O “presente de Natal” que o presidente Donald Trump prometeu para os americanos ainda é incerto. O Senado deve votar nesta semana a reforma tributária proposta pelo republicano, que promete acelerar a economia.
Críticos da medida, porém, levantam dúvidas sobre sua eficácia -e congressistas chegaram a um impasse na noite desta quinta (30).
A principal medida do plano é a redução de impostos para empresas americanas -a alíquota cairá de 35% para 20%. A ideia é que isso ajude a atrair investimentos e reduza os custos dos negócios, criando mais empregos, ainda que analistas questionem a relação de causa e efeito.
“Vamos restaurar a competitividade da América; é um corte histórico”, afirmou Trump recentemente. “Todas essas empresas indo embora, uma atrás da outra -isso não vai acontecer mais.”
Nesta semana, o presidente foi a Missouri, Estado com forte atividade industrial, para discursar sobre o plano. Diante de árvores de Natal, reforçou o bordão da “América em primeiro lugar” e disse que a reforma “cuida dos trabalhadores, protege nossas comunidades e [ajuda a] reconstruir nosso país”.
Economistas admitem que o corte de impostos turbina, pelo menos em curto prazo, o desempenho da economia. A carga tributária de parte da classe média também deve diminuir, com cortes de impostos que valem até 2025.
Mas há dúvidas sobre se isso realmente atrairá investimentos ou elevará contratações -ou se apenas aumentará o lucro dos empresários.
Poucas horas antes da votação desta quinta (30), uma análise de uma comissão bipartidária do Congresso informou que o plano não “se paga”, como vinham argumentando os republicanos.
O crescimento econômico decorrente do corte de impostos, diz o documento, geraria receita de US$ 458 bilhões ao governo em dez anos, contra uma perda de US$ 1,4 trilhão.
Isso pode significar cortes em áreas como saúde ou educação, ou então o aumento da dívida pública americana, hoje em US$ 14 trilhões.
Também há ressalvas à reforma por beneficiar grandes corporações e os mais ricos -incluindo a família Trump.
Reduções nos impostos sobre a propriedade podem render economia de US$ 1 bilhão às empresas do presidente, segundo o “New York Times”. Além disso, o fim de incentivos a empréstimos estudantis é visto com reservas; pode reduzir o acesso à universidade.
Cenário político
Caso a reforma seja aprovada, Trump e o Partido Republicano darão uma demonstração de força ao final do primeiro ano de governo —mas há grande oposição à medida entre democratas e indecisão entre republicanos.
“Num momento em que grandes companhias estão batendo recordes de lucros, os republicanos acham que o país precisa é de um bando de benefícios fiscais para os mais ricos”, disse a senadora democrata Elizabeth Warren.
Os congressistas argumentam que houve pouco tempo para o debate da reforma. Mesmo entre republicanos, há dúvidas. Nesta quinta, três senadores do partido ainda não haviam declarado voto.
Alguns legisladores pediam a introdução de um “gatilho” na lei, que estabeleça o aumento de impostos caso a economia não cresça como o previsto. Com o impasse, a votação foi suspensa e será retomada nesta sexta (1º).
Na iminência da aprovação do texto, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, atingiu novo recorde. Trump, porém, nega que os mais ricos e as empresas sejam os mais favorecidos. “Bom, se for, meus amigos não sabem disso”, afirmou, entre risos, em discurso nesta semana.
O que está em jogo
Reforma tributária de Trump reduz impostos, mas aumenta deficit
1) Redução de impostos para empresas
A alíquota para empresas cai de 35% para 20%, o que, segundo o governo, atrai investimentos ao país
2) Aumento da dívida pública
O corte de impostos representará uma perda de US$ 1,4 trilhão aos cofres públicos pelos próximos dez anos, o que pode levar a cortes orçamentários ou a um aumento da dívida
3) Crescimento econômico e mais empregos
Trump promete atrair mais empresas aos EUA com as novas alíquotas e aliviar a carga tributária da classe média. Há dúvidas, porém, sobre a eficácia da proposta, e parte dos cortes de impostos só vale até 2025
4) Benefícios para os mais ricos
Fim de benefícios fiscais a empréstimos estudantis e redução de impostos sobre propriedade podem aumentar a desigualdade, segundo analistas
5) Vantagens para Trump
O corte de impostos sobre imóveis pode poupar até US$ 1 bilhão das empresas do presidente, segundo o New York Times (Folhapress)
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