Maryam Mirzakhani, a primeira e, até agora, única mulher a ganhar a medalha Fields, prêmio considerado como o Nobel da matemática, morreu neste sábado (15), aos 40 anos, devido a um câncer de mama.
Mirzakhani começou a ganhar destaque no campo da matemática após suas participações, representando o Irã, na Olimpíada Internacional de Matemática de 1994 e 1995 -na qual ela conseguiu pontuação perfeita.
A iraniana era professora da Universidade de Stanford, na Califórnia, EUA, e foi premiada com a medalha Fields em 2014, ano em que o brasileiro Artur Avila também ganhou a premiação.
A honraria é concedida a cada quatro anos, desde 1936, a matemáticos com até 40 anos. Quando recebeu o prêmio, Mirzakhani já enfrentava batalha contra o câncer.
Segundo Marcelo Viana, diretor-geral do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) e colunista da Folha de S.Paulo, o trabalho de Mirzakhani, focado principalmente em matemática teórica, é tão complexo que ainda não se sabe exatamente quais suas possíveis aplicações práticas.
A Universidade de Stanford, ao anunciar a morte da pesquisadora, comparou seu trabalho a uma língua estrangeira para as pessoas não familiarizadas com o mundo matemático.
Geometria complexa e a teoria de Teichmuller faziam parte do corpo de pesquisa central da iraniana.
“Rosquinhas podem ser feitas de diferentes formas, mais delgadas, mais gordinhas. Uma das coisas que a teoria de Teichmuller faz é dar uma maneira de distinguir as diferentes rosquinhas”, compara Viana.
O diretor do Impa afirma que Mirzakhani conseguiu levar essa teoria a graus de refinamento inimagináveis.
“Quando você começa a responder questões matemáticas, há um limite no quanto de detalhes você consegue. Ela foi até o fim em detalhamento com seu trabalho”, diz.
O trabalho de Mirzakhani, no futuro, pode impactar a física teórica. É o “tipo de matemática que a cosmologia precisa para encontrar modelos no universo”, diz Viana.
A Olimpíada Internacional de Matemática, realizada no Brasil neste ano, terá um prêmio para incentivar a participação de mulheres na competição. A premiação deverá ser replicada nas próximas edições.
Viana afirma que o Impa irá propor que o prêmio receba o nome de Maryam Mirzakhani, pela importância de sua pesquisa e por quebrar barreiras relacionadas à presença de mulheres na matemática.
Maryam Mirzakhani deixa o marido, Jan Vondrák, e a filha, Anahita.
Leia mais sobre: Notícias do Estado