, mesmo com reforço na segurança. Fomos atingidos por um carro que nos tentou parar, e um outro ia à frente. Apesar do horário incomum [tarde da noite], eles tentaram nos seguir ou foram alertados que uma van já havia passado pelo cordão policial”

A equipe não quis se pronunciar oficialmente sobre o assunto, diferentemente do que haviam feito a FIA e Lewis Hamilton.

“Isso acontece todo o ano. A F-1 e as equipes precisam fazer mais. Não há desculpas”, esbravejou o britânico.

Os membros de sua equipe tiveram levadas mochilas, telefones celulares, relógios e passaportes.

Após os episódios registrados na sexta-feira, o efetivo policial foi aumentado no entorno do autódromo e um total de 700 homens passou a trabalhar no entorno do autódromo.

Em um momento em que se discute a sequência da F-1 em São Paulo -o contrato atual vai até 2020- episódios como este podem ter um peso negativo nas negociações com a FOM (Formula One Management), empresa que gerencia a categoria.

O órgão não fez nenhum pronunciamento sobre os episódios de violência e Ross Brawn, diretor da FOM, não quis falar sobre o tema quando questionado pela reportagem.

Para o prefeito João Doria (PSDB), fatos como este deixam lição para o futuro.

“É preciso ter atitude. Onde gera atitude, gera confiabilidade. Infelizmente, um fato ruim ajuda para que novos fatos não possam se suceder”, disse antes da prova deste domingo (12).

“É triste e lamentável, o que ocorreu. Felizmente, não houve nenhuma situação mais trágica, mas é ruim. Temos de extrair disso uma boa lição e nos próximos eventos aqui em São Paulo aumentar ainda mais a segurança”, completou o prefeito.

Doria, entretanto, discordou de Felipe Massa que havia classificado o assalto como algo que o “envergonhava” como um cidadão brasileiro.

“Eu gosto muito do Felipe, mas circunstâncias como essa já ocorreram em outros autódromos do mundo. E nunca ninguém disse que tinha vergonha de ser do país e ter seu autódromo com circunstâncias. Já vi movimentos que prejudicaram equipes dentro do autódromo, como roubos de equipamentos de tecnologia, dentro de autódromos de primeiro mundo. São circunstâncias que podem ocorrer. São lamentáveis, mas podem ocorrer em qualquer país”, afirmou.


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