Um preso bate com uma faca na primeira das cinco cabeças decapitadas que estão sobre uma poça de sangue no pátio do maior presídio de Manaus, a capital do Amazonas. “Esse aqui é o Bruninho. PCC”, começa a narrar o detento do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj).
Uma ao lado da outra, as cabeças são expostas para que seja feito um vídeo. As imagens são chocantes e expõe a realidade do sistema carcerário brasileiro, hoje com mais de 600 mil pessoas atrás das grades.
A reportagem teve acesso a três vídeos feitos pelos próprios detentos. Autoridades locais confirmaram serem imagens do confronto desta semana na maior matança em presídios brasileiros desde o massacre do Carandiru, em 1992.
Um confronto entre facções criminosas no complexo entre este domingo e segunda-feira (2) deixou 56 presos mortos. A maioria dos mortos é do PCC, o Primeiro Comando da Capital, após confronto com a facção Família do Norte.
Os celulares miram sempre o chão e quase não mostram os presos sobreviventes e que comemoram a matança. O foco está nos mortos, em partes de corpos e cabeças dos inimigos mortos. O tom das conversas é de comemoração, e os decapitados são uma espécie de troféu em meio à barbárie.
“Esse é o Moicano, engraçadinho. Olha a cara do Edinho. Olha o Tatu. Tudo PCC”, continua o preso, que usa luvas cirúrgica. “Tudo PCC. Essa é a reposta que a gente dá pra safado”, reponde outro detento.
Em outro vídeo, de seis segundos, dois detentos cortam uma cabeça uma faca, aos gritos de comemoração e assobios de outros presos.
Na terceira gravação, um homem se aproxima de um carrinho de carga onde estão amontoados partes de corpos de detentos mortos na rebelião. Depois, ele caminha para outro lado, onde seis corpos estão no chão.
Folhapress
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