Uma pesquisa desenvolvida pela Laboratório de Climatologia (Climageo) do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (UFG) confirmou que as características das chuvas ocorridas nos últimos meses, rápidas, porém intensas, favoreceram o aumento do volume das águas nos córregos e rios que cortam a malha urbana, o que facilita a ocorrência de alagamentos em diversos pontos da capital goiana.
Os pesquisadores analisaram a relação dos eventos pluviométricos com as áreas mais propensas a ocorrência de alagamentos e inundações em Goiânia. A partir de registros da Defesa Civil entre os anos de 2008 e 2012 e dados de chuvas, fornecidos pelo Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) e o Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de Goiás (Simehgo), o estudo apontou quais as regiões são propícias a alagamentos, como as áreas próximas ao Ribeirão Anicuns, a região Central da cidade e locais próximos à planície do Rio Meia Ponte.
De acordo com o estudo, a estrutura de drenagem da região Central de Goiânia não capta de forma eficiente o volume do escoamento superficial e ainda há áreas próximas aos córregos que, em função do relevo, declividade e rampas longas, tendem a acelerar o fluxo das águas em direção aos canais de drenagem, o que tem contribuído para causar transtornos em alguns pontos da cidade, como nas imediações da Marginal Botafogo.
A pesquisa mostra ainda que as áreas próximas à planície do Rio Meia Ponte, onde deságuam alguns dos córregos da cidade, também são locais onde se evidenciam os alagamentos, pois têm capacidade de infiltração afetada pela impermeabilização e canalização de drenagem.
Conforme a pesquisa, as medidas paliativas não resolverão os problemas, mas podem amenizá-los. De acordo com a coordenadora do estudo, Gislaine Cristina Luiz, é possível amenizar esses processos com a construção de estruturas para captar o fluxo superficial da água da chuva, com o intuito de retirá-la da superfície e redistribua-la na bacia hidrográfica, de forma que atinja os canais de drenagem mais lentamente, diminuindo o tempo de pico da vazão.
Cristina Luiz ressalta que o ano de 2015 está sob o efeito do fenômeno El Niño e que o comportamento das chuvas apresenta variações. “Sob esta influência, as chuvas da nossa região apresentarão tendência de ocorrer de forma mais intensa, mas em curtos períodos. O El Niño não traz variações no total das chuvas, mas sim modifica a distribuição das chuvas na nossa região, assim chove-se mais intensamente, porém em número menor de dias”, explica.
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