14 de outubro de 2024
GREVE AMPLIADA • atualizado em 04/05/2024 às 18:26

Alunos da UFG iniciam movimento por suspensão do calendário e por greve junto com professores

Decisão de professores por furar a greve em alguns campus levou estudantes a avaliarem adesão; argumento é de apoiar a causa e evitar aulas sem sincronia com o calendário
Alunos da Faculdade de Informação e Comunicação já decidiram por greve - Foto: reprodução / UFG / Carlos Siqueira
Alunos da Faculdade de Informação e Comunicação já decidiram por greve - Foto: reprodução / UFG / Carlos Siqueira

Alunos da Universidade Federal de Goiás (UFG) iniciaram consultas por cursos, faculdades ou campus a respeito de adesão, ou não, à greve dos professores anunciada para iniciar na terça-feira (7). Os alunos da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) foram os primeiros a fazer a assembleia. Decidiram, por unanimidade, parar junto com os professores.

Além de simpatia à causa dos docentes, os alunos querem evitar intervalos sem e com aulas. O motivo é já que existem professores anunciando que não vão paralisar, deixando de seguir a orientação aprovada em assembleia realizada pela Adufg, o Sindicato dos Docentes.

Aluna do curso de Direito da UFG de Goiás, Tainá Rincón Vianês, membro da coordenação do Diretório Central dos Estudantes (DCE) relatou ao Diário de Goiás, neste sábado (4) que o impasse é grande. Conforme ela, grupos de professores de unidades como a de Goiás e de Aparecida de Goiânia, por exemplo, teriam avisado que vão lecionar normalmente.

Isso cria uma situação prejudicial aos estudantes, relata ela. “A greve discente está sendo pautada não apenas pelo apoio aos professores, mas porque muitos professores disseram abertamente que vão furar a greve definida junto à Adufg”.

Aparecida de Goiânia e cidade de Goiás estão fora

Segundo ela, em Aparecida de Goiânia e na cidade de Goiás, os professores decidiram que vão dar aula, independente da decisão da maioria. Conforme a coordenadora do DCE, estão sendo realizadas assembleias ignorando a votação que definiu pela paralisação, prevista para durar até que o governo federal volte a negociar com a categoria.

“No campus de Goiás o conselho deliberou por manter as aulas na quinta-feira (2), após 27 professores declararem a favor de dar aula e 18 serem a favor da greve”, informa.  Esta votação ocorreu dois dias depois que a categoria aprovou a greve em plebiscito eletrônico.

Conforme a coordenadora do DCE, mesmo alguns dos que votaram pela paralisação disseram que vão continuar dando aula. “Mas o problema será para os alunos. Teremos professores que não vão dar aula em dois dias da semana e teremos os que vão continuar lecionando”, exemplifica.

Estudantes que se deslocam e pagam aluguel padecem mais

Ela aponta a peculiaridade dos estudantes de campus como o de Goiás, que muitas vezes se deslocam de outros municípios sem a garantia de aulas todos os dias. Além disso, cita alunos de lá e de outros campus que também pagam aluguel, e que não terão segurança sobre o calendário escolar. “Se há greve, o ideal seria a suspensão do calendário”, defende.

Imagem do Campus da cidade de Goiás onde professores decidiram por manter aulas segundo coordenadora do DCE – Foto: reprodução UFG

“Se todos entrassem de greve, não haveria problema. Nos apoiamos as pautas deles, mas votarem pela greve e alguns darem aula nos prejudica muito. Ficamos na incerteza, sem saber sequer se aulas aplicadas serão levadas em consideração”, reforçou. Por este motivo, ela vê como chance real a ameaça dos alunos da UFG de entrarem em greve com os professores.

Votação em andamento

 O Centro Acadêmico do curso de Tainá abriu uma votação que estará em andamento até terça-feira para deliberar se os alunos aderem ou não à greve.

Existem outros cursos em assembleia e uma assembleia ampliada até terça-feira para definir, como um todo, sobre a posição dos discentes.

Alunos da FIC UFG aprovam greve

No caso da FIC, a assembleia contou com a participação de mais de 150 estudantes. “Hoje a nossa universidade pede socorro, falta infraestrutura, falta assistência estudantil, falta espaço democrático que inclua verdadeiramente a juventude trabalhadora”, divulgaram os estudantes do curso nas redes sociais.


Adufg está organizada para paralisação

O presidente da Adufg, Geci José Pereira, informou ao DG que a preparação da greve segue conforme o anunciado nos últimos dias. Segundo ele, as comunicações exigidas e trâmites legais foram cumpridos. Na véspera, segunda-feira (6) o sindicato vai espalhar comunicados nos campus da UFG.

O sindicato já comunicou à reitoria sobre a decisão dos docentes e solicitou uma reunião para tratar de questões sobre o assunto. A única forma de evitar a paralisação, confirmou ele, seria o Governo Federal se manifestar sobre a contraproposta encaminhada pela Proifes-Federação, que representa a categoria nacionalmente. A proposta prevê, entre outras questões, reajustes para 2024, 2025 e 2026.

Entenda a greve

A greve dos docentes foi aprovada por meio de plebiscito eletrônico realizado entre os dias 25 e 30 de abril. Por 5 votos de diferença, a greve por tempo indeterminado foi aprovada. Os professores federais pleiteiam recomposição salarial e também a revogação de alguns atos normativos.

Na UFG, no total, 657 professores (49,62%) votaram a favor da paralisação, enquanto 652 (49,24%) foram contrários. Participaram do plebiscito, 1.324 docentes, dos quais 15 se abstiveram.


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