22 de dezembro de 2024
Esportes

Após acusação, PSG confirma discriminação racial na base

Comemoração dos jogadores do Paris Saint German
Comemoração dos jogadores do Paris Saint German

O vazamento de informações confidenciais pelo Football Leaks colocou mais uma vez o Paris Saint-Germain na berlinda. Documentos liberados pelo site, e publicados nesta quinta-feira (8) pelo jornal francês Mediapart, indicam que o clube praticou discriminação racial para selecionar jogadores para as categorias de base. Horas após a publicação, o PSG confirmou a veracidade da acusação.

Entre 2013 e 2018, de acordo com os dados do Football Leaks, o PSG criou quatro “graduações” para avaliar adolescentes candidatos a integrar equipes inferiores: “francês” (branco), “do Norte da África”, “das Antilhas” e “africano”.

Foi por esse método de classificação, baseado na cor da pele, que a base do clube teria vetado, em 2014, o recrutamento de Yann Gboho, meia da seleção francesa sub-17, negro e que nasceu na Costa do Marfim. Atualmente, o jogador de 17 anos defende a equipe B do Rennes.

Marc Westerloppe, um dos responsáveis por avaliar jovens talentos no PSG, disse na época que havia a necessidade de “equilibrar a diversidade” nas categorias de base devido a uma presença maior de jogadores de origem africana ou caribenha.

Em nota publicada em seu site, o clube francês confirmou a prática, mas ressaltou que a decisão foi exclusivamente de Westerloppe, sem o consentimento da diretoria. O PSG alega ter descoberto o caso em outubro, abrindo uma investigação interna para apurar como funcionava o método de seleção de jogadores.

“A Direção Geral do clube nunca teve conhecimento de um sistema de registro étnico dentro de um departamento de recrutamento nem o autorizava. Em vista das informações mencionadas, essas formas traem o espírito e os valores do Paris Saint-Germain”, afirma o comunicado.

O PSG explicou também que aguarda a conclusão das investigações, mas disse já ter adotado algumas medidas internas para combater a discriminação racial, como a elaboração de uma nova metodologia para o recrutamento das categorias de base e estabelecer um código de ética para ser aplicado entre os funcionários.

A discriminação racial é discussão recorrente no país europeu. Em 2011, a FFF (Federação Francesa de Futebol) foi acusada de estabelecer um “sistema de cotas” para descendentes de árabes e africanos nas seleções de base e principal. Alguns astros do futebol francês, como Zinedine Zidane e Karim Benzema, ambos de origem argelina, não cantavam a Marselhesa, o hino nacional, antes das partidas oficiais.

A miscigenação foi a marca registrada do elenco da seleção da França que se sagrou campeão da última Copa do Mundo, na Rússia. Dezenove dos 23 convocados pelo técnico Didier Deschamps têm ascendência estrangeira.

BÔNUS DE ÉTICA

Também com base em documentos do Football Leaks, a emissora França 2 divulgou valores de um “bônus por ética” recebido pelos jogadores do PSG. O prêmio atende a uma cláusula de contrato que elenca regras de comportamento -entre elas, o cumprimento aos torcedores ao final de cada jogo.

Neymar tem previsto € 375 mil por mês (R$ 1,6 milhão) em contrato neste quesito, enquanto Kylian Mbappé tem € 117 mil (cerca de R$ 500 mil). Daniel Alves e Edinson Cavani levam € 70 mil (R$ 300 mil) cada, e Thiago Silva, € 33 mil (R$ 140 mil).

O bônus havia sido noticiado anteriormente por outros veículos, mas os valores não eram conhecidos. O próprio clube, quando puniu Marco Verratti recentemente, disse estar retirando parte de seu “bônus por ética”.


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