16 de dezembro de 2024
Política • atualizado em 09/06/2020 às 17:30

Vereadores que cassaram prefeita acabam sendo cassados em Araguapaz

Suplentes estão no exercício do mandato em Araguapaz. Foto: Reprodução Facebook.
Suplentes estão no exercício do mandato em Araguapaz. Foto: Reprodução Facebook.

Um dia da “cassa”, outro do “cassador”. Assim aconteceu na cidade de Araguapaz, situada a 229 km de Goiânia, na região do Vale doa Araguaia. Seis vereadores foram cassados nesta segunda-feira (8). Em agosto do ano passado, eles haviam cassado a prefeita Márcia Bernardino de Souza Rezende, por suspeita de improbidade administrativa. Os vereadores são alvo de investigação do Ministério Público.

Os vereadores denunciados e que perderam mandato são: Egnaldo José de Carvalho, Pedro da Silva Souza, Frederico Antônio Monteiro, Derci Francisco Cardoso, Célio Ferreira Nunes e Fábio Divino Cardoso. Os parlamentares estavam afastados dos cargos e tiveram os mandatos cassados pelos suplentes. A cassação foi aprovada de forma unânime na Câmara Municipal de Araguapaz, com oito votos favoráveis e nenhum contrário.

Entenda o caso

A ex-prefeita do município, o marido dela e também ex-prefeito, José Segundo Rezende Júnior, e os seis vereadores foram denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO). Todos foram presos preventivamente em setembro de 2019, suspeitos de envolvimento em um esquema de compra de votos na Câmara Municipal.

Os envolvidos respondem pelos crimes de associação criminosa, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica e posse ilegal de arma de fogo de uso permitido. A denúncia foi feita após interceptações telefônicas e quebras de sigilo de WhatsApp entre os envolvidos. Os vereadores teriam se utilizado do mandato para ganhar dinheiro de forma ilícita.

As supostas irregularidades foram identificadas durante a Operação Tractamus, fruto de um trabalho conjunto entre o MP-GO e a Polícia Civil (PC). As investigações mostraram que o esposo da ex-prefeita teria oferecido pagamentos mensais aos parlamentares para evitar a saída de Márcia do cargo.

Os valores, segundo as investigações, variavam entre R$ 1 ml e R$ 63 mil. Foi oferecido, ainda, o custeio de despesas com farmácia e combustível. Apesar do acordo firmado, o pagamento não teria sido feito aos vereadores, o que levou a cassação do mandato da prefeita.

Márcia foi julgada por superfaturamento e desvio de verba. Assumiu a prefeitura de Araguapaz Gabriel do Espanhol (DEM), vice dela.

O ex-prefeito chegou a gravar vídeos em que afirma ter ocorrido o “mensalim” de Araguapaz na qual era pressionado a oferecer vantagens em dinheiro para vereadores em troca de apoio em votações. Márcia já havia tido outros problemas com a justiça no decorrer do mandato dela.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos vereadores, da ex-prefeita e do esposo para comentarem o assunto.


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