26 de dezembro de 2024
Política

Vilmar Rocha ocupa o espaço para candidatura e lança previsão sobre CPMI do Cachoeira

Em entrevista ao Tribuna do Planalto, o secretário da casa civil do governo de Goiás e presidente do PSD/GO, Vilmar Rocha, dá o recado sobre o espaço que quer ocupar na base marconista para a disputa eleitoral de 2014. Ele espera que o relatório da Comissão Parlamentar Mista do Cachoeira seja rejeitado, esta semana.

LEIA TRECHO DA ENTREVISTA:

tRIBUNA DO PLANALTO: Ser candidato ao Senado é realmente o projeto do sr.?

É o meu projeto ser candidato a senador. Normalmente, faltando ainda um ano e tanto para a eleição, as pessoas ficam cautelosas, mas eu estou fazendo diferente. Já disse ao próprio PSD e fui muito bem aceito e a todos os companheiros da base aliada que o meu projeto é ser candidato a senador. E, modéstia à parte, eu acho que tenho perfil, experiência, história, tenho um nome conhecido e, graças a deus, é um nome limpo. Eu acho que estou preparado. Claro que eu sei que até 2014 muita coisa ainda vai acontecer, mas eu estou firme nesse projeto e não tenho medo.

O que o governo prepara para os dois próximos anos?
Para 2013 e 2014, em termos de obras, nós temos um volume muito grande para mostrar, com destaque para o setor rodoviário. Vamos refazer 4.400 quilômetros de estrada e, agora no fim do ano, o governador deve inaugurar várias no interior. E temos também o empréstimo do BNDES para concluir e começar 60 novos trechos de rodovias estaduais. Com relação aos Credeqs (Centro de Recuperação de Dependentes Químicos) e ao Hospital da região noroeste, estamos em uma fase mais difícil, que é definir os terrenos. Em 2013 e 2014, o governo vai manter um foco que sempre foi os dos outros governos do Marconi, que é a área social. Nós não vamos perder essa marca. Na área da educação, resolvemos os problemas salariais com os professores e temos uma série de projetos e programas que serão implantados em 2013 e 2014. Na saúde, foi criado um grupo de tarefa que se reunia semanalmente com o governador e superamos a crise com duas medidas estruturalmente fortes – a transferência da gestão dos grandes hospitais públicos para OSs e a a criação do Fundo Estadual de Saúde, que tem recurso, reduziu a burocracia e deu agilidade. Portanto, a área da saúde está superada. Agora, nós do governo estamos enfrentando o problema da área de segurança. Há um conjunto de matérias na Assembleia que deverão ser aprovadas e que vão melhorar demais o desempenho da área da segurança pública. E, agora, através de recursos do PAI [Programa de Ação Integrada de Desenvolvimento], temos quatro eixos para trabalhar na área social em 2014. Pessoas com deficiência, que estou coordenando e foi lançado na segunda, 3, que é um enorme conjunto de medidas para favorecer as pessoas com deficiência. Segundo eixo é o da criança e adolescente, o terceiro é o dos idosos e o quarto é o problema das drogas. Estamos animados, confiantes e acreditamos que teremos sucesso e, de novo, teremos vitória em 2014.
Considerando o período das chuvas, o governo vai ter pouco tempo para concluir obras. Isso não é um complicador?
Vamos começar pelo setor rodoviário. Com relação à reconstrução já concluímos 2 mil quilômetros e vamos concluir outros 2 mil em 2013 e 2014. Já está tudo encaminhado. Licitações e tudo mais. Com relação ao dinheiro do BNDES, existem três situações: a primeira diz respeito a obras que já estavam em andamento, já eram contratadas e que estavam paralisadas por falta de recursos. Essas já podem começar agora. O segundo bloco é formado por obras que têm projetos, mas não foram nem licitadas e nem contratadas. Então, vamos aproveitar dezembro, janeiro e fevereiro para agilizar o processo de licitação e contratação e em março, abril iniciar essas obras. Então dá tempo.

 

VILMAR ROCHA, sec. da casa civil do governo de Goiás

“Eu espero que esse relatório (CPMI do Cachoeira) seja rejeitado, porque ele já está completamente desmoralizado”

Algumas pessoas da oposição criticam o fato de o governo estar trabalhando essas obras e a verba das mesmas ser do governo federal. Como o sr. vê isso?
Não é verba do governo federal. É empréstimo. O governo de Goiás tomou o empréstimo e vai ter que pagar esse empréstimo. São condições especiais, porque são sete anos de carência e depois muitos anos para pagar, mas não é verba do governo federal. É empréstimo.

Com relação a esse empréstimo, não há um temor de que o Estado fique muito endividado no futuro?
Não. Esse processo é no Brasil todo. Como são sete anos de carência e um prazo longo para pagar, os governos futuros terão muitos mecanismos para pagar isso. Com o crescimento da própria arrecadação e também pode renegociar no futuro ou fazer novos empréstimos. Então, isso não conspira contra o futuro das contas públicas não. E há outras formas. Há uma forte reivindicação de governadores da renegociação das dívidas dos Estados com a União, para baixar os juros e fazer correções nestes empréstimos.

O primeiro ano do governo foi de ajustes financeiros. O segundo teve esse problema da Operação Monte Carlo. O sr. acha que já passaram as dificuldades, ou ainda há um temor?
Acho que já passaram e não há temor. A equipe está entrosada e trabalhando. Os projetos estão em andamento e já passaram essas dificuldades. Com relação a Operação Monte Carlo, nós todos aqui fizemos um imenso esforço para que a Operação não atrapalhasse os trabalhos do governo. E isso aconteceu. O governo continuou trabalhando normalmente sem se deixar contaminar pela Operação. Hoje, já na fase de conclusão, percebemos que a Monte Carlo foi usada politicamente para atingir o governador Marconi Perillo e outros setores que são antagônicos ao PT, inclusive a imprensa e o Ministério Público. A CPI do Cachoeira está desmoralizada e ficou claro que era uma iniciativa do Lula e do PT para soltar uma cortina de fumaça em cima das repercussões do Mensalão e para prejudicar os adversários do PT.

Esse relatório final que está para ser votado na CPMI que tem elementos contra o governador, não gera nenhum temor?
Não há temor e eu espero que esse relatório seja rejeitado, porque ele já está completamente desmoralizado. Já ficou claro para a sociedade que foi um relatório movido por interesses do PT e do Lula. Essa Operação Porto Seguro é mais grave que a Operação Cachoeira. E foi injustificável o relator indicar todo mundo e não indicar os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sergio Cabral (PMDB), além de não investigar setores do Governo Federal que tinham contratos milionários com a Delta.

O governador nunca falou se tem essa pretensão de reeleição. Se ele não for candidato, qual seria o plano B?
O plano é o governador Marconi Perillo candidato nosso à reeleição. Não existe plano B. Agora, ele tem dito que está dando prioridade para a gestão administrativa e não para campanha. E ele está certo. E nós todos estamos fazendo isso também.

Quais partidos da base aliada devem ser prioridade na aliança para 2014?
Nossa ideia é manter a base aliada tradicional. PSDB, agora o PSD, o PTB, o PP, o DEM, o PPS, o PHS, enfim, todos os partidos que integraram a base, que foi vitoriosa nas quatro últimas eleições. Então, primeira ação política é manter essa base unida. E depois se pudermos acrescentar novos nomes e partidos, ótimo.

O sr. acha que o DEM hoje está mais próximo da base do governador ou daquela terceira via com o Vanderlan Cardoso?
Bobagem. 90% do DEM nessas quatro últimas eleições ficou com a base e vai ficar. Em 2014, os três deputados estaduais estão fechados com a base, o vice-governador está identificando com a base, os prefeitos estão identificados com a base. Acredito piamente que o DEM vai estar em 2014 com a base. Essa é a minha opinião.

Um dos nomes veiculados para compor chapa do DEM é o deputado Ronaldo Caiado. Nós sabemos que há problema de relacionamento com o governador e uma disputa política com o sr. Isso impossibilitaria a sua participação?
Todo mundo sabe das minhas divergências políticas e partidárias com o deputado Ronaldo Caiado. Mas eu reconheço que ele é um bom deputado. Muito atuante e correto. É legítimo que ele tenha pretensão, como eu estou tendo. É legítima que ele tenha a pretensão de ser candidato a governador, senador ou a vice-governador.  E acho que ele deve trabalhar essa vontade como eu estou trabalhando. Cada um vai trabalhar no momento oportuno em 2014 e nós vamos ver como fecha essa conta.

Em relação ao PSD, tem surgido indícios nas últimas semanas de uma possível fusão do PTN e do PP com o PSD. Existe essa conversa realmente?
Existe. Pelos nossos levantamentos pelo Brasil existem mais de 300 prefeitos eleitos que gostariam de vir para o PSD, porque eles percebem que o partido terá um protagonismo no futuro.

A reforma do governo ficará para janeiro?
Essa questão da reforma sou suspeito para dizer, até porque sou secretário e isso é uma coisa de competência exclusiva do governador.

Que avaliação o sr. faz dos outros órgãos do governo, na condição de secretário da Casa Civil?
Eu não vou nominar. Mas a gente sabe que é real. Tem áreas que estão funcionando muito bem e outras que têm deficiências. Isso está sendo avaliado e no momento oportuno, o governador vai arbitrar o nível de reforma que pretende fazer e quais as áreas que ele tem que, ou substituir os titulares, ou exigir dos atuais um desempenho melhor para que essas áreas tenham um grau de excelência. Então vai acontecendo normalmente. E acho que esse é o melhor caminho. Você vai identificando as áreas que têm mais problemas e vai reformulando.

O sr. acha que o ex-secretário João Furtado de Segurança Pública deixou a desejar?
Eu acho que o desempenho deve ser avaliado dentro de determinadas circunstâncias. Assim como tivemos dificuldades na área da educação, na área da saúde, que são secretarias muito grandes e complexas, também tivemos dificuldades na área de segurança. O ex-secretário cumpriu seu papel e agora estamos com melhores condições de trabalho na área da segurança.

Nos bastidores se dizia que o sr. foi especulado para ir para a Cidadania. O sr. iria sem problemas ou ainda tem projetos na Casa Civil?
Isso foi especulado, mas está absolutamente descartado da minha parte. Estou satisfeito e feliz com meu trabalho na Casa Civil, que é uma secretaria “meio”. Ela não marca gol. Ela joga na defesa do governo e no meio de campo. Cria as jogadas. E é uma secretaria de assessoramento direto do governador. Eu acho que tenho contribuído efetivamente e tenho sido útil.  Nesses dois anos me dediquei em tempo integral a esse meu trabalho. Eu só saio para reassumir o meu mandato de deputado no momento em que eu e o governador discutirmos isso e julgarmos conveniente.

O sr. fala sempre que tem pretensão de sair candidato ao Senado, mas o senhor pensa em ser governador do Estado algum dia?
Não. Eu acho assim: eu tenho um perfil mais para senador do que para governador. Não tenho projetos e nem pretensões de candidatar a governador. Pelo menos em 2014.

E na sua carreira?
Bem, na minha carreira isso é possível ocorrer. Eu não posso fechar as portas e dizer que dessa água jamais beberei. Sou um político e estou em plena atuação, mas acho que eu iria fazer um bom trabalho no Senado.


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