A venda do volante Douglas ao Manchester City, da Inglaterra, por cerca de R$ 49 milhões, não poderia ter vindo em melhor hora para o Vasco. O clube estava com uma séria ameaça de não conseguir cumprir seus compromissos em dia até o restante da temporada e a verba, que representou a maior negociação da história do Vasco, foi bastante comemorada internamente.
O mês de maio, por exemplo, foi de atraso para os jogadores, que só o receberam dias antes do clássico com o Flamengo, no último sábado. Os vencimentos de junho, pela lei, precisam ser pagos até o quinto dia útil de julho. No futebol, entretanto, é praxe que os vencimentos sejam pagos até o dia 20 do mês seguinte.
Em entrevista ao “Globoesporte.com” mês passado, o presidente do Conselho Fiscal, Otto Carvalho, que se insurgiu contra Eurico Miranda muito por conta das divergências financeiras e se lançou candidato de oposição, já alertava sobre a situação delicada do clube. Ele revelava que o Vasco se manteve em 2016, basicamente, com as luvas do contrato da TV Globo de R$ 60 milhões e previa problemas para o segundo semestre caso algo extraordinário, como a venda milionária de Douglas agora, não acontecesse:
“Hoje, com a folha que a gente tem, e sem receita expressiva para entrar, daqui até o fim do ano se tem muitas dificuldades. Com certeza”.
Em abril, o Vasco renovou o contrato com a Caixa Econômica Federal por R$ 11 milhões até o fim de 2017, com um bônus de mais R$ 1,5 milhão se o clube for campeão brasileiro. Em março, a direção ainda fechou uma parceria com a empresa de telefonia TIM, no valor de cerca de R$ 1 milhão.
A venda de Douglas por 13 milhões de euros, o que totaliza cerca de R$ 49 milhões, foi superior à expectativa criada. Internamente, os dirigentes já aceitavam um negócio na casa dos 10 milhões de euros (cerca de R$ 36 milhões).
COUTINHO
Para se ter uma ideia de como os R$ 49 milhões de Douglas foram bem-vindos em São Januário, o valor ultrapassou os R$ 22 milhões estipulados em orçamento para vendas de jogadores em 2017. A curiosidade no balanço do clube é que, além desta meta, o Vasco conta no documento com um mecanismo de solidariedade de Philippe Coutinho no valor de R$ 13 milhões.
Na prática, isso significa que, para pagar as contas, o Vasco depende que o Liverpool decida se desfazer de seu jogador mais valorizado, o que renderia dinheiro ao clube brasileiro por ser formador. Com a negociação de Douglas, a dependência peculiar já pode ser descartada.
Vale lembrar que, mesmo cobiçado por gigantes da Europa, Philippe Coutinho, revelado no Vasco, renovou este ano com o Liverpool, da Inglaterra, por mais cinco temporadas. Além de Douglas, o Vasco já havia vendido em 2017 o zagueiro Luan para o Palmeiras por R$ 10 milhões, o que totaliza ao clube cerca de R$ 59 milhões em vendas.
DÍVIDA
Cabe ressaltar, no entanto, outro ponto muito importante no balanço vascaíno: a dívida com o empresário Carlos Leite, que justamente agencia Douglas e Luan. No documento, consta um empréstimo do executivo na ordem de R$ 20,6 milhões. Ainda não há confirmação, porém, se parte destes R$ 59 milhões acumulados com a dupla serão utilizados para saldar este passivo.
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