A prefeitura de Goiânia ainda não encontrou solução para as reivindicações dos servidores administrativos da Educação e já enfrenta manifestações de outra categoria.
Nesta sexta-feira, 6, enquanto era lançada no Paço Municipal a programação para o aniversário de 90 anos de Goiânia, agentes de endemias e agentes comunitários de saúde anunciavam uma “operação tartaruga” na porta da sede administrativa.
Os agentes de endemias e agentes comunitários de saúde querem a aplicação de recursos federais que segundo eles já teriam sido destinados pelo Governo Federal, para a atualização salarial das categorias. De acordo com eles, isso ocorreu em 2022 e os valores nunca teriam sido repassados.
“Operação tartaruga”
Juntos, os agentes de endemias e de saúde somam cerca de 2 mil trabalhadores. Os sindicatos das duas categorias informaram à reportagem do Diário de Goiás que, se não houver resposta da prefeitura, os agentes vão realizar uma “operação tartaruga”. Antes, vão denunciar a situação no Ministério Público de Goiás, na segunda-feira, 9, às 14h.
Segundo os representantes dos agentes, atualmente a prefeitura paga um salário mínimo mensal, “no valor vigente no ano passado”, para cada trabalhador. Contudo, afirmam, a União tem repassado para o Município, desde 2022, o equivalente a dois salários mínimos. Além disso, a atualização do piso salarial dos agentes é esperada junto com um plano de carreira.
A “operação tartaruga”, explicam Paulo Brito, presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate as Endemias, e Néia Vieira, presidente do SindSaúde, pode causar prejuízo financeiro à Prefeitura.
Eles argumentam que a estratégia implica manter o número de trabalhadores em atividade normalmente, mas só alimentar 50% dos dados coletados por eles no Sistema Único de Saúde (SUS) até que a prefeitura atenda as reivindicações. “Isso significa que os repasses federais para a Saúde em Goiânia seriam reduzidos”, explicaram.
Por causa da presença dos manifestantes, a Guarca Civil Metropolitana reforçou a presença na porta do Paço. Várias viaturas e agentes da GCM fizeram a vigilância enquanto o grupo fazia uma assembleia embaixo de uma mangueira na rotatória de acesso à prefeitura. Não houve incidentes.
Pela manhã, os servidores administrativos da Secretaria Municipal de Educação fizeram sua terceira assembleia em uma semana (Foto abaixo: Sintego).
Paralisados há cinco dias, eles reclamam que não tiveram uma contraproposta da Prefeitura.
Os manifestantes reivindicam equiparação do auxílio locomoção, pagamento do reajuste da data-base 2023 e o Novo Plano de Carreira.
A assembleia desta sexta foi na porta da Câmara Municipal de Goiânia, conduzida pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintego), Bia de Lima, que também é deputada estadual do PT.
Os manifestantes aprovaram a continuidade da greve. Depois seguiam em carreata pelas ruas de Goiânia até o Ministério Público do Estado de Goiás. Lá reivindicaram que o órgão cobre do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, uma resposta para o sindicato e a categoria.
Na oportunidade, também houve questionamento aos eventuais riscos de se ter dentro das escolas, creches, CMEIs e CEIs, trabalhadores de outras pastas do município, como COMURG, substituindo o pessoal que tem a qualificação para preparar merendas, por exemplo.
O Sintego afirma que cumpriu todos protocolos e pré-requisitos para a legalidade da greve. A greve envolve merendeiras, pessoal da limpeza e higienização, auxiliares de secretaria e secretários, auxiliares de atividades educativas e porteiros.
O prefeito Rogério Cruz se baseou no “limite prudencial de gastos, recomendado pela Lei de Responsabilidade Fiscal”, para falar do impasse em atender as reivindicações, tanto do pessoal da Educação, quanto dos agentes de endemias e de saúde.
“Vem recursos federais [para os agentes], mas eles passam por composição com outras secretarias e vivemos queda de arrecadação”, justificou ele. Cruz afirma que a LRF é o impedimento também para os planos de carreira, reivindicados pelas duas categorias.
Por um lado, o prefeito disse que considera a greve “legal e aceitável”. Depois, no caso da Educação, disse que “estão explorando isso, não chega a 10% que pararam”.
Consultado, o Sintego enviou uma lista indicando trabalhadores em greve em 147 unidades escolares de Goiânia. Em várias, todos aderiram, em outras 20, 15, etc. Da lista, somente em 3 unidades um único servidor aderiu. Há escolas em que os professores também pararam por falta de condições de lecionarem.