23 de novembro de 2024
Cidades • atualizado em 24/03/2020 às 20:28

“Vai ser um ano sem obras”, diz presidente da Goinfra

Pedro Sales durante vídeo gravado. Foto: Reprodução.
Pedro Sales durante vídeo gravado. Foto: Reprodução.

A área de infraestrutura do governo estadual vai sofrer impacto durante o período de crise provocada pela pandemia do coronavírus. Pavimentação de rodovias, entre outras obras não serão realizadas. A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) deverá se concentrar somente em serviços na área de Saúde, Sistema Prisional e em situações emergenciais. O presidente da Goinfra, Pedro Sales, se reuniu com o governador Ronaldo Caiado. A resposta não foi animadora. Em tom de frustração, Sales gravou um vídeo em que defendeu que a crise pode gerar oportunidade.

“Tenho conversado, visto algumas ideias e precisávamos do momento para enfrentar a realidade, colocar em prática nossas ideias e transformar a agência sob o ângulo gerencial neste ano, que realmente vai ser um ano sem obras, a não ser aquelas relacionadas a área da Saúde, Sistema Penitenciário, e a conservação da malha, essa não pode parar, essa vai ser normal, acredito”, avaliou o presidente da Goinfra.

Investimentos

A Goinfra tinha uma previsão de investir pelo menos R$ 300 milhões na recuperação da malha rodoviária em Goiás.  A expectativa é de que a aplicação fosse baseada em recursos do Tesouro, Fundo Constitucional do Transporte, multas, repasses do Detran e convênios com o governo federal. No entanto, o planejamento não será possível.

Segundo o governador Ronaldo Caiado, Goiás pode perder até R$ 4,6 bilhões em arrecadação do ICMS neste ano. A maior ajuda que o governo federal poderia dar, conforme o governador, era cobrir tais perdas.

O vídeo foi gravado logo após reunião do presidente da Goinfra e o governador. Caiado explicou para Sales que a situação financeira não é animadora. O governo teme por uma queda na arrecadação de impostos, o que atrapalha o fluxo de caixa, consequentemente contribuindo para uma menor quantidade de recursos destinados a investimentos.

Pedro Sales disse que a situação é pior do que se imaginava, sobretudo para a área de infraestrutura. “Conheci um pouco mais do problema, alguns dados, alguns diálogos que tivemos com a Secretaria de Economia e como esperava a situação é grave, muito mais grave do que parece e será de sobremaneira mais grave para o setor de infraestrutura. Eu não estou desanimado”, argumentou o gestor.

Revisão de processos

O presidente disse que saiu triste da reunião, devido ao nível de restrição que terá ao longo do ano, mas otimista pela oportunidade de estruturar de uma forma mais eficaz a agência. Pedro Sales ressaltou que o momento é de aproveitar a falta de investimentos em obras públicas, para evoluir em processos burocráticos internos na agência. Ele argumentou que o restante do ano deve ser usado para aprofundar reformas administrativas na Goinfra. Ele entende que pode verificar obras que estão paradas, instalar procedimentos administrativos, revisas leis, normas, instruções e fazer licitações.

“A gente tem tudo para aproveitar bem o momento, para submergir na nossa burocracia para deixar a agência pronta para voar no biênio final do governo, que esse sim é um momento estratégico de infraestrutura que vamos ter que fazer gastos”, declarou.

Com tom de fala aparentando cansaço, Pedro Sales, afirmou que voltou triste da reunião com o governador, por saber o nível de restrição, mas que está otimista por ter a chance de num menor ritmo de obras, conseguir reestruturar a agência. O presidente da Goinfra pediu o empenho dos servidores do órgão.

“Peço o entusiasmo e encarar o desafio de transformar administrativamente a agência. Vamos profissionalizar o site, ver o que precisamos melhorar na gerência de frotas, licitar tudo o que for possível e quando tivermos possibilitados a agir, estar com a nossa realidade transformada para entregar uma infraestrutura como nunca se viu de forma responsável e eficiente em Goiás”, argumentou.

Pedro Sales ainda disse que deverão haver novos decretos do governador Ronaldo Caiado, que devem ainda mais restringir os gastos públicos.

Emergência

Foi publicado no Diário Oficial do Estado, em edição suplementar nesta segunda-feira (24), decreto que reconhece situação anormal na região Noroeste de Goiânia e nos municípios de Goianira, Inhumas, Araçu, Itauçu e Itaberaí, em decorrência da grande proximidade do local de rompimento da via com o Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). As cidades mencionadas têm sido afetadas por fortes chuvas e que resultaram em danos. Todos os municípios citados são atravessados pela GO-070.

O decreto informa que o pagamento das despesas referentes às obras de reparos, intervenções emergenciais e manutenção da rodovia poderá ser feito fora da ordem cronológica das obrigações relativas ao fornecimento de bens, serviços, obras e serviços de engenharia.

A preocupação maior é quanto ao trecho próximo ao Hugol, que está parcialmente interditado há mais de um mês. O decreto tem validade de até 180 dias e os contratos a serem feitos não poderão ser prorrogados.


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