17 de novembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:44

Vídeo mostra interior de presídio de Bauru destruído por rebelião

(Foto: Denise Guimarães/Futura Press/Folhapress)
(Foto: Denise Guimarães/Futura Press/Folhapress)

Um vídeo feito no interior do CPP-3 (Centro de Progressão Penitenciária Professor Noé Azevedo), em Bauru, mostra como ficou o prédio após rebelião ocorrida na última terça-feira (24).

Nas imagens, gravadas logo após o motim, é possível ver que o local ficou em ruínas e precisará ser totalmente reconstruído. Os alojamentos foram destruídos, além de parte das instalações onde os presos estudavam. As imagens foram exibidas pela Record.

A seção de engenharia da SAP (Secretaria das Administrações Penitenciárias) já vistoriou a penitenciária, mas não divulgou o prejuízo e se o prédio poderá ser reconstruído ou se terá que ser demolido.

Agentes penitenciários temem que aconteça uma nova rebelião no local, uma vez que os 600 presos que ficaram na unidade depois da rebelião estariam em um prédio pequeno, onde a capacidade seria para apenas 50 pessoas. Além disso, os agentes denunciam precárias condições de trabalho.

O prédio tinha 1.412 detentos na hora da rebelião, sendo que a capacidade é de 1.100. Os presos colocaram fogo em colchões e fugiram em massa. Segundo dados da Secretaria, 152 internos escaparam –destes, 115 já foram capturados. O restante dos presos foi transferido para outros centros penitenciários.

O movimento levou pânico a Bauru. Serviços públicos ficaram suspensos durante boa parte da terça, escolas fecharam e o comércio central também baixou as portas.

Duas ocorrências durante a semana envolveram presos que fugiram. Na noite de quinta-feira (26), um foragido participou de um roubo a uma casa em um condomínio fechado. Já na sexta-feira (27), um preso que fugiu na rebelião foi preso após participar de um roubo a um supermercado. No dia da fuga, outro havia sido detido em flagrante após roubar um carro nas imediações do presídio.

Denúncias

Um agente penitenciário que estava de plantão no momento da rebelião afirmou que a confusão começou depois que agentes e um diretor do presídio fizeram uma revista no alojamento dos presos, o que irritou os detentos. Segundo ele, a diretoria teria ameaçado retirar saídas temporárias. De acordo com a SAP, a Polícia Civil e a Polícia Militar, a rebelião começou após um celular ser apreendido por um agente.

Além disso, o agente ouvido afirmou que o CPP-3 “sempre teve as piores condições possíveis”, com vazamentos, infiltrações, umidade e animais peçonhentos.

O agente afirmou que os plantões das unidades de Bauru sempre têm número reduzido de funcionários para controlar os presos.

A Polícia Civil concluiu o inquérito que investigou os dez detentos apontados como líderes da rebelião. Segundo o delegado Kléber Granja, todos já estão presos preventivamente e vão responder por crimes como motim qualificado, dano ao patrimônio público, incêndio e tentativa de cárcere privado.

Todos os que fugiram ou participaram da rebelião perderam o direito ao regime semiaberto. Ainda de acordo com a polícia, a investigação segue para identificar outros detentos que participaram da destruição do prédio. As visitas dos detentos do semiaberto do CPP-3 foram suspensas neste fim de semana.

Em nota, a SAP informou que “todas as unidades da pasta operam dentro das normas de disciplina e segurança”. A Secretaria negou que os internos estejam em local impróprio. “Estão mantidos em local amplo e compatível, cuja estrutura predial não foi atingida no incidente”.

Folhapress

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