O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma às 9h desta quarta-feira (3) o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de integrantes do chamado Núcleo 1 da Ação Penal 2668, que apura a trama golpista contra a democracia brasileira. A primeira sessão, realizada nesta terça (2), foi suspensa às 18h após um dia marcado por embates jurídicos, manifestações populares e a presença do ex-presidente em frente à sua residência, em Brasília.
Em prisão domiciliar, Bolsonaro saiu à porta de casa, no condomínio Solar de Brasília, no fim da manhã e disse apenas: “Estou acompanhando”, em referência à transmissão ao vivo feita pela Primeira Turma do STF. Ele estava acompanhado dos filhos Carlos e Jair Renan, ambos vereadores. Do lado de fora do condomínio, apoiadores e críticos protagonizaram uma confusão, que envolveu até o uso de um boneco apelidado de “Bolsoleco”.
Acusação aponta provas robustas
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, abriu a sessão defendendo a procedência da denúncia contra os réus. Segundo ele, a organização criminosa liderada por Bolsonaro teria atuado entre 2021 e 2023 com o objetivo de romper a ordem democrática e impedir a alternância de poder.
A acusação destaca que o grupo documentou parte das etapas do plano, com registros digitais, discursos prontos, planilhas e mensagens. Entre os esquemas revelados está o chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa até assassinatos por envenenamento, monitoramento de autoridades e uso de armamento pesado.
Ataques às instituições
Gonet reforçou que o grupo investiu em ataques sistemáticos ao STF e ao TSE para enfraquecer os órgãos de controle e desacreditar o sistema eleitoral. “Essas instituições são essenciais para o equilíbrio democrático e funcionam como guardiãs dos valores constitucionais permanentes”, afirmou.
A Polícia Federal confirmou a maior parte dos fatos de forma independente, mas o procurador destacou a importância da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, para aprofundar a investigação.
Defesa questiona acusações
Durante a tarde, os ministros ouviram os advogados dos réus, que contestaram os argumentos da Procuradoria-Geral da República e pediram a absolvição. O advogado Celso Vilardi, que defende Bolsonaro, afirmou que o ex-presidente desejava acompanhar a sessão presencialmente, mas teria sido impedido por questões de saúde.
Próximos passos
O julgamento segue nesta quarta-feira, com transmissão ao vivo pelo STF. A expectativa é que os votos dos ministros comecem a ser apresentados após a conclusão das sustentações orais das defesas.
Leia mais sobre: Bolsonaro / Julgamento / STF / Trama golpista / Cidades / Política

