Política

Agenor Mariano fala sobre “fenômeno” que MDB representa em Goiânia e legado de Íris para dias atuais

O espaço e o papel protagonista do MDB do processo eleitoral de Goiânia foram temas de uma entrevista especial concedida esta semana pelo presidente do Diretório Municipal do partido, Agenor Mariano ao Diário de Goiás. Na entrevista ao editor-chefe do DG, o jornalista Altair Tavares, Mariano definiu a posição de seu partido como sendo um “fenômeno”.

O motivo principal: a eleição e reeleição de Iris Rezende e o papel preponderante da legenda na política goianiense. Ele reiterou o ponto de vista sobre o legado do ex-prefeito que tem reverberado sempre

Confira a primeira parte da entrevista!

Altair Tavares – Qual a situação atual da eleição de 2004?

Agenor Mariano – Obrigado pelo convite para falar sobre a nossa cidade. Falar sobre a conjuntura política é sempre algo estimulante, gosto. E temos um fenômeno.

Altair Tavares – O senhor se refere a Iris Rezende que foi preponderante com eleição e reeleição. Depois o MDB voltou já numa situação diferente, rompido com Paulo Garcia, e o partido consegue reeleição de novo. Maguito Vilela é eleito também, em 2020, apesar de todo o problema diplomático que vivenciou. E a fatalidade da morte por causa da COVID. E aí entra a gestão de Rogério Cruz. Por que e como o MDB consegue essa sequência de vitórias aqui em Goiás?

Agenor Mariano – Bom, não é uma questão personalista, mas trata-se de uma questão de realidade e justiça. O MDB se consolidou ao longo do processo contra a ditadura como um partido quase que o único de oposição no Brasil, no momento que teve dois partidos. Teve a Arena, UDN e PSD, depois a arena e MDB, depois PDS e PMDB.  Então, foi a conjuntura que nós vivemos. E nesse período nós tivemos a liderança de Iris Rezende Machado. Uma liderança forte, uma liderança que não só no discurso, mas na prática. Em todas as gestões administrativas, administrativamente falando, saindo do campo até da política e da seara administrativa, fez gestões que marcaram a vida das pessoas. As pessoas a todo momento elas querem fugir do ambiente em insípido. Elas querem ser marcadas.

A política precisa marcar a vida das pessoas. E se tem uma coisa que deixou marcado, e os testemunhos estão aí para quem quiser ver, foram as administrações de Iris Rezende. E essas administrações ao marcar a vida das pessoas, elas deixaram o legado do MDB. Legado esse que foi importante para eleição de Maguito Vilela Governador. Legado esse que foi importante para eleição de Maguito Vilela na Prefeitura de Aparecida, porque a prefeitura do Iris aqui vinha de um sucesso estupendo. E Aparecida lá sufocando, afogando nas mazelas de uma cidade descuidada na época.

E assim houve essa influência da eleição. Maguito Vilela, pela sua experiência no MDB, por tudo o que ele aprendeu, todos nós aprendemos com os princípios do Iris, Maguito vai e faz uma gestão espetacular em Aparecida. Muda a vida das pessoas, impacta a vida das pessoas, marca a vida das pessoas. E aí, consequentemente Maguito Vilela, mesmo numa cama de hospital, consegue ser eleito prefeito de Goiânia. Ou seja, foi MDB nas últimas cinco eleições .

Altair Tavares – Registre-se, tomando as maiores homenagens que um político já recebeu aqui no estado Goiás.

Agenor Mariano – Eu era o coordenador geral dessa campanha. Vivi intensamente nessa campanha de 2016 e de 2020, a do Iris e do Maguito. Então, quando você me faz uma pergunta, porque dessa força toda do MDB em Goiânia, eu acho que é por conta do histórico, daquilo que realizou e que ainda persiste na memória das pessoas, que foram marcadas, que foram impactadas por essas gestões de qualidade.

Tinha alguma crítica da ser feita, claro que tem, toda a gestão tem, mas o importante é que elas foram tão impactantes que as pessoas hoje não esquecem do que foi feito. Quantas pessoas, por exemplo, não têm uma história pra contar com o Iris Rezende?  Quantos não têm uma história boa pra contar com o Maguito Vilela?

Hoje, Goiânia é tida como uma da cidade brasileira com mais de um milhão de habitantes que não convive com favela. Isso não é um milagre, isso não é simplesmente por conta do acaso. Não, isso foi por causa de uma política habitacional instituída desde 1965.

Altair Tavares – E aí há que se considerar que, incluindo o ano de 2020, os dois partidos preponderantes nessas gestões foram MDB e PT. Incluindo a eleição de Nion Albernaz? ao ser eleito ele estava no MBD?

Agenor Mariano – O Nion já estava no PSDB. Ele fez sua trajetória política no MDB. Já em 1996, quando ele foi eleito prefeito, foi eleito pelo PSDB.

Altair Tavares – Então é uma situação inusitada.

Agenor Mariano – Inclusive, diga-se de passagem, quando ele foi eleito pelo PSDB, mais uma vez se repetindo a história, foi eleito contra o governo. Ele não era um prefeito alinhado ao governo, ele fez a história no MDB, foi para o PSDB e eleito no PSDB, naquela época, dado ao histórico de boa administração anterior do MDB.

Altair Tavares – Nessa eleição, o MDB está aliado com o Sandro Mabel, que é do União Brasil, mas o Partido não figura na, digamos, chamada cabeça de chapa e nem na vice. Algumas pessoas têm comentado, se isso é confortável ou desconfortável para o Partido, como o senhor, presidente do Partido, avalia isso?

Agenor Mariano – Eu acho que é um laboratório, porque isso nunca aconteceu antes. Sempre estivemos ou na vice ou na candidatura majoritária, toda a nossa história desde a redemocratização, a abertura dos processos eleitorais, escolhendo a candidatura de prefeito, que até 1981 era nomeado, até 1984. O Nion mesmo foi nomeado pelo Íris. A partir de 1985 na eleição de Daniel Antônio, foi que nós voltamos a votar para prefeito. E desde a época em que voltamos a votar para prefeito, o MDB tem indicado prefeito ou vice. Então eu digo que essa experiência de não estar participando desse processo é um laboratório. É um laboratório para o partido, porque o partido precisa também entender que existem momentos e configurações políticas, configurações de eleições estaduais, de eleições municipais. E, nesse momento, o partido entendeu pela figura do então candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado, que goza de prestígio político. Jamais vimos nos últimos 20 anos um governador ter tamanho prestígio na capital.

Altair Tavares – influenciou para que o candidato fosse do partido Governador, ou as pessoas que gostam do MDB não vão sentir a necessidade, ou a diferença, de não digitar o 15?

Agenor Mariano – Olha, isso é quase que ato involuntário, se você é do MDB, seu dedo e sua mente vai preparado para digitar 15. Mas deixa eu te contar, nós temos percebido que essa depressão do 15 vai se transbordar na próxima eleição de governador, o MDB se vai ter com muito gosto de digital 15 para Daniel Villela, governador de Goiás, com o apoio do governador Ronaldo Caiado.

Altair Tavares – É só esperar?

Agenor Mariano – Essa demanda reprimida será estabelecida na eleição de 2026, mas isso é um processo natural. Quem pode se beneficiar é Leandro Villela, que é 15 em Aparecida de Goiânia. Não há de se dizer que as grandes cidades do Estado, apesar das suas independências políticas, elas não têm como não ser pensadas e analisadas num pensamento político para 2026, porque automaticamente quem estiver governando essas cidades, se tiver fazendo bons governos, se tiver entregando à população anseios e expectativas condizentes com que elas merecem, automaticamente esses prefeitos se tornam grandes cabos eleitorais dos seus candidatos a quem tiver apoio. Por isso a necessidade de entregar para essas cidades candidatos preparados, candidatos que tem condições de estar, vamos assim dizer, atendendo o anseio da cidade. E isso faz muita diferença, claro que faz, porque que faz? Porque a gente já viu que quando tem um candidato preparado, que tem compromisso, que provou um monte de qualidades, automaticamente a cidade sente e vive dias melhores, quando o mandatário por mais bem intencionado, não vou nem questionar a intenção, mas vou questionar a falta de ação, questionar a não-capacidade de execução, está presente na prefeitura, o povo sofre. Então não basta querer, a gente vê aí, assiste aí debates os candidatos até estão convictos daquilo que estão falando, mas é igual uma certa canção que diz o seguinte: “se pegar a estrada de Rio a Salvador, Porto Alegre não verás, mesmo que sincero for”. Então seguir essa sinceridade não resolve se o contexto da estrada é para Salvador, e não vai chegar em Porto Alegre, mesmo que sincero for. Não vejo muitos políticos se esforçando para transmitir para o eleitor uma certa sinceridade, que de fato ele está convicto daquilo que vai fazer.

Altair Tavares – De que forma o eleitor vai fazer essa diferença, saber identificar isso?

Agenor Mariano –  Olha, nos últimos tempos eu acredito que o eleitor está querendo, porque principalmente quando ele apanha, quando ele sofre, como ele está sofrendo agora na gestão atual em Goiânia. Ele parece querer acordar para entender um pouco o processo, mas isso ainda é algo distante.  E eu só disse uma expressão, que o eleitor de Goiânia está sofrendo como a atual gestão, mas sofrendo em quê?

Altair Tavares – O que ele quer dizer com isso?

Agenor Mariano – Olha, saindo da fala genérica e buscando a especificidade, podemos começar, por exemplo, com a maternidade Célia Câmara. O eleitor está sofrendo, com ela quando ele chega lá e estão suspensas às internações por falta de limpeza, troca de lençóis, as pessoas que cuidam desse processo estão sem receber seus salários e estão está sofrendo. Ontem mesmo eu vi o testemunho de um esposo de uma paciente internada, que há três ou quatro dias que não troca o lençol onde ela está internada. Isso aí é gravíssimo no hospital,  pode trazer proliferação de doenças infectocontagiosas. Então isso é um desrespeito.

É gravíssimo  quando você pega, por exemplo, milhares e milhares de contratos que o TCM está tendo, toda hora, de suspender a fim de que dinheiro público não saia pelo ralo, que se na melhor das hipóteses não atolam na contratação disso, a irresponsabilidade, a majoração de recursos como, por exemplo, deixar de pagar funcionários, prestador de serviço, mas ao mesmo tempo fazendo licitações milionárias com uma gestão que falta seis meses para acabar. Então são circunstâncias que mostram, por exemplo, desde um consórcio LimpaGyn, a [empresas de] programas de computador que dizem que vão chegar para resolver isso, resolver aquilo. São dezenas de processos citatórios abertos, que em flagrante ato, senão de ilegalidade, de irresponsabilidade, certo?

Porque a cidade está suja, a cidade está aí com muitas circunstâncias a serem resolvidas e a gestão, faltando seis meses para acabar, brincando de torrar milhões, ao ponto TCM estar tendo que vir impedir. Então são circunstâncias essas que mostram a imaturidade do gestor, que mostram de certa forma, o gestor inexperiente que não sabe eleger prioridades, que era o que o Iris sempre fez. Um dos segredos dos sucessos das administrações de ex-prefeito, é que ele não se deixava encantar por tudo.

Altair Tavares – O Íris recebia lá os indivíduos, as empresas que vinham, isso é muito comum

Agenor Mariano – O que o Íris Resende falava assim, tudo muito lindo, tudo muito ótimo, mas nós temos uma cidade para limpar, nós temos que cuidar é da limpeza, nós temos que reformar esses Cras, nós temos que reformar essas escolas, se a gente não  se perder nessa conversa bonita. Se o governo se perde, termina o mandato e não entrega nada que realmente é importante para a cidade. Era por isso que ele terminava suas gestões acima de 80% de aprovação. Tem um ditado popular, bastante conhecido, que diz o seguinte, dinheiro não aceita de desaforo. Então no outro dia outro indivíduo sentar numa cadeira de prefeito, e analisar que ele tem um orçamento lá de 7, 8 bilhões, e possivelmente vai ter uma arrecadação desse ano de 8,7 bilhões, e que ele vai teoricamente, porque teoricamente, o orçamento é uma coisa, a arrecadação [real] é outra. Então você monitora o comportamento da receita. O Íris fazia isso diariamente. Diariamente, o secretário de Finanças, sem exceção, tinha que prestar conta pra ele como se encontrava o caixa da Prefeitura, o saldo das contas, as contas que tinham a ser pagas, programação de pagamento dos próximos 15, 20, 30 dias, as maiores contas quais eram as maiores contas.

Ele monitorava isso com o objetivo de, em primeiro, não deixar atrasar nenhum desses pagamentos, porque ele sabia que prefeitura que atrasa, perde a credibilidade e o preço das licitações quando são feitas, vai lá pra cima, porque o indivíduo já pensa o seguinte, eu vou participar de uma licitação onde vou demorar 2, 3, 4, 5, 6 meses pra receber, então já vou embutir esse custo financeiro aqui no preço e vou disputar com esse custo. Quando o indivíduo sabe que a prefeitura paga certinho, o indivíduo consegue fazer um preço mais baixo, porque ele sabe que pelo menos ele vai receber em dia, então ele vai ter o seu fluxo de caixa resolvido.

Redação / Diário de Goiás

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