Um mês após ter sido eleito presidente do comitê de investimentos do FI-FGTS, o fundo que aplica em infraestrutura dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) dos trabalhadores, Luiz Fernando Emediato renunciou ao posto na manhã desta quarta (28).
Na mesma reunião em que apresentou sua renúncia, o comitê elegeu Suzana Ferreira Leite, da UGT (União Geral dos Trabalhadores), como nova presidente.
Ele deixou o cargo porque executivos de empresas atingidas pela Operação Lava Jato que colaboram com as investigações, como a Odebrecht e a JBS, disseram ter pago propina a políticos e dirigentes do comitê em troca de recursos do fundo, que tem cerca de R$ 35 bilhões.
Emediato, que é jornalista e dono da editora Geração Editorial e entrou no comitê do fundo por indicação da Força Sindical, foi apontado por delatores como uma das pessoas que receberam propina.
“Minha defesa é simples. Não estava no FI no caso da delação da Odebrecht nem estava no MTE [Ministério do Trabalho] quando trabalhei para a JBS. Nesse último caso sou tão culpado quanto o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles”, afirmou Emediato nesta quarta à reportagem. “Ou seja, zero de culpa. Mas infelizmente eu pago à vista o custo de ter sido injustamente citado e recebo a longo prazo a comprovação de minha inocência”.
Logo depois da eleição do jornalista, no fim de maio, integrantes do Conselho Curador do FGTS, de onde sai o dinheiro do FI-FGTS, começaram a articular um pedido de afastamento de Emediato até que a situação seja resolvida.
O comitê do FI-FGTS tem 11 integrantes -seis representam o governo, dois são indicados por sindicatos e três pelas empresas. O mandato do presidente tradicionalmente é de um ano, e o cargo é preenchido por um rodízio de representantes das três bancadas.
MUDANÇA
As delações fizeram a Caixa reformular o FI-FGTS, que deixou de investir na compra de ações das empresas favorecidas e agora só libera recursos para empréstimos.
Para se habilitar aos financiamentos, os interessados precisam se inscrever nas chamadas públicas. Cada projeto é analisado por funcionários da Caixa antes de ser submetido à apreciação do comitê de investimento.
Os projetos aprovados nessa instância seguem para o conselho curador, que dá a palavra final. (Folhapress)
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