A segurança das urnas eletrônicas, que permeou o debate político no Brasil durante as eleições, também é uma questão em voga nos EUA. Mas em menor grau: apenas 5 dos 50 estados americanos adotam a votação totalmente digital, enquanto outros usam cédulas de papel e outros equipamentos.
Poucos meses atrás, o estado da Geórgia, primeiro a adotar o DRE (máquina eletrônica sensível ao toque), foi palco de um embate que poderia abrir precedente para que as urnas digitais fossem abandonadas no país.
Após um especialista em segurança cibernética apontar uma falha no sistema eleitoral local, que permitia o acesso a dados de mais de 6 milhões de eleitores, ativistas processaram o estado solicitando que fossem adotadas cédulas em papel nas eleições legislativas e de governos estaduais desta terça-feira (6).
A demanda foi rejeitada por uma juíza federal em setembro, que entendeu que a troca de todos os equipamentos a menos de oito semanas do pleito poderia comprometer o processo.
O risco de ciberataques, que colocou os americanos em alerta após as investidas de agentes russos na disputa presidencial de 2016, é um dos motivos que explica a resistência à urna eletrônica.
“A boa notícia é que a maioria dos sistemas não é conectada à internet”, afirma Theodore Allen, especialista em sistemas eleitorais. “Mas existem riscos de ciberataques, seja por meio da interferência na contagem de votos ou no sistema de registro do eleitor.”
Cada distrito dos EUA, onde o voto não é obrigatório, tem liberdade para escolher seu modelo de votação. Uma das vantagens é a dificuldade de um americano ou de um agente estrangeiro invadir todos os sistemas, afirma o cientista político Paul Herrnson.
Um dos processos tradicionais é aquele em que a cédula é marcada com caneta e depositada num scanner, que registra o voto. Foi o modelo mais usado nas últimas três eleições presidenciais.
Outro equipamento associado ao papel é o “punch card”, que perfura a cédula ao lado do nome do candidato escolhido. O papel, então, é depositado em uma urna. Foi muito usado entre as décadas de 80 e os anos 2000, mas hoje seu uso não é mais permitido em eleições a nível federal.
A forma de votação com cédula mais simples é aquela na qual o eleitor seleciona os candidatos preferidos com um “X” e entrega o papel para um mesário. Os votos são contados de forma manual.
O modelo mais “vintage” é o da máquina de alavanca, também descontinuado em eleições presidenciais. O eleitor entra na cabine, fecha a cortina e, por meio de alavancas, escolhe seu candidato.
O DRE (sigla para Direct Recording Electronic) pode ser totalmente eletrônico ou então emitir um comprovante de voto. Ao menos 17 estados oferecem o “recibo”.
Em alguns casos, os americanos podem votar também por correio ou aplicativo. O estado da Virgínia Ocidental foi o primeiro a oferecer um aplicativo com tecnologia blockchain para militares em serviço fora do país poderem votar.
Já o voto por correio é adotado em ao menos 22 estados. O eleitor recebe a cédula em casa e, após o preenchimento, a envia de volta por correio ou a entrega pessoalmente em um colégio eleitoral.
Apesar das novas tecnologias, Roy Saltman, autor de “The History and Politics of Voting Technology” (A História e a Política da Tecnologia de Votação, sem edição no Brasil), acredita que “a votação totalmente eletrônica não é mais o futuro e, eventualmente, vai acabar”. “As pessoas querem um registro em papel do voto.” (Folhapress)
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