A vereadora Camila Rosa (PSD) chorou depois de ter o microfone cortado durante uma discussão com o presidente da Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, André Fortaleza (MDB), na sessão desta quarta-feira (2).
O debate começou quando Fortaleza rebateu um post do Instagram da parlamentar. Na postagem, ela afirmou que usou de seu tempo de fala no retorno das sessões, na terça-feira (1), para “defender a importância da mulher na política e os direitos de todas as minorias que são rejeitadas e discriminadas na sociedade” e completou escrevendo: “Não toleramos mais preconceitos! Vou lutar até o fim pela igualdade e o respeito. O espaço político é de todos”.
O presidente da Câmara, na sessão desta quarta-feira, citou o post e afirmou: “Não sou contra classe feminina, sou contra cota, contra oportunismo, ilusionismo. Por mim, não adianta, pode ser mulher, homem, homossexual”.
Fortaleza disse ainda que não é machista, mas é “contra fake news” e também não é favorável às cotas femininas nos partidos.
“Eu não sou machista, sou contra fake news. Isso, para mim, é uma fake news. A classe feminina é importante para todos nós. Temos mães, irmãs. Não me vi ser preconceituoso ou machista porque falei que sou contra cota. Só falei que os direitos devem ser iguais, e os deveres também. Se não tem postura, não tem caráter, para mim não importa se é mulher o homem. Distorcer minha fala, não. Sou responsável pelo que falo. Não é porque é mulher que tem que sair atropelando todo mundo”, discursou.
A vereadora Camila Rosa pediu questão de ordem e foi atendida. A parlamentar rebateu o colega. “Não disse que o senhor era contra cotas. Se o senhor entendeu isso, a carapuça pode ter servido. O senhor sempre fala de caráter, transparência, parece que o senhor tem um problema com isso”, disse.
Nesse momento, se iniciou um bate-boca e Fortaleza ordenou que o microfone da vereadora fosse cortado. “Quer fazer circo, não vai fazer aqui não”, disse. A parlamentar, com o microfone desligado, seguiu reclamando da atitude do presidente, que afirmou: “Se acha que fiz algo errado, vá na delegacia e registre um B.O.”.
Depois que os ânimos se acalmaram, o presidente devolveu a palavra à vereadora. Ela, chorando, defendeu que as minorias representativas ocupem espaços de poder como modo de transformação social, além de reclamar da atitude do colega.
“É isso que fazem com as mulheres na política. É por isso que precisamos procurar nossos direitos. Não é uma questão de correr atrás de cota. A política é um espaço machista. No início da política, como eu disse ontem, só homens brancos e de alto poder aquisitivo. É necessário que nos espaços de poder estejam mulheres, negros, índios e pessoas da comunidade LGBT, que representam essas classes que sofrem a dor do preconceito”, frisou.
Rosa ainda reforçou que não atacou Fortaleza no post e o acusou de querer atingir o secretário de Articulação Política, Tatá Teixeira, atacando-a. “Eu não disse que o senhor era contra cotas. É o senhor que está dizendo. Agora, o senhor querer me desmoralizar por um motivo que a gente sabe qual é – o senhor não quer me atacar, quer atacar o secretário Tatá (Teixeira, de Articulação Política). Eu não quero estar nessa briga de vocês. Não venha o senhor querer me desmoralizar. Não vou aceitar isso”, disse.
O presidente negou que quisesse atacar o secretário e afirmou não ter nada contra ele. “Até isso ela está encenando aqui”.
Dos 25 vereadores em exercício em Aparecida de Goiânia, Camila Rosa é a única mulher.
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