Os mesmos que outrora comemoraram uma eleição com 70% da preferência dos anapolinos, agora encontram motivos para celebrar a superação do índice de rejeição na cidade. A equipe do governador Marconi Perillo (PSDB) se orgulha em divulgar a classificação de um governo como “mediano”. É a louvação da mediocridade.

Publicidade

 

Publicidade

Anápolis, que foi protagonista nas vitórias de Marconi, com votações expressivas e decisivas – já que é a terceira maior cidade do Estado –, hoje revela um índice de aprovação de 38,1%. Um número inferior à metade dos eleitores que elegeram Marconi em 1998, quando sua votação foi a menor na cidade, e até os dias atuais, e praticamente equivalente aos índices de avaliação da gestão como regular.

Publicidade

Segundo os dados da pesquisa Serpes, 5,7% dos eleitores de Anápolis consideram o atual governo como ótimo e 32,4% como bom. Para 33,8% dos anapolinos, a administração é regular. 10,1% dos entrevistados a classificam como ruim e 11,5% como péssima. Ou seja, o péssimo é quase o dobro do ótimo e o maior número é de regular. Há mesmo motivos para se comemorar?

Vamos ao histórico do governador no município:

Publicidade

Na primeira eleição do tucano, Anápolis, com sede de mudança, deu ao novo candidato (contra Iris Rezende, do PMDB) 70% dos votos. Começou aqui uma história de amor.

Dois anos depois de sua posse, no primeiro semestre de 2001, o então pré-candidato do PMDB, Maguito Vilela, já demonstrava liderança nas pesquisas eleitorais. Os anapolinos reagiram e garantiram a reeleição do governador com quase 80% dos votos na cidade.

Em 2006, nas eleições para o Senado, o governador conquistou uma votação histórica, com 90% da preferência em Anápolis. Quatro anos depois, no novo embate contra Iris Rezende, a situação não foi diferente. Os eleitores anapolinos saíram na frente e entregaram de presente um terceiro mandato para o governador. Mais de 70% dos votos para Marconi Perillo no segundo turno, com a prefeitura nas mãos de um petista.

Durante todo este período, apesar do amor dos anapolinos pelo governador, a recíproca não pareceu ser tão verdadeira. Marconi passou todo esse tempo mais no mundo das ideias (ou promessas) que no da geometria (ou prática).

O tucano prometeu o centro de convenções, a plataforma multimodal, o aeroporto de cargas, a fábrica de aviões… Só prometeu. Nenhuma dessas obras saiu da boca para chegar na caneta no governador.

Marconi tentou também capitalizar os feitos de outros. Em seus discursos, disse ter sido o responsável pela revitalização das Avenidas Brasil Sul e duplicação da Avenida Pedro Ludovico.

Aos fatos:

Quem concluiu as obras da Brasil Sul foi o ex-governador Alcides Rodrigues (PP), e a duplicação da Pedro Ludovico – que era uma obra com orçamento previsto para o convênio entre prefeitura municipal e governo do Estado – sobrou para o prefeito Antônio Gomide (PT).

Misteriosamente o recurso estadual para as obras da Avenida Pedro Ludovico sumiu. A prefeitura foi obrigada a arcar com os custos da duplicação.

Na infraestrutura de Anápolis, Marconi não tem méritos. Em seus governos, a cidade praticamente não recebeu investimentos estaduais em saneamento básico e asfalto.

Apesar dos discursos e promessas, quem revitalizou todo o asfalto do DAIA, iniciou as obras do Aeroporto de Cargas, licitou as obras do Anel Viário e garantiu parcerias com a prefeitura da cidade foi Alcides Rodrigues.

Por outro lado, Marconi esteve presente na cidade. Participou de todas as solenidades políticas e velórios de antigos parceiros. O governador também foi solidário a alguns empresários locais, emprestando grandes serviços do Executivo estadual.

O governador ainda posou para todas as fotos com o governo Federal na cidade. Fez um verdadeiro ensaio com as obras alheias.

De prático, neste terceiro mandato, Marconi Perillo paralisou as obras do Aeroporto de Cargas e do Anel Viário do DAIA. São duas novas oportunidades de reinauguração com sua foto cortando a fita. São? Seriam…

Pode ser aqui o início do término deste romance entre Marconi Perillo e os eleitores anapolinos que, na realidade, nunca passaram de coadjuvantes na gestão tucana. 

Publicidade