Brasília – A presidente Dilma Rousseff classificou de “absurdo” o volume de dinheiro desviado da Petrobras declarado até agora por alguns funcionários da estatal. Dilma afirmou que espera a contabilidade final da corrupção para que a empresa possa declarar os desvios como prejuízo. Essa seria a razão do atual conselho de Administração ter decidido adiar a publicação do balanço deste ano.
“É de todo oportuno que se saiba o teor das delações premiadas. Se não soubermos o volume indevidamente retirados dos cofres da Petrobras não temos como fazer o balanço. Precisamos saber disso porque vamos ter que dar baixa. Nós vamos ter que lançar como prejuízo”, explicou.
A presidente afirmou que o pedido já foi feito ao Ministério Público, mas o governo não recebeu resposta. “Eles falaram que vão fazê-lo em algum momento, quando informarem a todo o País. Nós estamos esperando”, disse.
Ao ser indagada sobre como a empresa faria, já que a investigação pode levar anos, Dilma respondeu que o processo “não pode demorar anos sob pena de comprometer o País”. “Se investiga e se pune com celeridade porque o princípio da impunidade é demorar anos. Essa é a prática no Brasil. Quando se vai punir todo mundo esqueceu. Nós não queremos mais isso. E eu não estou achando que vai demorar anos. Tenho essa visão otimista”, afirmou.
Porto de Mariel
A presidente classificou também de “ridículo” o fato de, agora, a construção do Porto de Mariel em Cuba estar sendo considerada positiva, após a retomada das relações diplomáticas do país com os EUA. A obra foi alvo de críticas por ter recebido empréstimo do governo brasileiro. “Agora que os EUA reconheceram (Cuba), parece que eles sancionaram também a legalidade do nosso empréstimo. É ridículo isso, gente, vocês me desculpem. Mas é ridículo não ser capaz de ter autonomia num País desta envergadura. Nós emprestamos porque a melhor forma de relacionar com Cuba não é o bloqueio, é o investimento. Agora que o porto é mais perto da Flórida, ficou um ‘must’ “, afirmou, usando uma expressão em inglês popularizada em uma novela, indicando algo “muito bom”.
O governo brasileiro financiou o porto por meio de um empréstimo do BNDES. A justificativa é que, além do porto, ali será feita uma zona franca onde empresas brasileiras, especialmente de biotecnologia e medicamentos, estão se instalando. O financiamento foi tratado, durante a campanha, como um exemplo do Brasil financiando o governo cubano, agravado pelo fato dos valores do financiamento serem mantidos em sigilo.
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