Se tem algo que o goianiense não pode reclamar este ano é de ter passado frio. Esse é um pensamento um pouco otimista para quem passou tanto calor em 2019. Afinal das contas, foram exatos 130 dias sem chuva. O período de seca foi um dos maiores nos últimos anos e quando caíram os primeiros pingos de chuva no dia 25 de setembro não deixou de ser uma baita de uma notícia em um lugar que não se via chuva desde 18 de maio. 18 semanas e 4 dias; 4 meses e 7 dias; aproximadamente 187200 minutos sem chuvas. Foi o tempo que Goiânia ficou em seca.
A animação com a chuva foi tanta que a matéria que dizia sobre previsão de chuva para o dia 24 de setembro (erraram por um dia), rendeu mais de 23 mil visualizações na página do Diário de Goiás. É claro, a chuva vem e com ela alguns estragos. Congestionamentos nas principais vias da cidade, quedas de árvore e alguns pontos de alagamentos.
No entanto, a falta de chuva promoveu uma articulação gigantesca em órgãos do governo que ligaram o sinal de alerta com relação à seca para os próximos anos. A Secretaria do Meio Ambiente (Semad) impôs restrições de captação e uso da água em propriedades na Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte e fizeram parte da Operação de Enfrentamento da Crise Hídrica em 2019 por parte do Governo de Goiás. As restrições foram revogadas apenas no último dia 11 de dezembro.
Restrições
Durante a mobilização para evitar o racionamento de água em Goiânia e região metropolitana, o Governo de Goiás determinou que produtores rurais reduzissem em 50% a captação de água outorgada, além de vincular horários de irrigação com a vazão média registrada no dia. Assim, caso a vazão estivesse acima de 2.300 l/s, os produtores podiam irrigar das 19h às 3h. Entre 1.800 l/s e 2.300 l/s, o horário ficou restrito ao período entre 19h e meia-noite ou 22h e 3h, conforme opção do usuário. Caso a vazão estivesse entre 1.300 l/s e 1.800 l/s, a irrigação poderia ser feita entre 20h e 23h ou 23h e 2h. Se o volume registrado fosse abaixo dos 1.300 l/s, ficava suspensa o uso da água para irrigação.
Segundo a secretária Andréa Vulcanis, o retorno das atividades normais no campo dependia da solidificação do tempo chuvoso. “Tivemos precipitações irregulares em novembro, em comparação com anos anteriores, de modo que preferimos a cautela até que as chuvas se estabelecesse de forma mais firme”, aponta. “Com a média da vazão se mantendo acima dos 6 mil litros por segundo desde a semana passada, decidimos liberar a captação e o uso normal da água na bacia”, completa.
Futuro
Segundo a Semad, a volta às atividades normais no campo, no entanto, não significou o fim da mobilização da Secretaria em torno da gestão hídrica. Para o ano de 2020, segundo Andréa Vulcanis, o planejamento já começou. “Iniciamos as reuniões dos comitês das bacias, inclusive as que tiveram eleições recentemente, levantando ideias e estabelecendo cenários nas mais diversas regiões do Estado”, afirma. “No Meia Ponte, temos o projeto de recuperação da bacia bastante avançado, bem como estratégias de curto prazo”, pontua a secretária.
Segundo a titular da Semad, a pasta já encaminha o cadastramento de barramentos privados na Bacia do Meia Ponte, no total de quase 70, e solicitou à Saneago que promova contratos com os proprietários rurais para verificar a vazão de fundo, a descarga lateral e como será administrado o volume de água armazenado.
A Semad também abriu consulta pública, até o próximo dia 17 de dezembro, sobre a instrução normativa que define critérios para a instalação de sistema de monitoramento de volumes captados em corpos hídricos no Estado de Goiás. O texto estabelece que usuários de recursos hídricos com uma ou mais captações em sua propriedade, que totalizem uma vazão máxima instantânea igual ou superior a 5 litros por segundo, deverão instalar um sistema de monitoramento volumétrico em cada uma das captações.
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