26 de dezembro de 2024
Economia

Vale e siderúrgicas despencam e Bolsa perde 0,73%; dólar cai com Trump

Divulgada ao final do pregão da sessão anterior, a chamada lista de Fachin continuou causando mal-estar no mercado financeiro doméstico, mas não foi o único fator a influenciar os negócios.

O Ibovespa fechou em baixa de 0,73%, em boa parte por causa da pressão das ações da Vale, que recuaram mais de 4%. As ações de siderúrgicas também tiveram forte queda.

O dólar inverteu a alta e caiu para o patamar dos R$ 3,13, após declarações do presidente americano, Donald Trump, de que a moeda está muito forte e que ele é a favor da política de juros baixos.

Segundo analistas, a divulgação dos nomes dos políticos que serão alvo de inquéritos a partir da delação premiada de executivos da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, já estava precificada pelo mercado, por isso não provocou reações abruptas.

“A lista não causou grande surpresa, e por envolver muita gente, deve demorar a ter desdobramentos”, afirma Ignacio Crespo, analista da Guide Investimentos. “A princípio, isso não deve inviabilizar o governo Temer nem a tramitação das reformas”, acrescenta.

Para Shin Lai, estrategista da Upside Investor, a divulgação dos nomes não surpreendeu tanto o mercado, mas ao mesmo tempo mostra fragilidade do governo, lançando dúvidas sobre a condução das reformas. “O governo não terá força política para fazer as reformas do jeito que pretendia, então a possibilidade é de que ocorram reformas menores.”

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin determinou a abertura de inquérito contra oito ministros do governo de Michel Temer, 24 senadores e 42 deputados federais.

Na visão dos analistas, no entanto, a reforma da Previdência, o mais importante item do ajuste fiscal no momento, deve ser aprovada no Congresso, ainda que com uma série de concessões pelo governo.

“Os investidores estão acompanhando as negociações para a aprovação da reforma da Previdência, e as mudanças propostas não chegam a preocupar”, diz Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

De acordo com Figueredo, a perspectiva para a economia brasileira continua sendo positiva.

No cenário externo, persistiam as preocupações com as questões geopolíticas, com as tensões relacionadas à Síria e à Coreia do Norte.

Bolsa

Após uma sessão volátil, e em meio ao clima de cautela tanto no cenário interno quanto no externo, o Ibovespa fechou em baixa de 0,73%, aos 63.891,68 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,2 bilhões, inflado pelo exercício de opções sobre índice.

Vale e siderúrgicas lideraram as quedas do Ibovespa, influenciadas pelo recuo de mais de 8,5% no preço do minério de ferro na China por causa do excesso de oferta da commodity e também de aço.

Os papéis da mineradora perderam 4,41% (PNA) e 4,33% (ON). Entre as siderúrgicas, CSN ON caiu 8,70%; Gerdau PN, -5,08%; Metalúrgica Gerdau PN, -4,16%; e Usiminas PNA, -4,53%.

As ações PN da Bradespar, acionista da Vale, caíram 5,97%.

As ações da Petrobras recuaram 0,20% (PN) e 0,39% (ON). Entre os bancos, Itaú Unibanco PN perdeu 0,13%; Bradesco PN, -1,00%; Banco do Brasil ON, -1,65%; e Santander unit, -1,77%.

As ações preferenciais da Cemig caíram 3,85%, a R$ 9,40. A estatal mineira de energia apresentou prejuízo líquido de R$ 299 milhões no quatro trimestre de 2016, revertendo lucro de R$ 566 milhões no mesmo período do ano anterior.

Câmbio e juros

O dólar chegou a subir durante a sessão por causa do mau humor externo e interno, mas ao final da sessão mudou de direção e fechou em queda de 0,31%, a R$ 3,1350.

A reversão da alta ocorreu após declarações do presidente americano, Donald Trump sobre o câmbio.

Em entrevista ao Wall Street Journal, Trump voltou a dizer que o dólar está muito forte, e que isso é prejudicial para a economia americana.

Ele cogitou a possibilidade de reconduzir a presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), Janet Yellen, para um novo mandato, em fevereiro de 2018.

“Eu gosto dela, eu a respeito”, afirmou Trump. “Eu gosto da política de juros baixos”, acrescentou. O presidente disse ainda, na entrevista, que, ao contrário do que indicara anteriormente, o país não rotulará a China como manipulador de câmbio.

“As declarações de Trump fizeram o dólar perder força ao consolidar a perspectiva de que não haverá mais aumentos dos juros além do total de três já esperados para este ano”, afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2018 subiu de 9,615% para 9,625%; o contrato para janeiro de 2021 avançou de 9,830% para 9,850%; e o contrato para janeiro de 2026 avançou 0,49%, refletindo o aumento da percepção de risco causado pelo cenário político doméstico.

Conforme amplamente esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, para 11,25% ao ano. (Folhapress)


Leia mais sobre: Economia