Vídeos feitos no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, mostram o clima tenso dentro da cadeia, que registra motim pelo quarto dia seguido. No último sábado (14), a rebelião resultou na morte de 26 presos.
Em um dos vídeos, que circula por grupos de policiais, um homem que se apresenta como agente de segurança mostra, aparentemente de uma das guaritas, o presídio dividido em dois, com os presos do PCC (Primeiro Comando da Capital) de um lado e os do Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, do outro. Uma rivalidade entre os dois grupos seria a razão do motim.
O homem que faz as imagens chega a dizer que os dois grupos “estão soltos” e que um confronto entre eles está prestes a acontecer. “A Polícia Militar está no meio. De vez em quando a gente atira pra não deixar acontecer o confronto, por que se tiver o confronto será morte demais”, afirma o policial que faz a gravação.
No outro vídeo, um preso que afirma ser ligado ao Sindicato do Crime diz que o grupo acabou de tomar o pavilhão três -ele diz que já estavam no controle dos pavilhões 1 e 2- e faz ameaça aos detentos ligados ao PCC. “A gente está pronto pra guerra, doido pra arrancar cabeça de PCC, e vamos conseguir”, afirma.
A maioria dos mortos no massacre ocorrido na cadeia no último sábado pertence ao Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, facção criminosa que domina a maioria dos presídios do Estado. O Sindicato é uma dissidência do PCC surgida por volta de 2012 da qual todas vítimas faziam parte.
Mais cedo, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), afirmou que a rebelião é uma represália da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) ao massacre ocorrido em Manaus no início do ano.
MORTES
A matança ocorrida é mais um capítulo da crise penitenciária no país: é o terceiro massacre em presídios em apenas 15 dias. No total, 134 detentos já foram assassinados somente neste ano, 36% do total do ano passado, quando 372 presos foram mortos.
No dia 1º, 59 presos foram mortos no Compaj, após motim que durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na UPP (Unidade Prisional de Puraquequara), também em Manaus. Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos.
No dia 4 de janeiro, dois presos foram mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no sertão da Paraíba. Dois dias depois, 33 presos foram mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista.Na tarde da última quinta (12), dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, conhecida como Cadeião, em Maceió (AL). O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL). Jonathan Marques Tavares e Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e 2 da cadeia, respectivamente.
No mesmo dia, dois presos foram mortos em São Paulo, na Penitenciária de Tupi Paulista (a 561 km da capital paulista). A Secretaria da Administração Penitenciária informou que eles morreram durante uma briga em uma das celas.Neste domingo (15), uma fuga na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná, deixou dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora, um muro da penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela reportagem.
Já no Rio Grande do Norte, 26 detentos foram mortos, no sábado (14), na Penitenciária de Alcaçuz, região metropolitana de Natal (RN). A situação continua tensa no presídio nesta terça (17), com presos amotinados.
(FOLHAPRES)
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