Um clima de constrangimento tomou o Senado. Dois projetos de senadores do PDT previam crimes hediondos para corrupção passiva e ativa, mas só um deles avançou. O presidente Renan Calheiros colocou em pauta e o plenário aprovou o PLS 204/2011, de Pedro Taques (MT), que tramitava na CCJ. Ocorre que na mesma comissão está parado, desde Março, o PLS 253, apresentado por Cristovam Buarque (DF) em 2006. Resguardadas as peculiaridades dos textos, trata do mesmo assunto. Coincidentemente, a relatoria do projeto de Cristovam está com o senador Pedro Taques.
Panos quentes
Embora aliados, Pedro Taques e Cristovam Buarque (PDT-DF) ainda não haviam conversado, até ontem à noite, sobre o assunto.
Dever de casa
Taques, ontem fora de Brasília, disse que não se lembrava do texto do projeto de Cristovam, sob sua relatoria na CCJ. ‘Mas vou pesquisar’.
Mal estar
Procurado pela coluna, Cristovam não quis polêmica. ‘Tenho fortes laços com Taques’. Porém, entre os corpos técnicos legislativos houve um mal estar.
Cassação certa
O deputado Sérgio Zveiter (PSD-RJ) vai pedir a cassação do deputado Natan Donadon (PMDB-RO), que teve mandado de prisão expedido pelo STF por maracutaias quando era deputado estadual. Zveiter será o relator do caso na Comissão de Constituição e Justiça. Mas não será tão rápido. A CCJ terá cinco sessões para Donadon se defender.
Voltas do mundo
Veja as voltas que o mundo dá: dia 11 de março de 1983 o jornal Zero Hora publicou a manchete: Governo veta Copa no Brasil. Foi decisão do presidente, general João Figueiredo, que contrariou pedido da CBF e da FIFA. Achava ser gasto desnecessário.
Força do Povo
Da noite para o dia, os Três Poderes começaram a mostrar trabalho. A presidente trabalha por reforma política. O Congresso tira da gaveta projeto que torna corrupção crime hediondo. E até o STF ‘lembrou’ que tinha um deputado para ser preso, há meses.
Quebradeira
Em BH, bandidos-manifestantes depredaram 17 carros em concessionária Volks na Av. Antonio Carlos. Não sabiam, mas o dono é um deputado estadual. De bom currículo.
Cotonete popular
Procurador de carreira, o senador Taques (PDT-MT) comemora o arquivamento da PEC 37. ‘Os deputados tiraram a cera do ouvido. Eles ouviram o cidadão’.
Força do Povo 2.0
O voto aberto, que passou pelo Senado, e se aprovado a tempo na Câmara, pode ser usado na eventual cassação do deputado Donadon (PMDB-RO) em plenário. ‘Com vontade política imediata, poderá, sim’, frisa o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Dono da frase
É do ex-ministro Mario Negromonte (Cidades) a análise, e não de José Pimentel: ‘É uma grande gestora. Precisa delegar mais aos ministros. Lula fez diferente. Era político e deixava seus ministros serem gestores’.
Desencontros
‘A agenda da reforma política sempre foi pautada e nunca conseguimos realizar. A concorrência é dentro do próprio partido ou coligação. É por isso que não conseguimos fazê-la’, explica o senador Pimentel (PT-CE), líder do Governo no Congresso.
E o corruptor?
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) apresentou emenda ao projeto do crime hediondo aprovado. ‘Aquele que patrocina a corrupção, que transforma o sujeito em corrupto é tanto corrupto quanto o outro’. Bem lembrado
Lupa
Um dado curioso nas pesquisas encomendadas em Brasília. Em todas, alternam-se na liderança os futuros candidatos. Mas não muda a rejeição ao governador Agnelo (PT).
Pé no chão
Veterano, o senador Benedito de Lira (PP-AL) não crê em reforma política prometida. Sentencia com fato: ‘Durante muito tempo não se fez’. Com a palavra, o Congresso.
Estrago feito
A assessoria do senador Sarney avisa que o filho retirou o processo de censura contra o Estadão. Mas a coluna lembra que houve a iniciativa. Triste.
Ponto Final
Os protestos nas ruas estão tão desorganizados que faltam chamar a Vanusa para cantar o hino nacional.
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Com Maurício Nogueira e Adelina Vasconcelos
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