Curitiba – A prisão do ex-diretor de Internacional da Petrobrás Jorge Zelada, na 15ª fase da Operação Lava Jato, reforça os indícios de que o esquema de corrupção envolvendo obras de refinarias da estatal foi reproduzido em contratos de plataformas, embarcações e navios-sonda – mercado aquecido a partir de 2007 após a descoberta do pré-sal.
Dois novos personagens dessa frente de apuração são Hamylton Padilha e Raul Schmidt, investigados pela força-tarefa da Lava Jato como elos da propina paga a Zelada. Ambos foram representantes de empresas internacionais contratadas pela Petrobrás e podem estar envolvidos com a fortuna de 11 milhões de Zelada descoberta em contas secretas no exterior.
Hamylton Padilha é apontado como representante de empresas internacionais no Brasil vencedoras de dois contratos da Diretoria de Internacional, em 2008 e 2009. Raul Schmidt é ex-diretor de uma subsidiária da Petrobrás e sócio de Zelada.
Único preso na mais recente fase da Lava Jato, Zelada é suspeito de ter dado continuidade entre 2008 e 2012 ao esquema de cobrança de propinas na área de Internacional – ele sucedeu a Nestor Cerveró, que está preso e é réu na Lava Jato sob acusação de corrupção passiva e lavagem – ele é suspeito de ter recebido US$ 30 milhões em propina em contratos de dois navios-sonda, em 2006 e 2007.
Com Cerveró fora da Petrobrás em 2008, foi Zelada quem fechou a contratação dos outros dois navios-sonda que faziam parte do projeto iniciado pelo antecessor. As licitações desses dois navios-sonda restantes foram vencidas pelas empresas Pride International e Vantage Deepwater Company, que tinham como representante nas negociações com a Petrobrás Hamylton Padilha. No caso do primeiro contrato com a Pride, a Procuradoria registra que “auditoria da Petrobrás” detectou “superfaturamento de US$ 118 milhões”. No segundo contrato, de 2009, com a Vantage, fala em “inúmeras irregularidades”. O prejuízo apontado foi de US$ 14,5 milhões.
Schmidt é sócio de Zelada desde 2010 na TVP Solar Brasil. “Há indicativos de que a parceria entre Raul Schmidt e Jorge Zelada é utilizada para lavagem de dinheiro obtido ilicitamente por intermédio de contratos com a Petrobrás”, diz a Procuradoria.
Schmidt informou, por meio de seu advogado Leonardo Muniz, que “a única relação comercial” que tem com Zelada é na TVP e que todas suas transações financeiras foram legais. Hamylton Padilha não respondeu ao Estado. O criminalista Eduardo de Moraes, que defende Zelada, classificou de “desnecessária” a prisão do ex-diretor e negou ilegalidades por parte de seu cliente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Estadão Conteúdo)
Leia mais sobre: Brasil