O presidente Donald Trump vai declarar nesta sexta (13) sua intenção de não certificar o cumprimento, pelo Irã, do acordo sobre o seu programa nuclear, assinado em 2015, segundo a imprensa americana.
A decisão joga para o Congresso a responsabilidade sobre retomar ou não as sanções contra Teerã suspensas pelo acordo, o que determinaria o fim do tratado firmado entre o Irã e o grupo chamado P5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha).
O presidente, no entanto, vai pedir que o Congresso estabeleça novas exigências ao Irã, cujo descumprimento seria um “gatilho” para a retomada imediata das sanções, segundo o “New York Times”.
Entre os “gatilhos” considerados pela Casa Branca, estão a eventual continuação dos lançamentos de mísseis balísticos pelo Irã, sua possível recusa em estender a duração do limite estabelecido à sua produção de combustível nuclear ou uma futura conclusão, pela inteligência americana, de que o país pode produzir uma arma nuclear em menos de um ano.
O anúncio será feito no início da tarde, durante um pronunciamento de Trump sobre sua “nova estratégia para o Irã”, cujos pontos principais foram divulgados em nota pela Casa Branca na noite de quinta (12).
“As atividades do regime iraniano prejudicaram severamente quaisquer contribuições positivas para ‘a paz e a segurança regional e internacional’ que o Plano Abrangente de Ação Conjunta [como é chamado o acordo] procurou alcançar”, diz a nota da Casa Branca.
Segundo o documento, o regime iraniano “mostrou um comportamento perturbador”, visando “explorar as lacunas” do acordo e “testar a determinação da comunidade internacional”. “Vamos negar ao regime iraniano todos os caminhos para desenvolver uma arma nuclear”, afirma o texto.
A opção de não certificar o cumprimento mas pedir que o Congresso estabeleça novas exigências seria um meio termo entre manter o pleno funcionamento do acordo e a sua completa extinção.
A decisão foi fruto de uma intensa divisão dentro do governo Trump, com os secretários de Estado, Rex Tillerson, e de Defesa, Jim Mattis, defendendo que é os limites estabelecidos pelo acordo hoje são de interesse da segurança nacional dos EUA.
Desde a campanha, Trump vinha criticando duramente o acordo, que segundo ele foi “um desastre” e “o pior acordo já feito” pelos Estados Unidos. A decisão sobre certificar ou não o cumprimento, pelo Irã, das cláusulas do tratado precisa ser enviada ao Congresso americano até o domingo (15).
Pelos compromissos determinados no acordo, o Irã deveria reduzir em dois terços o número de centrífugas para enriquecimento de urânio até 2025, diminuir para 300 kg seu estoque de urânio enriquecido a 98% (usado em ogivas nucleares) e limitar o enriquecimento a 3,67% (suficiente para uso pacífico), e permitir a visita de inspetores da ONU a suas instalações nucleares e militares.
Os demais países do acordo se comprometeram em levantar sanções econômicas mediante o cumprimento pelo Irã.
Guarda Revolucionária
O documento divulgado pela Casa Branca, contudo, não trata só da questão nuclear, e diz que a nova estratégia dos EUA para Teerã “tem como foco neutralizar a influência desestabilizadora do governo do Irã e frear sua agressão, particularmente seu apoio ao terrorismo e a militantes”.
Trump vai ainda anunciar ainda sua intenção de impor mais pressão contra a Guarda Revolucionária Iraniana, mas não está claro se ele vai designá-la uma organização terrorista. O texto também afirma que Trump pedirá à comunidade internacional que condene as violações de direitos humanos por parte da Guarda Nacional e as detenções de cidadãos americanos e demais estrangeiros.
“Vamos trabalhar para negar ao regime iraniano -e especialmente a Guarda Revolucionária (IRGC)- financiamento para suas atividades malignas e vamos nos opor às atividades da IRGC que extorquem a riqueza do povo iraniano”, diz o documento da Casa Branca.
Outros pontos principais da nova política são “revitalizar alianças tradicionais e parcerias regionais como baluartes contra a subversão iraniana e restabelecer um equilíbrio mais estável de poder na região”. (Folhapress)
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