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Andrade Gutierrez mira setor privado e exterior

Quase dois anos depois de ter sido dragada para o centro da Lava Jato, a Andrade Gutierrez é uma empresa menor. A receita da empreiteira, que em 2014 era de cerca de R$ 8 bilhões, no ano passado ficou em R$ 4,3 bilhões.

Quase um ano depois de firmar acordo com o Ministério Público e confessar crimes, como o pagamento de propina a funcionários públicos, é também uma empresa com futuro incerto.

“Em 2017 também vai cair. A gente quer que seja o último ano de queda, até porque, se não parar, a gente acaba, fecha a porta e vai embora”, afirmou Ricardo Sena, presidente do grupo, do conselho de administração e da construtora mineira.

Na Andrade desde 1981, Sena tornou-se o principal executivo do conglomerado em 2015, quando Otávio Azevedo foi preso. Sob seu comando, a empreiteira tenta se reinventar. O plano, diz, é não depender mais do governo.

O grupo que começou nos anos 1940 como construtora em Belo Horizonte e floresceu nas décadas seguintes fazendo grandes obras públicas quer trabalhar agora apenas para o setor privado no Brasil. No máximo, para estatais de capital misto.

Há dupla motivação para o movimento. Por um lado, as licitações rarearam e jogaram a empresa numa nova realidade. Dados do Portal da Transparência mostram que os quase R$ 400 milhões recebidos pela Andrade da União em 2014 recuaram para R$ 560 mil em 2016. Neste ano, não há pagamentos registrados. Segundo Sena, a Andrade, no momento, não toca obras públicas no país.

A nova estratégia, diz, é também uma tentativa de reduzir o risco do negócio. Segundo ele, trabalhar para o governo é entrar numa relação “complexa”, na qual o Estado tem mais força e garantias do que a contratada.

A transição tem sido dura. Primeiro, é preciso conquistar uma nova clientela num momento em que a imagem da empresa não é das melhores.

“É um desafio. Você tem de bater lá e o cara pensa: pô, ele nunca fez isso. Então, você não consegue rapidamente entrar nesse mercado assim de maneira forte”, diz.

O foco é o setor industrial, com a construção de fábricas, por exemplo. Para dar certo a ponto da Andrade voltar ao tamanho que tinha, a empreiteira precisará convencer muitos clientes a chamá-la.

“São contratos muito menores, outra dinâmica. Para ter o mesmo volume de receita, tem de ter uma penetração no setor industrial brutal e toma muito tempo”, diz.

EXPANSÃO

A saída será crescer no exterior. Em 2015, comprou a americana Dennis Group, especializada na construção de indústrias. Há negociações em andamento para a compra de outra empresa nos EUA e uma no Reino Unido.

No Brasil, a empresa está na posição de vendedora. Há apenas dois negócios intocáveis: a construtora e a CCR, empresa de concessões que Sena ajudou a montar e na qual a Andrade possui 15%.

“O resto todo é para vender, porque são negócios originados de PPP. Na Sabesp, por exemplo, estamos fazendo sistema de tratamento. Não quero ficar lá 20 anos olhando para a água”, diz.

Em todo o resto incluem-se: a fatia na Cemig, no estádio Beira-Rio, na empresa de call center Contax e na hidrelétrica de Santo Antônio, entre outros negócios menores.

Feitas as contas, será possível baixar a dívida do grupo dos atuais R$ 4 bilhões para cerca de R$ 1,6 bilhão, acredita o executivo.

A empresa renegociou com Banco do Brasil e Santander, ganhando três anos de carência para começar a pagar o que deve. Com isso, há tempo para vender todos os ativos “sem pressão”, afirma.

O número de funcionários dos escritórios, que envolvem executivos, corpo técnico e administrativo, caiu de 1.600 em 2014 para os atuais 700.

É mais do que o necessário, mas é isso que fará a empresa dar um salto quando as obras voltarem, afirma Sena.

Nesta semana, ele passará o comando da empreiteira para Clorivaldo Bisinoto, executivo que, como ele, está há décadas no grupo. A sucessão ainda é incerta. “Vou ficar mais uns aninhos”, afirma.

(FOLHA PRESS)

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