20 de dezembro de 2024
Política • atualizado em 13/02/2020 às 00:09

Vídeo: Debate 730/Diário de Goiás entre os candidatos a prefeito de Goiânia

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Será realizado nesta quarta-feira (10) um debate entre os candidatos à Prefeitura de Goiânia, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Goiás (OAB-GO), em Goiânia. O debate será promovido pela Rádio 730 em parceria com o Diário de Goiás e será transmitido ao vivo pelo Portal 730.

A previsão é de que seja iniciado às 8h e encerrado às 10h. Até o momento, a maioria dos candidatos confirmaram presença. Apenas Iris Rezende (PMDB) e o Delegado Waldir Soares (PR) ainda não confirmaram.

As perguntas serão feitas de candidato para candidato com intermédio do jornalista e apresentador Rubens Salomão. Em seguida, será sorteado o nome de um dos candidatos para responder. O debate terá três blocos de discussão e um quarto para considerações finais.

O primeiro bloco terá perguntas de convidados e profissionais da Rádio 730. O convidado terá 45 segundos para fazer a pergunta. Já o candidato, terá um minuto e 30 segundos para responder, sem direito a réplica e tréplica.

Os outros dois blocos terão perguntas de candidato para candidatos. Desta forma, será disponibilizado 30 segundos para fazer e a resposta deverá ser dada em até um minuto e 30 segundos. A réplica terá duração de um minuto e a tréplica de 30 segundos.

No último bloco, os candidatos terão dois minutos para fazer seus comentários finais. Os candidatos que ultrapassarem o limite de tempo terão o áudio cortado. Além disso, os que desrespeitarem as regras do debate ou falarem fora de hora serão repreendidos.

Os candidatos a prefeito de Goiânia são: Flávio Sofiati (PSOL), Djalma Araújo (Rede), Delegado Waldir Soares (PR), Vanderlan Cardoso (PSB), Francisco Júnior (PSD), Alexandre Magalhães (PSDC), Adriana Accorsi (PT) e Iris Rezende. 


Confira a transcrição na íntegra do segundo e terceiro blocos:

 

Segundo Bloco

Djalma Araújo: Você tem falado que vai dar continuidade à administração do prefeito Paulo Garcia. Quais são os pontos que você vai dar continuidade?

Adriana Accorsi: Sou candidata de Goiânia, de seis partidos e faço parte do Partido dos Trabalhadores que teve três administrações em Goiânia. A principal referência para mim é do meu pai, Darci Accorsi. Realmente, eu acredito que todo administrador deve seguir as ações e projetos que são aprovados e são necessários à população, independente de partido. Espero ser eu a primeira prefeita, mas aquele que ganhar, que continue as ações e projetos que são aprovados pela população, como os corredores exclusivos, como os parques, como a construção de Cmeis, como a construção de quadras poliesportivas, como as ciclovias, ciclorotas e ciclofaixas em toda a cidade, inclusive na periferia, que é projeto nosso, como a contribuição na Segurança Pública, que Goiânia tem hoje a Guarda Civil Metropolitana mais capacitada do Brasil, uma das mais estruturadas. Nós vamos seguir estruturando. Ela foi armada nesta administração por minha sugestão, com meu auxílio inclusive como delegada. É uma das Guardas que está fazendo todos os cursos necessários inclusive que são orientados pela Polícia Federal, mas principalmente, vamos seguir e ampliar de uma forma muito maior o trabalho social. Uma cidade em que as pessoas sejam, de fato, bem cuidadas, em que nós tenhamos a inclusão das crianças e adolescentes, pessoas em situação de rua e idosas.

Djalma Araújo: Nós temos hoje 20 mil crianças fora do Cmei. Seu prefeito prometeu 81 Cmeis em Goiânia. Fez um viaduto e gastou mais de R$ 10 milhões. A cidade hoje está abandonada, faltam até medicamentos nos postos de saúde. Como você vai dar continuidade em uma administração dessa? Porque você assumiu a secretaria de Defesa Social para ser deputada estadual e não fez nada para a segurança. Gostaria de perguntar: qual é realmente o seu projeto para a segurança? Você não convenceu em sua resposta. OS hoje, sabe quanto a prefeitura gasta só com OS nos últimos cinco anos? R$ 90 milhões com o Teleconsulta. Então, Adriana, é necessário que você seja mais contundente com a sociedade goianiense, que quer respostas. As pessoas estão na fila dos postos de saúde querendo uma consulta e gasta com Teleconsulta R$ 90 milhões.

Adriana Accorsi: Como já coloquei, eu quero seguir com o que já foi feito de bom nessa cidade pelas administrações anteriores, inclusive a administração que acontece hoje. A nossa proposta é administrar para toda a cidade, seguir com o que foi feito de bom. A construção de 38 Cmeis não foi suficiente, mas foi a maior construção na história de Goiânia. Nós seguiremos com o objetivo de nenhuma criança fora da escola. Os dados nos dizem, inclusive dos Conselhos Tutelares, que são 5.200 vagas necessárias na educação infantil.

Adriana Accorsi: Eu, como servidora pública de carreira, entendo que um dos caminhos para o serviço público de qualidade é a valorização, o tratamento respeitoso e de diálogo com o servidor público. Acredito que é essencial que nós tenhamos políticas de dignidade para os trabalhadores e trabalhadoras que atuam servindo à população. O senhor, como empresário, qual sua política para os servidores públicos?

Vanderlan Cardoso: Eu tenho não somente minha carreira como empresário, também como homem público, e eu vou responder como homem público. A valorização dos servidores não passa simplesmente por salários. Eu, quando prefeito de Senador Canedo, nunca dei aumento menor, a Data-Base menor que a inflação, sempre maior que a inflação. Quando assumimos, os professores tinham direito à titularidade, progressão e não eram dados para eles. Foi dado durante nosso governo. Da mesma forma, nós vamos fazer aqui em Goiânia. A valorização do servidor passa: primeiro, por um salário digno, justo, mas também por equipamentos, ferramentas. Não adianta ter condições de o professor ganhar bem se a escola está caindo aos pedaços. Não adianta o servidor ir para rua para limpar e não ter equipamento, não ter o mínimo para ele. Esses dias eu encontrei um servidor da Comurg que tinha comprado uma inchada para levar para o trabalho, e tinha que levar de volta porque no outro dia precisava dela. Então, simplesmente valorização, muitos acham que o servidor só quer salário. Não. Ele quer tratamento digno, mas acima de tudo que quem está à frente da administração, com a caneta na mão dê exemplo, que não seja corrupto, que não esteja envolvido em escândalos, como vem acontecendo hoje.

Adriana Accorsi: Da mesma forma que realizei como gestora e como chefe da Polícia Civil do Estado de Goiás, nós entendemos que a valorização do servidor público, como eu disse, é o caminho para que os trabalhadores e trabalhadoras possam servir à sociedade. Queremos seguir uma política que está sendo feita hoje de pagar em dia, no mês trabalhado. Pagar a Data-Base do servidor público de Goiânia que foi aprovada pela Câmara Municipal, e está sendo paga em três vezes. Mas está sendo paga. De ter o piso 13% acima do piso nacional para os professores. Mas precisamos fazer muito mais: Goiânia precisa de planos de cargos e salários para todos os servidores, para todas as categorias de servidores, para que eles possam ter uma perspectiva de seguir crescendo em sua profissão, que escolheram, assim como eu, de servir à sociedade, que é tão digna e tem que ter o respeito do administrador.

Vanderlan Cardoso: O pagamento em dia é obrigação de qualquer governante que tem dever de casa, que tem gestão, planejamento. A Data-Base é a mesma coisa. Isso não é mérito de ninguém, é obrigação daqueles que se propõem a candidatar à Prefeitura. Então, o servidor público sabe que tem esses direitos. Agora, ele sabe também que tem que ser condições de ir para o trabalho.

Vanderlan Cardoso: Goiânia tem hoje milhares de crianças precisando de vagas em creches. Qual é o projeto que o senhor tem para resolver de imediato essa falta de vagas?

Francisco Júnior: Nós temos que ter uma resposta para essa situação a curto, médio e longo prazo. A curto prazo, precisamos aumentar o potencial das que existem aí, tanto dos Cmeis que existem e também das creches, e de forma especial promovendo uma grande parceria, aliança com as entidades filantrópicas, que são na verdade, o terceiro setor, que cuidam da cidade de Goiânia. Então, é fundamental que a gente possa refazer os repasses em dia. Hoje tem uma situação estranha em Goiânia: há recursos federais, que são repassados com seis meses de atraso, inclusive criando uma situação de prestação de contas muito curiosa, muito estranha na cidade. Nós sabemos que quando a entidade filantrópica é séria, respeitada, colabora com o poder público, ela consegue fazer a custos e preços muito mais em conta. É impressionante. Há estudos que dizem que conseguem fazer o mesmo papel, com o mesmo tanto de vagas, gastando de 30% a 40% do que a Prefeitura hoje gasta. Então, é fundamental que façamos isso, a curto prazo, parcerias com entidades filantrópicas. A médio prazo, investimentos inclusive podendo envolver PPPs, como o Conselho Municipal de Urbanismo da Cidade, nós podemos, por exemplo, usar recursos da outorga onerosa, são recursos do município que não estão sendo usados para fortalecer o investimento em educação. E o próprio recurso do Ministério da Educação e do próprio município dentro de um planejamento, a médio e longo prazo, conseguiremos, acredito, em muito pouco prazo atender a grande demanda que tem em Goiânia.

Vanderlan Cardoso: Quero parabenizar o senhor porque nós sabemos que construção de creches é um projeto a médio e longo prazo, e foi falado nesta administração que construíram 38 creches. Isso não é verdade. Foram prometidas 88 e só entregaram 12. Podem ter algumas em construção, mas só foram entregues 12. E o projeto a curtíssimo prazo é essas parcerias que você acabou de falar, com as entidades filantrópicas. Mas eu vou mais além: hoje já existem várias creches particulares que já têm seu custo fixo. Nós vamos comprar parte desse serviço pelo preço justo. Vou mais além ainda: você falou entre 30% e 40%, o custo vai ser, com certeza, em torno de 60% a menos do que é gasto hoje. Então, isso é curtíssimo prazo. Agora, a médio e longo prazo, vamos investir em construções das creches e entregar à nossa população.

Francisco Júnior: Outra situação que está envolvida é que nós precisamos ter um redesenho do transporte infantil em Goiânia. Porque, muitas vezes, nós podemos potencializar a questão da creche, do Cmei avaliando a condição da criança chegar até lá. Muitas mães não têm condição de fazer o deslocamento e deixar a criança. Até que se construa um novo Cmei, é pior ainda. É fundamental que também se invista na capacidade de deslocamento, de fazer com que a mãe tenha condição de levar e buscar a criança.

Francisco Júnior: Percebemos que um tema que participa de todas as rodas de discussão política é meio ambiente: o que fazer para melhorar o meio ambiente nos grandes centros, na região metropolitana das capitais. Percebemos que Goiânia tem uma situação curiosa: hoje, no lugar de se plantar, cortam árvores; no lugar de organizar a cidade, se desorganiza. Qual seu projeto para o cuidado do meio ambiente urbano de Goiânia?

Flávio Sofiati: Goiânia já foi considerada uma das cidades mais verdes do Brasil e o Paulo Garcia, infelizmente, desmatou a jardinagem da cidade em várias regiões e não tem valorizado a ocupação dos parques por parte da população. A nossa tarefa na prefeitura é recuperar os parques e as praças para que as pessoas ocupem os espaços públicos e isso significa também política para a segurança. A gente tem que pensar no meio ambiente, mas também na condição social das nossas pessoas, do nosso povo. E nós, do PSOL, queremos resgatar a cidade para as pessoas. Isso significa possibilitar, a partir da Prefeitura, que os espaços públicos sejam ocupáveis. E os parques hoje precisam de uma reforma. A gente vai para a periferia, nem existem praças, apenas as regiões centrais, praças abandonadas. Eu tenho feito a denúncia disso nas redes sociais e nós vamos investir nisso. Em nosso ponto de vista é fundamental inclusive para pensar a questão da própria organização da cidade. A gente tem um compromisso, inclusive, com os escoteiros de botar um escoteiro em cada parque dessa cidade, onde eles quiserem, dar estrutura para isso. Porque, aliás, o prefeito atual tem retirado os escoteiros dos parques. Ir para as praças, urbanizar as praças mais visitadas pelas pessoas e garantir que em cada praça dessa cidade tenha um pitdog, para que a gente também desenvolva a economia e melhore a vida das pessoas do município.

Francisco Júnior: Eu acho que precisamos ser muito mais ousados. Precisamos atacar as raízes dos problemas. Hoje, Goiânia tem um problema sério de destinação de resíduo, a cidade inunda toda vez que chega o momento das chuvas. Estamos com plano de drenagem eficiente, eficaz. Precisamos cuidar das nossas nascentes, precisamos trabalhar a poluição visual da cidade e a despoluição do ar. Isso daí só se faz com um trabalho coerente, envolvendo toda a população, tendo um diálogo profundo com os grandes poluidores das cidades, num acordo onde precisa ter poder público, iniciativa privada e cidadão comum. Goiânia hoje carece de uma orientação clara do que fazer com os resíduos, seja o orgânico, da construção. Goiânia está perdida na destinação dos seus resíduos. Não existe uma política clara, de limpeza de bueiro que seja, quando chove em Goiânia, além de ela inundar, morre gente que cai nos bueiros. Então, é fundamental que cuidemos dos cursos d’água em Goiânia.

Flávio Sofiati: Eu acho que a nossa candidatura é a única que tem autonomia para fazer esse diálogo, esse debate com os grandes poluidores. Aliás, não tem debate porque eles não cumprem com o compromisso deles. E nós, na Prefeitura, além da multa, que para eles fica mais barato pagar a multa do que fazer o que devem, nós vamos atribuir o serviço, cobrar deles junto com as multas. Porque nós temos que pensar nas pessoas. Resolver o problema, por exemplo, lá do Goiânia 2, na Região Norte. Eu trabalho naquela região e eu sei como as pessoas sofrem com o mal cheiro daquela região.

Flávio Sofiati: Os candidatos, quando falaram de políticas de segurança, fizeram propostas de repressoras que colocadas em prática criminalizam a pobreza e contribuem para o extermínio da juventude negra das periferias. Como, em seu programa, você vai garantir e respeitar o direito à segurança no âmbito municipal, considerando que do ponto de vista estadual há um desrespeito com o compromisso e o problema por parte do governador Marconi Perillo?

Djalma Araújo: Há uma falência das políticas de segurança no município de Goiânia. No Estado hoje, o salário do policial é de R$ 1.500. O governador está aí com as promessas de fazer R$ 1.500 para um policial civil. A questão da segurança, o município vai, eu quero chamar a responsabilidade da segurança para o município. Mas para isso é preciso ter recursos, para colocar 5% do orçamento para a segurança municipal. Será criada subsecretaria, mas não fazer uma polícia repressora, dessas que vai aos jovens negros de Goiânia fazer repressão. Precisamos da polícia preventiva. Precisamos fazer ações preventivas no sentido de agrupar essas pessoas. Eu sempre digo que um país, uma cidade se faz com homens e livros, precisamos investir em educação de qualidade, precisamos resgatar a educação de qualidade, a inclusão. Por isso que eu falo, o Centro de Educação Unificada que a gente possa reestabelecer a inclusão de jovens e adultos, fazer a prevenção. É importante a prevenção, fazer com que o município esteja presente na segurança do cidadão, mas esteja presente na escola, não meia boca, mas a escola de tempo integral para todos. Essa é uma das nossas preocupações e proposta.

Flávio Sofiati: Para se ter uma ideia, em torno de 70% do grupo social composto por homens negros, pobres, jovens, moradores de bairros de bairros distantes, morrem violentamente no nosso país, e em Goiânia não é diferente. Fica evidente que as propostas colocadas aqui contra a violência é mais violência por parte do estado. Do meu ponto de vista, não se deve fazer política com a disseminação do ódio. Políticas públicas eficientes, inclusive de segurança, devem ser feitas com base na razão, com experiências de outras cidades e, principalmente, com a participação popular. Nós vamos resolver o problema com ações que possibilitem a ocupação dos espaços públicos por parte da população com mais iluminação pública e menos encarceramento dos nossos jovens. Esse é um compromisso que eu faço com as mães dos bairros mais pobres: nós não vamos continuar encarcerando os adolescentes dessa cidade. Esse tema só vai ser superado se houver ações inteligentes e de compromisso com as pessoas.

Djalma Araújo: O grande desafio nosso é como combater o grande traficante. Só existe o pequeno porque existe o grande. Precisamos incorporar ações, precisamos da Polícia Federal, da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Guarda Municipal para fazer o trabalho de inteligência. Porque o grande traficante hoje, as cracolândias que existem hoje no município de Goiânia, a gente precisa encarar isso com muita responsabilidade. Nossa política de segurança será encarada com muita responsabilidade, o grande traficante, com a participação da Polícia Federal nas suas ações.

Direito de resposta de Adriana Accorsi por citação: Gostaria de esclarecer, acredito que este é um tema importante para nossa cidade. De fato, foram prometidos 81 Cmeis, os Cmeis foram reformulados pelo governo federal e passaram a abrigar o dobro de crianças. Na verdade, o objetivo hoje não é construção de creches e, sim, de Cmeis, que prevê uma educação mais globalizado, uma educação que traga realmente cuidados em referência ao esporte, à cultura às crianças. Então, gostaria de esclarecer agora, construídos e em construção são 41. Foram entregues 28, estão 13 sendo entregues, talvez ainda este ano, se tudo der certo. Então, são 41 e nós faremos os demais.

Terceiro Bloco

Francisco Júnior: Em época de campanha a gente ouve muito falar em participação popular, em abrir amplamente a discussão. Porém, quando se chega ao poder, de forma especial, o prefeito que está não tem muito essa prática. A gente percebeu uma condução da questão do IPTU muito atabalhoada e por fim um boleto suplementar. Como a senhora vê essa questão e concorda?

Adriana Accorsi: Realmente, eu inclusive sou a candidata que mais tem falado porque participei da experiência que houve primeiro em Goiânia chamado Orçamento Participativo. E nós queremos que a participação popular seja prioridade da nossa gestão para que a população não só acompanhe o gasto com o recurso público, mas principalmente participe da decisão sobre como o recurso será gasto em cada região da cidade. A questão do IPTU: eu acredito que foi uma decisão que o prefeito tomou com base em um trabalho que está sendo feito neste momento de regularização das contas públicas e uma necessidade em razão da crise por que passa o Brasil e muitos municípios, mas eu faria de forma diferente. Gostaria de deixar claro que a democracia e a participação popular, a participação sobre os maiores temas da nossa cidade têm que ser prioridade da gestão moderna, que nós temos que avançar para uma política mais transparente, mais sincera, mais participativa. E estamos chegando ao momento primordial da nossa cidade que é uma discussão sobre o Plano Diretor, que será revisado no ano que vem, e que deve ser feito de uma forma extremamente democrática, profundamente participativa e faria de forma diferente. Foi uma decisão tomada pelo prefeito, respeito a decisão, mas acredito que da mesma forma que foi o Imposto dos veículos, o IPVA no Estado de Goiás, que foi uma crítica ser feito da forma que foi feito pelo governo do Estado. Eu não faria da mesma forma. 

Francisco Júnior: Segundo a história de quando seu pai foi prefeito, Darci Accorsi, chegou a um ponto de divergência a ponto de romper com o partido. Para defender as suas ideias diante dessa situação, se for necessário, a senhora é capaz de chegar a esse ponto para defender que não se responsabilize o povo pela incapacidade de gestão? Porque Goiânia tem uma arrecadação interessante, porém está sobrecarregando a população neste momento.

Adriana Accorsi: Primeiro eu gostaria de dizer que não há a menor necessidade desse tipo de embate interno no meu partido, apesar do momento difícil porque passa a política, inclusive no Partido dos Trabalhadores, chegamos unidos a essa pré-campanha em torno do nosso nome, que é respeitado, e nós temos direito de ter opiniões e formas de administrar diferentes. Darci Accorsi, de fato, teve alguns anos fora do partido, retornou antes de sua morte e ele, realmente, colocou para mim “todos os partidos têm pessoas boas e pessoas ruins, formas diferentes de agir, mas este é o Partido dos Trabalhadores”.

Adriana Accorsi: Cada vez mais a administração pública exige conhecimento técnico e planejamento. Eu, inclusive sou uma técnica da segurança pública, é minha origem. Eu valorizo muito a gestão técnica e o planejamento. Como o senhor entende que a academia pode colaborar na administração municipal?

Flávio Sofiati: Nós, da academia, inclusive a Universidade Federal de Goiás tem há anos pensado o tema das políticas de segurança pública. De fato, uma possível gestão nossa, do governo do PSOL, da esquerda, nós iremos priorizar a parceria com as universidades dessa cidade, principalmente UFG, UEG, PUC, os Institutos Federais, porque é esse setor que gera novas tecnologias, novos conhecimentos. Nós temos na Universidade hoje um corpo de pesquisadores, técnicos, especialistas, que podem contribuir muito com a gestão da cidade. E isso tem sido pouco aproveitado pelo atual prefeito, por exemplo. Então, nós vamos valorizar essa relação com as universidades, vamos pensar uma política de segurança que seja focada nas pessoas, com valorização inclusive dos trabalhadores. A gente fala muito em Guarda Municipal, mas tem que pensar que são trabalhadores, que precisam ser valorizados. Do meu ponto de vista, é fundamental se pensar essa valorização, porque esse Guarda bem cuidado pelo prefeito, vai cuidar bem da população, vai tratar bem a população, e não vai fazer o que tem sido feito hoje, por exemplo, com denúncias da imprensa de Guarda Municipal dando baculejo em moleque na periferia porque estão soltando pipa. Me parece importante, temos que ter uma política de conscientização e não de repressão.

Adriana Accorsi: Eu, como disse, como técnica, acredito muito nessa participação da academia, das universidades como contribuição à administração pública municipal. Também concordo que essa participação tem que ser imensamente ampliada no município de Goiânia e também no Está de Goiás, mas gostaria de citar uma experiência que está acontecendo agora que é na Maternidade Dona Iris, onde há a primeira experiência de participação da Universidade Federal em vários aspectos da atuação da maternidade e que tem sido aprovada pela população e pelos servidores daquela unidade. Mas eu acredito que essa participação deve ser ampliada. Como delegada chefe da Polícia Civil tivemos uma grande parceria com o Núcleo de Estudos sobre Crimes da UFG e que hoje realiza uma pesquisa sobre a questão das medidas socioeducativas, que se referem à ressocialização dos adolescentes em conflito com a lei.

Flávio Sofiati: Meu programa foi construído pelo Movimento Se a Cidade Fosse Nossa, com a participação decisiva de muitos professores universitários, especialistas em temas de políticas públicas que contribuíram efetivamente com a nossa plataforma, que é aberta para Goiânia, diferente da política que vocês assinaram no Codese, que é uma política de uma cidade negócio, para o capital. Nós iremos, com o Se a Cidade Fosse Nossa, pensar uma cidade para as pessoas. E a gente só combate as drogas de fato e os traficantes legalizando as drogas nesse país.

Flávio Sofiati: O senhor é candidato do governo estadual, que tem baixíssima avaliação em Goiânia, isso porque Marconi tem reprimido violentamente os movimentos sociais. Além disso, tem recebido uma oposição sistemática das juventudes por conta de ter privatizado a educação e principalmente a saúde. Você fará a política de OS na saúde em Goiânia?

Vanderlan Cardoso: Quero esclarecer que tenho o apoio do governador e de alguns partidos que compõem a base do governo. Agora, nós temos os nossos projetos. Eu tenho minhas ideias e sempre defendi elas. Sua pergunta em relação às OS já deixei bem claro, eu fiz uma das melhores saúdes do país no município que administrei, com parceria com o governo federal, do Estado, com as empresas, os laboratórios, com os profissionais liberais, como médicos, dentistas e enfermeiros. Como eu fiz uma das melhores saúdes e entendo bastante de saúde, você pode ter certeza que a base da saúde no município vai ser o investimento no programa Saúde da Família. Não adianta querermos simplesmente investir em boas instalações, como tem algumas aqui em Goiânia, tem até boas instalações, mas não tem médicos, não tem dentistas, não tem enfermeiros, não tem medicamento, falta praticamente tudo nesses postos de saúde. E também nos Cais, 24h. Se hoje os postos de saúde não estão atendendo, há superlotação nos Cais. Então, nós vamos maciçamente no Programa Saúde da Família, nos Cais 24h, nos Centros de Especialidades Médicas e Odontológicas e fisioterapia, e fazer com a iniciativa privada, comprando pelo justo, as cirurgias, os exames, os medicamentos, como nós fizemos.

Flávio Sofiati: Você fugiu da pergunta. Perguntei se você iria implantar as OS na saúde. Mas você não respondeu porque sabe que há uma denúncia forte do SindSaúde forte sobre escândalos da OS em Goiânia. Marconi argumentava que as OS diminuiriam os custos da saúde, porém houve aumento dos custos. O HGG, por exemplo, o valor inicial era de R$ 66 milhões e passou para R$ 126 milhões. Aumento de 91%. No Hugo aumentou 73%. No Materno Infantil, 70% de aumento dos custos. E para onde está indo uma boa parte do dinheiro público administrado por grupos privados? Para pagar salários milionários nas OS, os dirigentes ganham salários de R$ 58 mil, R$ 40 mil, muito acima da média do que ganha um médico bem qualificado no país. Nós somos contra todos os contratos com OS. Não vamos ter isso na Prefeitura. Vamos priorizar o atendimento básico de saúde, com promoção e prevenção nos bairros mais pobres da cidade. Nosso compromisso é com a saúde pública das pessoas, não com interesses dos planos privados.

Vanderlan Cardoso: Talvez o senhor que não entendeu, mas eu respondi sua pergunta. Sou contra e ainda disse a maneira que nós vamos administrar o município, com conhecimento que tenho. Então, a questão estadual, nós vamos ter uma eleição em 2018, esse debate com certeza vai vir em 2018. Mas eu tenho meu modo de governar, de administrar e vou trazê-lo e implantá-lo em Goiânia, com seriedade, com gestão, com planejamento, não simplesmente nesse jogo de empurra, colocando as responsabilidades.

Vanderlan Cardoso: Goiânia precisa de forte desenvolvimento, aproveitando a vocação dos bairros para dar emprego e renda às pessoas. Como planeja trazer desenvolvimento para Goiânia?

Djalma Araújo: Nós precisamos, na verdade, discutir como fazer isso de forma planejada. Estou vendo esse debate aqui com muita promessa, não tem dinheiro para nada, vocês estão prometendo muita coisa. As coisas não vão se resolver não, vocês estão prometendo muita coisa, não estou gostando desse trem não. Estão prometendo demais e o dinheiro é pouco. Precisamos criar um polo industrial nessa cidade, não existe um polo industrial, mas respeitando a legislação ambiental, os bons empresários da cidade, inclusive não tenho dúvida de que é preciso fazer isso para gerar emprego e renda. Nós tentamos isso na Câmara Municipal, mas estava fazendo de forma meio escandalosa. O polo industrial de Goiânia será em uma área que preserva nossas reservas, nossos mananciais, para desenvolver do ponto de vista, inclusive trazendo subsídio para reduzir imposto, porque só atrai empresário com a capacidade de redução de impostos. Criaremos o polo industrial para fomentar a geração de emprego e renda no município de Goiânia. Essa é uma das propostas da Rede Sustentabilidade. Mas, resumindo, vamos parar de prometer o que vocês não vão dar conta de fazer.

Vanderlan Cardoso: Quero parabenizar pela sua resposta em relação aos polos de desenvolvimento. Mas eu creio que em Goiânia só um não vai resolver. Nós precisamos de vários polos de desenvolvimento, como o polo de confecções que é a vocação de Goiânia. E os distritos industriais. Goiânia, por decisões equivocadas, cerca de 15 ou 20 anos atrás tomou-se a decisão de que aqui seria só serviços, que é muito bom, gera emprego e renda. Mas de cada R$ 100 que era arrecadado na época, de impostos, do Estado, R$ 30 ficavam aqui. Hoje, simplesmente R$ 17. Hoje, se não mudarmos essa política urgente através dos polos de desenvolvimento, distritos industriais, com isso, nós vamos firmar as pessoas nas regiões, melhorando também o transporte coletivo. Goiânia nos próximos dez anos, pelos estudos que estão sendo feitos, vai ter R$ 12, daqui 20 anos vai ter R$ 8, e aí sim daqui a pouco estaremos vendo Goiânia cheia de favelas, com vários e vários loteamentos sendo abertos.

Djalma Araújo: Nós precisamos, e vamos fazer, uma auditoria de todas as contas dessa prefeitura, fazer um pente fino. Para ter uma ideia, eles gastaram R$ 56 milhões só para limpar postos de saúde. Então, fugindo um pouco do debate, é preciso fazer isso de forma planejada, chamar os empresários e chamar os técnicos para administrar essa cidade. Tem muito político, quando você coloca um político, a gente corre risco de ser assaltado. Essa é a grande verdade, o povo ser assaltado. Porque político na administração tem que ter cuidado, tem que ser uma pessoa honesta.

Djalma Araújo: Estou abismado de você defender OS, é organização social criminosa na gestão pública. E sua candidatura, você é da base do Marconi, não entendi você ser candidato. Marconi vai puxar sua orelha. Tenho certeza. E Marconi é um coronel, e coronel quando puxa orelha, você que tem tendência para padre, a situação vai ficar difícil para você.

Francisco Júnior: Marconi é o homem que modernizou Goiás e modernizou usando ferramentas que quem não entende, não consegue entender sequer a ferramenta. Hoje, a gente vê grandes discussões no Brasil e em Goiás, e aí a gente tem que falar de dados e números. Opiniões cada um pode ter a sua, dados, números e resultados é técnica. Então, eu sou da base do governador Marconi, sim, com satisfação, não escondo isso, não disfarço, e desenvolvo meu trabalho. Observo que a questão da saúde precisa ter a participação dos três poderes. O Estado está fazendo a parte dele e fica um tentando jogar a culpa no outro, empurrar para o outro. Eu, como prefeito, vou assumir a minha responsabilidade, vou cumprir o meu papel. O governador cuida das coisas dele, eu vou cuidar das minhas. Como eu cuidei da Câmara, quando o senhor foi vereador comigo, como eu cuidei da Secretaria de Planejamento, quando fui secretário. Eu não empurro para ninguém, eu simplesmente vou fazer o meu papel com responsabilidade, com honradez e entendendo que estamos fazendo em benefício do povo. Não é de arranjos, de acordos, de demagogias, mas a fim de o povo ser realmente beneficiado. Se OS for algo que vai beneficiar o povo, ela será usada, sim. Mas nós precisamos fazer muito mais do que isso, porque não é só uma questão de gestão simplesmente, é uma questão humanizar o atendimento. Chega da pessoa chegar a ser empurrada de um lado para o outro. Nós não podemos aceitar isso.

Djalma Araújo: Vamos investir na saúde preventiva, vamos fazer isso, dar dignidade aos trabalhadores da saúde, essas unidades de Pronto Atendimento serão 24h com médicos, com condições. A saúde preventiva é muito mais importante. O que se faz no Estado? É OS. OS no Hugo… Ou seja, estão criando um estado paralelo para essas instituições que dilapidam o dinheiro público, colocam o dinheiro público em outro lugar, no bolso de outras pessoas. Então, nós queremos fazer com que essas instituições sumam do poder público. Nós vamos acabar com esse tipo de OS e de terceirização. A prefeitura do PT terceiriza também, é especializada a terceirizar inclusive a limpeza por R$ 56 milhões. Dá esse dinheiro para o povo. Quero dizer para você, Francisco, sua orelha vai ficar vermelha.

Francisco Júnior: O homem sério tem que ter coragem de ter opinião. Parabéns, Djalma. Eu também tenho a minha, e a minha é a favor de quem precisa da saúde. Eu vou lançar mão de todas as condições para que a pessoa tenha o atendimento na hora certa, para que o remédio chegue à sua casa, para que a gente tenha uma central de laudos eficaz, para que tenha consulta, exame, cirurgia. E que ele não tenha simplesmente fila e promessa. Isso é muito bonito, muito romântico, mas o povo está morrendo e essa é a verdade. Nós não podemos aceitar isso.

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