Começa nesta segunda (23) a 20ª Campanha de Vacinação contra a gripe na rede pública de todo o país. Nas clínicas privadas, já era possível se imunizar há mais tempo.
Neste ano, o Ministério da Saúde comprou 60 milhões de doses (que custam cerca de R$ 15 cada uma), suficientes para vacinar todas as 54 milhões de pessoas que têm alto risco de desenvolver complicações da doença. No ano passado, 88% delas foram imunizadas.
Apenas esses grupos -que incluem idosos, grávidas e crianças de seis meses a cinco anos- podem receber a dose na rede pública, até 1º de junho. Quem tem doenças crônicas e outras condições clínicas e não está cadastrado em programas do SUS deve apresentar prescrição médica.
O chamado dia D, espécie de mutirão nacional, será em 12 de maio. É comum que a campanha se inicie na segunda quinzena de abril e termine antes do inverno, que é o período de maior risco de contração da gripe.
Para isso, as doses começaram a ser produzidas há oito meses pelo Instituto Butantan, ligado ao Governo do Estado de SP, em parceria com o laboratório privado Sanofi Pasteur. Elas são feitas para proteger contra os vírus que mais circularam no hemisfério sul no ano anterior -já que eles sofrem mutações-, com base em informações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Neste ano, foi mantida a proteção contra a influenza A (H1N1), responsável pelos surtos de gripe de 2009 e 2016, e foram modificadas outras duas cepas da vacina do ano passado, o A (H3N2) e um tipo do B.
Até agora, os dados não indicam uma quantidade anormal de registros de gripe. O número de casos graves (392) e mortes (62) até 14 de abril é quase igual ao do mesmo período do ano passado (394 casos e 66 óbitos).
ABAIXO, TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE A VACINAÇÃO E A DOENÇA:
A VACINA
1 – Já posso me vacinar contra a gripe?
Na rede privada, sim, por preços entre R$ 90 e R$ 160. Na rede pública, a campanha começa nesta segunda (23) e vai até 1º de junho, com o chamado dia D em 12 de maio.
2 – Quem deve tomar a vacina?
O ideal é que todos acima de seis meses de idade tomem a vacina, mas alguns grupos correm mais risco de desenvolver complicações da doença -na rede pública, as doses são destinadas a eles.
3 – Quais são os grupos de risco da gripe?
Crianças de seis meses a cinco anos, idosos, professores e profissionais da saúde (redes pública e particular), grávidas, mulheres que tiveram filhos há até 45 dias, presidiários, funcionários do sistema prisional, indígenas e pessoas com doenças crônicas (diabetes, asma, câncer) ou condições clínicas especiais (respiratórias, cardíacas, renais, hepáticas, neurológicas, diabéticos, obesos, imunossuprimidos, transplantados).
4 – Quem não pode tomar a vacina?
Bebês menores de seis meses e quem já teve reações anafiláticas em aplicações anteriores. Quem teve a síndrome de Guillain-Barré ou tem reações alérgicas graves a ovo -a vacina contém traços de proteínas do alimento- também deve ter cautela.
5 – Quantas doses preciso tomar?
É recomendada uma ao ano, porque as cepas do vírus mudam. Crianças de seis meses a nove anos que estão recebendo a vacina pela primeira vez devem tomar uma segunda dose, com intervalo de 30 dias entre elas.
6 – Se eu já tiver pegado a gripe, ainda preciso tomar a vacina?
Precisa. O tempo de imunização após a infecção é mais prolongado que o da vacina, porém não é possível prevê-lo porque ele varia bastante.
7 – A vacina protege contra quais vírus?
A vacina dada na rede pública é a trivalente, contra as gripes A (H1N1), A (H3N2) e um tipo da B. Na rede privada também é oferecida a quadrivalente -que protege contra mais um tipo da B.
8 – Ela ‘vale’ por quanto tempo?
Ela demora de duas a três semanas para fazer efeito e é útil por seis a 12 meses, uma “temporada” do vírus -sendo que o pico máximo de anticorpos ocorre de quatro a seis semanas depois da vacinação.
9 – Ela é 100% eficiente?
Não, a eficácia varia. Em pessoas não idosas e saudáveis, gira em torno de 70%, mas cai dependendo da faixa etária e de outros fatores, como presença de infecções e doenças crônicas. Para prevenir mortes, porém, a eficiência sobe para 85%, segundo o pediatra e infectologista Renato Kfouri.
10 – Quem toma a vacina tem chances de ficar gripado como “reação”?
Não. O máximo que pode acontecer são dores locais (10% a 20% dos casos), febre baixa, dor no corpo e mal-estar (menos de 1%), que costumam passar em 48 horas.
11 – Posso tomar as vacinas da gripe e da febre amarela no mesmo dia?
Sim, pode ser uma oportunidade para colocar as vacinas em dia.
12 – Se eu tomar a vacina enquanto estiver grávida o bebê também fica protegido?
Sim, a vacinação durante a gravidez protege a gestante, o feto e o bebê recém-nascido até os seis meses.
13 – Preciso provar que tenho doenças crônicas ou condições clínicas especiais para receber a vacina na rede pública?
Sim, é preciso levar prescrição médica –exceto os pacientes cadastrados em programas de controle de doenças crônicas do SUS, que devem ir aos postos em que estão registrados.
14 – Após o fim da campanha, em 1º de junho, outras pessoas poderão tomar a vacina?
Talvez. O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse que, “se houver sobra, o Ministério irá, junto aos estados, definir outro público para se vacinar”.
A GRIPE
1 – Devo ir ao hospital assim que sentir um dos sintomas da gripe?
Nem sempre. Pode ser que seja apenas um resfriado. Ir a um pronto-socorro ou a um consultório médico pode expor a pessoa, que já está com a imunidade baixa, a microorganismos e fazer com que ela contraia a gripe ou outras doenças.
2 – Qual o período de maior incidência da doença?
Durante o outono e o inverno, entre abril e outubro -principalmente no mês de junho, segundo o Ministério da Saúde.
3 – Há risco de surto neste ano?
Segundo infectologistas, ainda é cedo para saber. O número de casos graves (392) e mortes (62) pela gripe até 14 de abril é quase igual ao do mesmo período do ano passado (394 casos e 66 óbitos). O governo de SP também diz que por enquanto “não há qualquer anormalidade epidemiológica em relação à gripe na região”.
4 – O vírus H3N2, principal responsável por um surto de gripe atualmente nos Estados Unidos, também pode causar uma epidemia no Brasil?
Ainda não é possível determinar saber. A vacina que será aplicada na rede pública foi adaptada para ser mais eficiente contra o H3N2. Até 14 de abril, o número de casos no país causados por esse tipo do vírus foi menor (93) do que no mesmo período de 2017 (244).
5 – Como a gripe é transmitida?
Pelo contato direto com a secreção do doente (ao espirrar, tossir ou falar) ou pela mão, tocando objetos como mesas, maçanetas e talheres infectados e levando-a à boca, nariz e olhos –os vírus vivem por duas a oito horas em superfícies.
6 – Quais são os sintomas?
A febre alta é o sintoma mais importante e dura cerca de três dias. A doença também causa tosse seca, coriza e dor muscular, de cabeça e de garganta. Se o paciente apresentar dificuldade para respirar, lábios com coloração azulada ou roxeada, dor abdominal ou no peito, tontura, vômito persistente ou convulsão, deve procurar o serviço de saúde.
7 – Qual é a diferença entre gripe e resfriado?
O resfriado também é uma doença respiratória, mas é causado por outros vírus e tem sintomas mais leves e que duram menos tempo.
8 – Como me prevenir?
Tome a vacina; é o método mais eficaz de evitar a gripe
Lave sempre as mãos com água e sabão ou com álcool, principalmente antes de comer
Evite levar as mãos aos olhos, ao nariz e à boca
Cubra a boca quando for tossir ou espirrar e depois lave a mão
Use lenço descartável se for limpar o nariz
Não compartilhe objetos como talheres, pratos, copos ou garrafas
Mantenha os ambientes bem ventilados
9 – Evite contato próximo com pessoas com sinais de gripe
Como funciona o tratamento da gripe?
É preciso repousar, beber muito líquido e evitar álcool e cigarro
Remédios como o paracetamol (Tylenol) podem ser usados para combater febre e dores
Medicamentos antivirais, como o Oseltamivir (Tamiflu), podem reduzir complicações e óbitos em grupos de risco; eles devem ser usados dentro de 48 horas após os primeiros sintomas
Nos casos graves, pode ocorrer internação hospitalar
10 – Quais os cuidados extras podem ser tomados em creches, ambientes favoráveis à transmissão da gripe?
Não levar a criança à creche se ela estiver com gripe
Higienizar os brinquedos com água e sabão quando estiverem sujos
Usar lenço descartável para limpar as secreções das crianças e trocar diariamente lenços ou fraldas de pano
Lavar as mãos após contato com secreções das crianças
Observar as crianças com tosse, febre e dor de garganta e informar aos pais
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