Em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás a deputada federal delegada Adriana Accorsi, pré-candidata à Prefeitura de Goiânia analisa o peso da candidatura pelo PT. Adriana fala sobre a estigmatização do seu partido em Goiás e sobre como vai tratar o antipetismo, concordando que o antipartidarismo pode marcar também legendas da direita.
Ao editor-chefe do Diário de Goiás, jornalista Altair Tavares, ela ainda conta que continua buscando alianças com outros partidos até as convenções. Leia a primeira parte da entrevista.
Altair Tavares – Deputada, a senhora posiciona-se, segundo pesquisas eleitorais, por enquanto, ali no primeiro time. O time que tem Vanderlan Cardoso, Gustavo Gaer, entre as intenções de voto para prefeito de Goiânia. Essa posição tem uma situação política que nos dá uma interpretação clara de que se trata de um processo indefinido. Comparando com a eleição anterior, nesse momento a senhora está bem melhor do que o processo eleitoral anterior, em que a senhora não figurou assim. Por que?
Adriana Accorsi – Bem, é bom ressaltar que as pesquisas são um retrato de um momento. Isso tudo pode mudar até as eleições, geralmente muda mesmo nesses meses aí nós temos próximos até o dia da eleição mesmo. Agora, eu atribuo a vários fatores. Primeiro, a nossa atuação como parlamentar, a nossa experiência e principalmente eu acredito que a população de Goiânia percebe o meu desejo, o meu sonho de ser prefeita de Goiânia. E muitas pessoas cogitam nos dar essa oportunidade diante da nossa grande vontade mesmo de cuidar da cidade. Acho que ela atravessa um momento de muita dificuldade. Goiânia atravessa um momento de descaso, de abandono, de problemas sérios, onde também as pessoas se voltam para um olhar experiente, para um olhar de pessoa conhecida, que é da cidade. Enfim, são vários fatores e a gente espera realmente que isso nos leve aí a essa oportunidade de cuidar de Goiânia.
Altair Tavares – A disputa eleitoral, já que tratamos só da comparação entre essa e a última, evidentemente tem situações muito diferentes, aquela tinha Maguito Vilela, ou seja, e ao mesmo tempo Vanderlan Cardoso. Esse ambiente mudou muito da eleição passada para cá, considerando inclusive os ataques que eram feitos ao PT e a imagem do PT?
Adriana Accorsi – Olha, eu imagino, eu acredito que sempre os contextos históricos mudam muito de uma eleição para outra, até porque a cidade muda. Os problemas que ela atravessa e as pessoas envolvidas também. Eu, por exemplo, me sinto muito mais preparada, muito mais experiente, com muito mais conhecimento do que na eleição passada, tanto para o enfrentamento de uma campanha eleitoral complexa como essa, mas sobretudo para, de fato, governar a cidade. Então, eu penso que muda muito. E o contexto relacionado ao partido também alterou-se bastante, tanto é que hoje estamos na presidência do país, né, com uma grande vitória, realizando um trabalho de grandes mudanças nas políticas públicas no país. E eu, como vice-líder do partido na Câmara, acompanho de perto, né, com bastante atuação também junto ao governo federal e as políticas públicas para trazê-las para Goiás, para Goiânia, então vejo que mudou bastante.
Altair Tavares – E nesse contexto, da eleição passada pra cá, o que não mudou no país foi a polarização. Ela estará presente nessa eleição e, penso, imagino que até agora, né, um dos participantes, aposta muito nessa polarização. Qual a sua avaliação sobre esta situação considerando a situação política do país, onde o governo está inserido também?
Adriana Accorsi – Olha, é importante que pré-candidatos, políticos, políticas, né, pessoas públicas, não fujam de nenhum debate. Acho que nós temos que estar prontos, de forma transparente, sincera, honesta a colocar todos os nossos posicionamentos, isso é um direito da população. Mas eu acredito que nós, enquanto povo, enquanto nação, estamos caminhando para superar essa polarização, principalmente nessas eleições municipais, onde o foco deve ser, de fato, os problemas que a cidade enfrenta, que as pessoas que vivem aqui enfrentam todos os dias da sua vida e que precisam de soluções, então eu penso e essa será a minha voz nesta campanha, o meu movimento político no sentido de focar no debate sobre os problemas da cidade e quais são as soluções, porque acredito que é isso que a população espera de nós, a posição política ideológica a população já conhece, já conhece a minha, já conhece dos demais pré-candidatos, já sabemos isso. Acho que o importante agora é saber qual a solução para a dificuldade tremenda que nós temos hoje com o transporte público desumano, cruel, qual é a solução do candidato? Eu acredito que a campanha deve nesse sentido e é isso que vai trazer muito conhecimento e poder de decisão para as pessoas.
Altair Tavares – Uma das questões críticas do processo, que a gente ouve com bastante frequência, é que a senhora tem uma imagem positiva na cidade, mas que o partido atrapalha. Com muita frequência essa mensagem é passada. Esse tipo de informação, que é uma forma de te atacar, na prática, atacando o partido ou algo assim. Como é que a senhora reage?
Adriana Accorsi– Bom, Altair, você sabe que eu cresci na política. Então, eu reajo com muita tranquilidade a qualquer e todo tipo de questionamento e colocação dessa forma. Ainda mais porque não se trata de uma crítica minha pessoa. Então, não levo isso para um lado pessoal, de forma alguma, respondo com todo carinho, com sinceridade. Nós sabemos, o Brasil tem dezenas de partidos políticos. Uma pessoa não deixa de ser boa ou é ruim por causa de um partido. As pessoas precisam ver quem é a candidata, quais são suas propostas, a sua história de vida, a sua honestidade, a sociedade, nos cargos públicos que ela já ocupou, o conhecimento da cidade, eu penso que hoje, o momento que a gente atravessa, essa questão da identidade com a cidade, a pessoa que vive em Goiânia, que conhece os seus problemas de verdade, não adianta querer conhecer no período eleitoral, isso não é o suficiente, nós percebemos isso, com o que estamos atravessando hoje em Goiânia, precisamos de gente que conheça a cidade de verdade, que tem soluções, que amor e vontade de governar a Goiânia. Então, eu penso que tudo está acima dessa questão partidária, são 30 e tantos partidos, a pessoa tem que escolher e eu tenho falado, viu? Tá aí, peço licença aqui para colocar, de forma simples e muito tranquila que as escolhas, as pessoas podem ter escolhas diferentes e se respeitarem conviverem bem. Como nós aqui em Goiânia, tem os vila-novenses como eu, tem quem torce para o Goiás, o Atlético, o Goiânia e outros times, mas nós nos respeitamos, gostamos, podemos conviver tranquilamente, essa é a mesma questão do partido político e eu acredito que a população vai saber perceber também a importância de escolher a candidata, o candidato.
Altair Tavares – Quem colocar essa questão do antipetismo pode ter também o anti-PL, qualquer antipartido… Isso serve também de argumento?
Adriana Accorsi– Olha, eu acredito que sim. Obviamente nós passamos por um período em que o Partido dos Trabalhadores estava no poder e era alvo de grandes ataques, nós passamos um período de desgaste, mas eu acredito que toda a verdade está sendo revelada. Tanto que o presidente Lula foi eleito presidente da República. Hoje agimos de uma forma republicana, governando com todo mundo, chamando todos a uma parceria para cuidar do país. Eu creio que tudo isso reflete também um novo momento político.
E nós temos que retomar, o respeito democrático na política, de respeitar as pessoas que fazem parte de outros partidos, que pensam diferente da gente. Esse é um pensamento que eu tenho de defender. Defender a democracia, defender o debate e sempre respeitar as pessoas que estão participando do processo.
Altair Tavares – Hoje nós temos hoje, por incrível que que pareça, profissionais de fakes, de fake news, temos profissionais de ódio no processo eleitoral e profissionais de disseminação de situações falsas. Como delegada, a senhora vai reagir a isso como? Como candidata aliás…
Adriana Accorsi– Como cidadã. Eu acredito que o país precisa reagir, Altair. As mentiras disseminadas, principalmente por redes sociais, elas fazem muito mal. Um exemplo eu quero colocar agora. Hoje é o dia D da vacinação da poliomielite, doença gravíssima, incurável, infecciosa, que foi declarada extinta no Brasil em 1994, há 30 anos, e por causa das mentiras sobre vacinas, nós estamos, infelizmente, tendo essa doença de novo no Brasil. Isso é muito grave. Imagina uma criança deixar de andar, de correr, de brincar, por causa dessas mentiras.
Então essas fake news, essas mentiras, elas matam, elas destroem a nossa vida. Nós precisamos combater e, principalmente, durante as campanhas eleitorais, elas podem fazer muito mal. Eu acredito que nós todos, como país, como nação, precisamos combater, precisamos agir com indignação e a Justiça precisa punir com rigor as pessoas que disseminam mentiras, como aconteceu agora no caso dos alagamentos, da tragédia no Rio Grande do Sul, onde nós tivemos mentiras terríveis sendo disseminadas e que prejudicaram as doações e a questão da solidariedade às pessoas que foram vítimas. Nós precisamos combater as fake news, as mentiras e, principalmente, nós políticos dar o exemplo de honestidade e de civilidade.
Altair Tavares – Qual será, ou qual é já, o grau de prioridade do PT nacional e de Lula para a sua disputa eleitoral, para o seu apoio aqui em Goiânia, e também, evidentemente, para buscar a vitória?
Adriana Accorsi– Bom, temos uma prioridade nessas eleições de uma forma geral, tanto de candidatos e candidatas do nosso partido, como de outros partidos. O que o presidente precisa e quer são prefeitos e prefeitas parceiros, para que as políticas públicas possam chegar até as pessoas, elas acontecem no município, né?
Então, Minha Casa Minha Vida acontece no município, Farmácia Popular, o Bolsa Família, então esses projetos eles têm que acontecer na cidade e para isso precisa prefeitos e prefeitas parceiros, por exemplo, quantas casas do Minha Casa Minha Vida foram entregues em Goiânia?
Altair Tavars – Quantas?
Adriana Accorsi – Zero. Nenhuma. E nós precisamos de milhares de moradias , nós temos milhares de pessoas. Cadê a política para as pessoas em situação de rua que o governo federal está implantando? Cadê as policlínicas? As escolas em tempo integral? Entendeu? As políticas não chegam à Goiânia porque a prefeitura não se interessa em ser parceira. Nós temos prefeituras em Goiás que o prefeito foi grande apoiador do ex-presidente na campanha e hoje tem uma grande parceria.
Estive lá em Rio Verde como ministro das cidades, lançando 500 casas do Minha Casa Minha Vida, por exemplo, e muitas outras, dezenas de outras que estarão, por exemplo, agora no novo PAC.
Então, a prioridade é essa, a prioridade é eleger prefeitos e prefeitas parceiros, seja do mesmo partido, seja de um partido aliado. Goiânia está na prioridade porque estamos, graças a Deus, graças a essa confiança da população, o conhecimento da população, estamos muito bem colocadas em todas as pesquisas e por isso, nós temos a real possibilidade de vencer as eleições e fazer uma grande parceria com o Governo Gederal em Goiânia para obras, terminar as obras paradas, lutar contra esse grande déficit de vagas nos Cmeis, né? Na questão da saúde, construção de unidades de saúde, nós precisamos de um hospital pediátrico em Goiânia, gente. Não tem como mais as pessoas passar madrugada procurando um lugar para sua criança doente ser atendida. Então são muitas obras e também teremos uma grande parceria com o governo estadual, porque temos uma relação de respeito com o governador e vamos trabalhar pelo bem da população de Goiânia.
Altair Tavares – Fechando agora nosso bloco sobre questões de política, o empresário Sandro Mabel se referiu a sua candidatura como uma aventura, querendo falar de inexperiência, ou também uma crítica ao partido. Como a senhora avaliou esse, digamos, ataque do empresário?
Adriana Accorsi – Olha, eu espero que nós tenhamos uma campanha de alto nível. Eu vou trabalhar nesse sentido. A população de Goiânia pode esperar da minha parte, alto nível, respeito e realmente um debate focado em propostas. A população de Goiânia me conhece, conhece a minha história, a minha experiência como delegada, chefe da Polícia Civil, secretária de Defesa Social, inclusive foi chefe da nossa Guarda Civil Metropolitana, da Defesa Civil órgão tão importante nessa questão do combate aos alagamentos e também a proteção das pessoas que vivem em áreas de risco.
Então, tenho conhecimento de Goiânia, experiência no serviço público e também mora em Goiânia. Aqui que eu vivo, criei as minhas filhas. A população de Goiânia vai saber escolher muito bem, eu tenho certeza.
Altair Tavares – O PT e a senhora buscam aliados ao centro, porque até agora não foi fechada essa aliança? Ou ainda não é o momento? O que acontece nessa negociação, considerando que seu pai foi eleito prefeito de Goiânia numa aliança com o PSDB, lá em 1992, o que era muitíssimo improvável de ter acontecido… e hoje muita gente, quando se fala disso, pode até achar que foi um absurdo, não é algo assim. Mas é fato que Paulo Garcia também numa aliança com o MDB fez uma aliança ao centro. Agora, ainda há tempo desse tipo de aliança?
Adriana Accorsi – Sim, as conversas estão acontecendo neste momento. Até as convenções, e ainda falta alguns meses para que elas aconteçam, essas conversas ocorrem. Até porque, veja que as pré-candidaturas ainda estão sendo colocadas. A única que realmente é certeza, que já foi totalmente consolidada, é a nossa pré-candidatura do Movimento Somar por Goiânia, que já temos vários partidos nos apoiando. Então essas conversas estão acontecendo, ainda há candidaturas que estão sendo decididas, né? Será que será candidato mesmo, será que não.
Então, todo esse movimento, ele acontece nesse momento e agora que vamos tomar essas decisões até as convenções. Eu imagino, diante desse cenário incerto que nós temos, que somente nas vésperas mesmo das convenções é que nós saberemos quem de fato será candidato, além de mim, e serão as alianças colocadas. E nós estamos fazendo esse movimento, Altair, de convidar partidos de outros espectros políticos para somarem com a gente, justamente diante do desafio que se coloca a Goiânia, que se faz necessário, né, de fato, um amplo movimento político muito além dessa questão ideológica. Não só para ganhar as eleições, mas para governar.
Hoje, se faz necessário diante da desconstrução das políticas públicas e dos grandes desafios que se colocam para que a gente possa rapidamente, de forma consistente, retomar o desenvolvimento de Goiânia, resolver esses problemas graves de lixo, de iluminação, de transporte público, de saúde que está um caos. Gente, vocês acreditam que até hoje os uniformes das crianças, do ensino infantil não foram entregues? Nós estamos entrando em junho. Você já viu isso em Goiânia? Eu nunca vi. É um caos. Então nós precisamos resolver esses problemas, retomar o desenvolvimento, geração de emprego e renda, modernização, olhar para o futuro. Enfim, desafio imenso.
Estou preparada para liderar este grande movimento de reconstrução de Goiânia, mas é necessário que haja uma grande união de forças políticas para que isso de fato aconteça e nós faremos isso.
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