Para uma criança, o mundo é cheio de descobertas e aprendizados, e o impacto das palavras e ações dos adultos para elas é ainda maior. Atitudes vistas como comuns podem transmitir sentimentos confusos e prejudiciais, afetando a autoconfiança e o bem-estar emocional dos pequenos.
Priscilla Montes, referência em educação parental, alerta que, muitas vezes, os pais usam frases ou têm atitudes que, embora pareçam inofensivas, representam uma forma de violência disfarçada. Sem perceber, repetem comportamentos que impactam profundamente o desenvolvimento emocional dos filhos.
Educação consciente para evitar violência emocional
É comum que os responsáveis profiram comentários como “ah, ignora, logo passa” ou “fico muito triste com seu comportamento” pensando que estão corrigindo ou orientando. No entanto, mesmo sem intenção, essas falas podem gerar sentimentos de culpa e insegurança nas crianças, sendo uma forma de violência emocional normalizada.
Todo pai e mãe já enfrentou situações estressantes e, muitas vezes, recorre a punições, até físicas, pela dificuldade em lidar com certos comportamentos. Educar uma criança exige mais que paciência – envolve compreender as etapas do desenvolvimento infantil e ter autoconhecimento para adotar uma abordagem respeitosa.
A falta de compreensão sobre o desenvolvimento infantil também contribui para a agressividade. Expectativas irreais em relação ao que uma criança pode ou não fazer muitas vezes resultam em frustração e insatisfação por parte dos adultos, gerando hostilidade que, direta ou indiretamente, afeta a criança.
Frases a serem evitadas
Esses comentários, embora pareçam inofensivos, podem ter efeitos negativos duradouros na personalidade e autoestima das crianças:
- “Mamãe fica muito triste com esse comportamento”;
- “Se continuar, a mamãe/papai vai te deixar aqui sozinho”;
- “Ah, ignora, logo passa”;
- “Está chorando por quê? Não tem motivo! Engole o choro”;
- “Você só faz tudo errado, muito desastrado. Deixa, deixa que eu faço”.
Educação positiva como um caminho
A educação positiva oferece um caminho alternativo, baseado no respeito mútuo e na dignidade, orientando para uma educação firme e gentil, sem cair no autoritarismo ou na permissividade. Com esse método, os pais guiam seus filhos e ensinam habilidades de vida como paciência, respeito, autonomia e empatia, tanto na infância quanto na adolescência.
“Precisamos aproveitar cada desafio comportamental como uma oportunidade de ensino, refletindo sobre quais valores e habilidades podemos transmitir aos nossos filhos para que eles os carreguem pela vida”, explica Priscilla Montes.
Segundo ela, os pais e responsáveis também precisam cuidar de si. “É importante resolver o momento e, ao mesmo tempo, ensinar para o futuro. Busque apoio profissional e entenda que, antes de mandar a criança para terapia, é fundamental você também cuidar de si”, aconselha.
Por Danielle Campos
Leia mais sobre: bem-estar / crianças / edicase / maternidade / Saúde / Saúde & Bem-estar / saúde mental