Foi deflagrada nesta quinta-feira (8), pela Polícia Federal (PF), a Operação Tempus Veritatis para apurar grupo suspeito de tentar dar um golpe de Estado no país a fim de manter no poder o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2022. No total, 33 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão preventiva estão sendo cumpridos.
Nesta fase da operação, há mandados de prisão preventiva contra Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, e Marcelo Câmara, ex-ajudante de ordens. Há mandados de buscas contra Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), almirante Almir Garnier Santos, general Stevan Teófilo Gaspar de Oliveira e Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro.
Além dos mandados, existem outras 48 medidas cautelares, como proibição de contato entre os investigados, retenção de passaportes e suspensão dos cargos públicos. As medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridas nos seguintes estados: Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná e Goiás, além do Distrito Federal. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.
Eixos de atuação
Segundo a PF, o grupo investigado se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022. “De modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”, informou a PF. O primeiro eixo consistiu na construção e propagação da versão de fraude nas eleições de 2022, por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação.
Segundo a coorporação, o discurso foi reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno do pleito em 2022. Já o segundo eixo de atuação do grupo, de acordo com o comunicado, consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, por meio de um golpe de Estado.
Nesse caso, segundo a PF, a ação contou com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais em “ambiente politicamente sensível”. A polícia ainda destaca que os fatos investigados configuram crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
Bolsonaro criticou ação da PF
Em janeiro, Jair Bolsonaro criticou a operação da PF, que era um desdobramento da Operação Vigilância Aproximada que tinha seu filho, Carlos Bolsonaro como um dos alvos. Os mandados de de busca e apreensão foram cumpridos contra pessoas do núcleo político que receberam informações da “Abin paralela”. Segundo as investigações, a Abin foi usada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar adversários políticos.
“Que crime nós cometemos? Agora, é uma perseguição implacável, que tem como objetivo esculachar […] Eles esperavam pegar todos os filhos juntos e fazer um grande evento para a imprensa. É inacreditável o que este homem [em alusão ao ministro Alexandre de Moraes] faz”, disse Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan.
A suspeita da PF é de que Carlos usava assessores para solicitar informações de forma ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Durante a investigação, celulares, pen-drives e outras mídias foram apreendidas. O conteúdo dos itens seguem em análise dos investigadores.
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