22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:40

Análise Grupom/Goiânia: Insatisfação e mudança

Por Leandro Rodrigues

Em qualquer avaliação da administração pública e gestão por parte da população sempre existirá o risco de se confundir atribuições, ou seja, a compreensão das competências municipal, estadual e federal. Cada um destes setores tem atribuições específicas estabelecidas em lei, mas há áreas que são de competência tanto de municípios, quanto de governos estaduais e do governo federal, como é o caso de saúde e educação.

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Isso pode acarretar confusões. Muitas vezes o cidadão comum não sabe precisar se uma unidade de saúde é responsabilidade da União, do Estado ou do município. Entretanto, por mais que exista esta possível confusão, ela não é extensiva a uma grande parcela da população, e existem sempre as diversas formas de propaganda governamental para tentar esclarecer quem é o responsável por esta unidade de saúde hipotética.

Existem serviços ou atividades da administração pública, por outro lado, que são compreendidas mais facilmente, como é o caso de aspectos econômicos como controle de inflação ou taxas de juros. Assim, por mais que possa existir certa confusão, as atribuições do município, do Estado e da União não são totalmente confundidas.

É plenamente possível que numa determinada localidade uma ou mais dessas esferas sejam avaliadas positivamente enquanto outra é avaliada negativamente. Existem diversos casos em que a avaliação de um prefeito é boa enquanto que a avaliação da presidência é ruim, por exemplo.

Esta não é a realidade de Goiânia. A pesquisa GRUPOM/Tribuna do Planalto (LEIA MAIS AQUÍ) mostra um cenário totalmente distinto da situação hipotética aqui mencionada. Em Goiânia as três administrações foram mal avaliadas, ou seja, a maioria da população desaprova a administração de Paulo Garcia, Marconi Perillo e Dilma Rousseff, prefeito, governador e presidente, respectivamente.

As notas médias dadas pelas administrações em Goiânia foram próximas, oscilando de 4,3 no caso de Paulo Garcia, a 5,1, no caso de Dilma Rousseff, passando por 4,8 no caso de Marconi Perillo. Da mesma forma, mais da metade dos entrevistados desaprovam as administrações, independentemente do cargo ocupado. Ainda mais alarmante é o caso da administração municipal, desaprovada por 68% dos entrevistados.

GRÁFICOS AVALIAÇÃO DOS GOVERNOS DE PAULO GARCIA, MARCONI PERILLO E DILMA ROUSSEF- GRUPOM

GraficoPrefeitoxgovernador

graficoPrefeitoxpresidente

graficogovernadorpresidente

 (Fonte: Pesquisa GRUPOM/Tribuna do Planalto registrada no TSE BR-00025/2014 e TRE-GO 00024/2014 de 07/03/2014 )

Através de análises de correlação estatística podemos perceber que boa parte daqueles que desaprovam a administração de Paulo Garcia no município de Goiânia desaprovam também a administração do governador Marconi Perillo e da presidente Dilma Rousseff. Isso nos remete a um cenário de insatisfação generalizada com relação aos atuais administradores públicos em Goiânia. A população não vê grandes diferenças entre os administradores e não há um único culpado para os problemas vivenciados pelos goianienses.

Tais informações e índices de desaprovação generalizados podem fomentar um claro sinal de vontade de mudança do eleitorado goianiense. Tais números nos permitem inferir que se mudanças não ocorrerem o eleitor em Goiânia claramente buscará por mudanças, o que fomenta situação favorável para que novos nomes surjam nas próximas eleições. Para aqueles que buscam a reeleição a situação de Goiânia é preocupante. Ainda há tempo para ser revertida ou atenuada, mas as práticas dos atuais gestores públicos precisam ser modificadas e adaptadas para finalmente atender as demandas dos eleitores, coisa que os números citados demonstram que não tem ocorrido.

 


 

Leandro Rodrigues – [email protected]

Doutor em Ciência Política, pesquisador da UnB e analista de política da Grupom