O corte de R$ 4,2 bilhões no orçamento das universidades federais previsto para o próximo pode inviabilizar o funcionamento das instituições de ensino no próximo ano. O alerta é feito pelo reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) Edward Madureira.
Se confirmado, o corte será 18,2% da receita das instituições de ensino superior para 2020. Segundo Madureira, “muitas serão inviabilizadas a certa altura do ano que vem”. “Alguns contratos já não são honrados no fim do ano. É normal ter despesas com dois ou três meses de atraso quando fecha o ano”, disse à Rádio Bandeirantes Goiânia. Ele cita ainda o iminente aumento de gastos para garantir segurança sanitária quando as aulas retornarem presencialmente em 2021.
Além da ameaça de corte, as instituições federais de ensino lidaram recentemente com um contingenciamento e um bloqueio, revertidos após muitos protestos, mas em descompasso temporal que dificultou a execução orçamentária das universidades, segundo Madureira. “É impossível se planejar atividades num cenário desses”, afirmou.
Ele afirma que há três anos o orçamento das universidades estão congelados. “Num cenário em que contratos são reajustados, significa um decréscimo”, pontua. Ele cita o caso da UFG, que encerrou 2019 com R$ 20 milhões em aberto, fato que deve se repetir neste ano. “Os recursos deste ano não conseguem pagar as despesas de 2020 mais esses R$ 20 milhões. Fecharemos o ano de novo com dificuldades, com contratos atrasados caso não conseguimos nenhuma suplementação, o que, por enquanto, não há sinalização”, explica.
Cruzada pela educação
Os dirigentes das instituições federais de ensino tentam reverter o quadro ainda no Executivo, antes que a proposta chegue ao Congresso Nacional. Há duas semanas, os reitores se reuniram via videoconferência com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que sinalizou que tentaria reverter o corte. Caso o governo persista na ideia dos cortes, o caminho será sensibilizar parlamentares.
“Estamos numa cruzada para reverter isso. Caso não revertamos no Executivo, nos resta tentar reverter isso no Legislativo, que deu sinais de ser solidário à educação”, pontuou Madureira.
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