Viajar pela Europa visitando os lugares mais famosos do continente deve ser incrível, mas eu vou te dizer outra coisa que pode ser igualmente fantástica: explorar regiões pouco lembradas de países pequenos. Foi o que fiz ao encontrar lugares para ir ao Norte de Portugal durante minha estadia de seis meses no país, tirando um dia ou dois a cada mês para explorar as redondezas e conhecer sua história, cultura, gastronomia e geografia.
A divisão das regiões em Portugal, porém, é diferente de como é no Brasil. Quando você fala do Norte, por exemplo, ele não é formado pelos distritos (Estados) por completo, mas sim pelas freguesias, ou seja, metade de um distrito pode ser do Norte e a outra metade pode ser de outra região.
Vale lembrar, também, que as capitais levam o mesmo nome dos distritos, assim como em São Paulo e Rio de Janeiro, no Brasil.
No total, o país luso conta com 7 regiões: além do Norte, há o Centro, a região Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve e as compostas pelas ilhas Açores e Madeira.
O Norte é formado por cinco distritos completos: Porto, Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Bragança; e parte de outros três distritos: Aveiro, Viseu e Guarda. Mas isso não importa tanto, já que as definições históricas, culturais e geográficas são muitas.
O importante são os 8 lugares que defini para quem estiver com tempo para conhecer essa parte de Portugal. As viagens costumam ser rápidas e, o melhor de tudo, baratas. Confira:
Porto – Cidade administrativa do Norte de Portugal
Não há como pensar no norte de Portugal e não pensar em Porto. O lugar, que é a cidade administrativa da região, é o segundo mais populoso do país, atrás apenas da capital Lisboa e, neste ano, foi eleita o Melhor Destino de Cidade do Mundo na cerimónia dos World Travel Awards.
Porto possui uma infinidade de lugares para conhecer: Torre dos Clérigos, Jardins do Palácio de Cristal, as praias da sua costa, a famosa Ponte Luís I, Casa da Música, Parque da Cidade, a Avenida dos Aliados, Rua de Santa Catarina, Mercado do Bolhão, Livraria Lello, além de dezenas de quintas, castelos e centenas de igrejas seculares.
Além dos lugares, a gastronomia precisa ser destacada. São muitas delícias e umas das mais populares se chama Francesinha, uma espécie de sanduíche, feito com dois pães de forma, recheado com bife bovino, linguiça, salsicha fresca, presunto e coberto por queijo e um molho feito especificamente para o prato. É um pouco pesado e muito calórico, mas vale a pena pela experiência gastronômica.
As pastelarias da cidade, que funcionam como padarias, ou os próprios cafés, também servem diversos doces regionais. A grande maioria como o famoso doce de ovos que, para o meu paladar é bom, mas que enjoa facilmente.
No geral, uma semana é um bom tempo para conhecer Porto e suas belezas, é tudo muito próximo e pode ser feito a pé, ou utilizando o metrô, que funciona muito bem e é barato.
Braga
O distrito que tem, segundo o Portal de Estatísticas – SEFSTAT, a maior percentagem de brasileiros a nível nacional em Portugal. Braga tem 12.722 imigrantes no concelho, dos quais 7.774 (61,1%) são do Brasil. O distrito, porém, também possui imigrantes de 145 nacionalidades e parece te receber bem.
É em Braga, também, que estão duas atrações turísticas religiosas bem conhecidas que ficam no alto do morro da cidade: Bom Jesus do Monte (foto) e o Santuário de Nossa Senhora do Sameiro. O distrito, porém, tem uma reserva imensa de dezenas de igrejas e lugares religiosos.
Braga também oferece uma gastronomia local bem ampla, difícil de conhecer se sua estadia for curta na cidade. São mais de 30 pratos típicos da região, entre eles alguns famosos como Bacalhau à Braga ou à Narcisa, Papas de Sarrabulho (sangue de porco, carne de galinha, carne de porco, salpicão, presunto), Pudim Abade de Priscos, Paciências e Sameirinhos (estes dois últimos são tipos de biscoitos).
Guimarães – “berço de Portugal”
Ainda no distrito de Braga e bem perto de Porto, Guimarães está na lista por que não pode ser esquecida. É uma das cidades históricas mais importantes do Norte de Portugal, com um papel fundamental na formação do país, mais de mil anos de história e, claro, um dos principais pontos turísticos da região.
Lembrada por estes motivos como “cidade berço” ou “o berço da nação portuguesa” do país luso, Guimarães tem a verdadeira cara de Portugal. Sua história está gravada na arquitetura religiosa e civil encontrada a cada passo dado pela cidade, com suas igrejas e construções residenciais imponentes e belas.
Em sua gastronomia estão pratos muito populares do país como as tortas de Guimarães, o toucinho do céu (a base de ovos, claro), o vinho verde e os rojões (um tipo de picadinho de carne com batatas e especiarias locais) e a bôla de carne (um tipo de pão, com o formato de uma pizza e servido com carne de porco ou sardinha).
Viana do Castelo
Outra cidade muito convidativa é Viana do Castelo. O município é capital do distrito de mesmo nome e o próximo ao norte depois de Braga, seguindo pelo litoral. Igualmente secular, com mais de 800 anos de história, a tem um centro histórico com ruas e construções encantadoras.
Para além disso, ao descer da estação de trem, você dá de cara com a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra que termina no Rio Lima com o Monumento ao 25 de Abril, na Praça da Liberdade. Na base do monumento pode ler-se o seguinte texto:
“Homenagem da Câmara Municipal de Viana do Castelo aos Cidadãos que sofreram e morreram vítimas da injustiça e da opressão e louvor à nobre geração de Abril que, há 25 anos quebrou as correntes e abriu as portas da Liberdade”.
A principal praia da cidade também é ótima. Apesar de eu ter conhecido no outono, no verão parece um bom lugar para se divertir. De toda forma, na praia, há igualmente muita história, já que existe uma fileira de rochas chamadas de “Pedras Ruivas”, um geossítio milenar extremamente importante para estudos históricos e climáticos.
Por fim, o Santuário do Sagrado Coração de Jesus no Monte de Santa Luzia, no morro mais alto da cidade, é de tirar o fôlego, tanto por dentro, quanto por fora e pela vista proporcionada pelo lugar. Para chegar até lá é preciso subir de carro ou em uma escadaria bem bonita e, lá de cima, é possível assistir um incrível pôr-do-sol no Oceano Atlântico.
Caminha
Ainda no distrito de Viana do Castelo, mais ao norte, se encontra a vila de Caminha e esse destino é ideal para quem procura Paz. É uma cidade pequena, à beira do Rio Minho, que separa Portugal da Espanha, com poucos pontos turísticos, mas ótima para quem quer relaxar, caminhar, ver poucas pessoas e fazer coisas que não exigem grande esforço.
Eu a conheci em um feriado nacional e vi pouquíssimas pessoas neste dia, foi um dos dias onde pude experimentar um dos maiores momentos de paz da minha vida.
Não descobri muito sobre a cidade, porque o objetivo era realmente fugir um pouco de multidões e da correria do dia a dia. Mas o centro da vila possui uma Torre do Relógio histórica, além de igrejas, restaurantes convidativos e uma feira à beira do rio com vendedores simpáticos e produtos de diversos tipos à venda: flores, frutos, peixes e roupas.
Vila Real
O último município que visitei ao Norte de Portugal, Vila Real é uma cidade muito agradável. Uma das suas principais atrações turísticas é o Palácio de Mateus (foto), é um dos lugares mais lindos que eu conheci.
Com uma construção belíssima e um jardim incrível, a Fundação Casa de Mateus, como também é chamada, foi construída na primeira metade do século XVIII, conta peças de mobiliário, tapetes, louças, vestes e relíquias seculares além de uma biblioteca com mais de seis mil volumes, entre eles a edição ilustrada dos Lusíadas de Luís de Camões de 1816.
A cidade de Vila Real também possui sua identidade gastronômica. Dentre as opções de comidas típicas, há as tripas ao molho, rolos de dobrada, carne Maronesa D.O.P., uma saborosa carne obtida a partir de bovinos da raça Maronesa, acompanhados por um molho específico.
Além disso, há dois lanches da região: a crista de galo, que é como um pastel com corte na massa que lembra a crista de um galo e é recheado de doce de ovos, e os covilhetes, pequenas empadas com recheio e carne de vitela.
Bragança
O distrito de Bragança que, da Região Norte de Portugal, tem maior parte do seu limite com divisa com a Espanha, tem como sede a cidade de mesmo nome, como informado no início do texto. É outro município com muita coisa para ver e, apesar de ser o mais longe de Porto, vale a pena o passeio.
Explorar a cidade é rápido e, em poucas horas é possível ver o Domus Municipalis (único exemplar de arquitetura civil em estilo Românico na Península Ibérica), ver os tetos da Igreja de Santa Maria, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje, subir às muralhas (uma das atrações mais bonitas do lugar), conhecer o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais e Museu do Abade de Baçal.
Gerês – única área protegida e classificada como Parque Nacional no país luso
De longe um dos meus lugares favoritos do Norte de Portugal, e bem ao norte mesmo, pois fica no extremo do país. As Termas do Gerês, também conhecidas como Caldas do Gerês, ou simplesmente Gerês, é uma vila situada dentro do Parque Nacional Peneda-gerês e que é simplesmente deslumbrante, envolta por natureza e paisagens incríveis.
O lugar é a única área protegida portuguesa classificada como Parque Nacional e, enquanto preserva valores e tradições, contando com aldeias comunitárias, proporciona aventuras em trilhas e passeios turísticos de alto nível.
Além das trilhas, é possível fazer escalada, canoagem e conhecer a diversidade e abundância de flora e fauna locais que proporcionam uma experiência única. Tudo fica ainda mais belo com os rios, cachoeiras, riachos, castelos medievais, mosteiros e aldeias tradicionais que fazem parte da paisagem.
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