Em uma votação quase secreta, foi aprovado o projeto que adia o pagamento de parcelas da Data Base dos servidores públicos para 2018. Muito tumulto e confusão durante a votação do tema. De um lado, reclamação de que servidores que ocuparam a galeria espalharam gás lacrimogêneo. De outro, sindicalistas reclamam que houve manobra para que ocorresse votação fora do plenário.
Aprovação
O projeto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça. A orientação do governador Marconi Perillo (PSDB) para o líder da base na Assembleia, José Vitti (PSDB) é que o projeto fosse aprovado sem modificação. Os servidores tentavam sensibilizar o governo de pagar os valores referentes a 2015, no ano de 2016, mas a resposta foi negativa sob a alegação de dificuldades financeiras.
“Infelizmente todas as tentativas de negociação foram exauridas. Mas o Estado está sem condições de cumprir com este acordo firmado no passado, por conta da situação financeira”, relata o líder do governo, José Vitti.
Como o governo não cedeu ao pedido feito pelos servidores, as diferentes categorias da área da Segurança Pública pretendem fazer uma paralisação geral de 24 horas.
“Decidimos que faremos uma ação denominada Operação Padrão, Atividade Zero. Nós atenderemos ocorrências por 24 horas. Sabemos que a sociedade perde muito, não queremos chegar a este ponto, mas não podemos chegar a dois anos sem reposição salarial, precisamos que o acordo seja cumprido”, ressalta o presidente do Sinpol Goiás, Paulo Sérgio Alves Araújo.
Gás lacrimogêneo
Assim que o projeto foi aprovado na CCJ no auditório Sólon Amaral, os deputados se dirigiram para o plenário Getulino Artiaga da Assembleia Legislativa para votar o texto No entanto, quando todos entraram havia um forte odor de gás lacrimogêneo.
Seguranças da Assembleia e alguns deputados acusaram os servidores que ocupavam as galerias de terem jogado o gás. Sindicalistas acreditam que tenha havido uma manobra para que o produto químico fosse lançado e a votação ocorre em outro espaço, sem a presença dos servidores.
O presidente da Casa, Hélio de Sousa (DEM) suspendeu a sessão em plenário e transferiu para o auditório Sólon Amaral. Representantes das entidades de classe não puderam acompanhar a votação no espaço. A imprensa por pouco também não ficou de fora.
Houve tumulto, seguranças isolaram as portas. Alguns servidores ficaram presos nos saguões. Nem podiam sair e nem entrar. Os sindicalistas que não estavam nas galerias, o local de onde saiu o gás não puderam acompanhar a votação e pressionaram, tentaram conversar com os seguranças da Casa, que apenas diziam que estavam seguindo ordens.
O tumulto no corredor que divide o plenário do auditório Sólon Amaral durou vários minutos. Profissionais de imprensa fizeram pressão para entrar no espaço e acompanhar a votação. A entrada de repórteres, cinegrafistas e fotógrafos só foi possível após intervenção dos deputados da oposição.
Houve pedido de que a votação só começaria com a entrada da imprensa. Inicialmente houve uma ordem para que apenas cinegrafistas acompanhassem, dentro do auditório, o que gerou insatisfação dos profissionais das outras mídias. A condição foi revista e a imprensa pode acompanhar o processo.
“Fizemos um alerta ao presidente em nome da democracia. A matéria poderia ter sido votada em plenário. Que se esperasse um tempo para votação” destaca o deputado José Nelto (PMDB).
De toda forma, os servidores foram proibidos de acompanhar a votação. Durante a discussão da matéria, o presidente Hélio de Sousa, argumentou que havia telões do lado de fora e que os servidores poderiam acompanhar, negando que estivesse ocorrendo uma votação secreta.
Mais confusão
Do lado de fora, os servidores ainda acompanhavam e continuavam tentando entrar no auditório Sólon Amaral. O presidente Hélio de Sousa argumentou que o projeto estava apto para ser votado desde a última quinta-feira e que não foi apreciado para dar margem de negociação.
Questionado o porquê não transferiu a votação para outro dia, para que os ânimos fossem acalmados e os servidores pudessem acompanhar a aprovação da matéria, já que esta era a tendência, devido a ampla maioria da base governista, o presidente ressaltou que o auditório oferecia todas as condições.
“Quero dizer que como temos condições adequadas na Casa de manter e continuar em outro espaço, eu não vi problema em continuar no andamento da questão. O que a gente nota é que esta matéria poderia ser votada na quinta-feira, as condições eram muito menos hostis do que hoje, sem qualquer prejuízo, achamos por bem manter a votação para esta tarde”, argumentou o presidente.
Segunda votação
O projeto está apto a ser aprovado pelos deputados estaduais em segunda e última votação na noite desta quinta-feira (3), ou na sessão ordinária da próxima terça-feira (8).
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