A investigação formal contra o Brasil anunciada pelo governo dos Estados Unidos na terça-feira (15), e já em andamento, mira o Pix alegando que é desleal à competitividade nos moldes norte-americanos. Ironicamente, apoiadores da pressão de Donald Trump sobre o Brasil é que frequentemente acusavam o governo brasileiro de expor o Pix a risco.
A investigação determinada por Trump sobre o Pix já foi oficializada pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) e pede também apuração sobre o comércio de produtos falsificados, como o que ocorre na popular rua 25 de Março, em São Paulo, citada no documento.
A pressão da Casa Branca abordou da pirataria ao acesso no mercado de etanol brasileiro, chegando ainda a citar desmatamento ilegal. Esta última pauta é outro ponto de ironia porque é frequentemente minimizada pela extrema-direita bolsonarista que vem apoiando as imposições de Trump iniciadas na última semana.
Críticas ao Pix que tem 170 milhões de usuários
Ao pedir a investigação, a Casa Branca fez críticas ao sistema de pagamentos instantâneos do Pix, acusando o Brasil de adotar práticas que “minam a competitividade”, se referindo a empresas americanas de comércio digital e a serviços de pagamento eletrônico.
Autorizado desde 2020, o Pix é atualmente a principal, mais popular e acessível ferramenta de pagamento eletrônico do Brasil, com mais de 170 milhões de usuários registrados.
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O documento divulgado pelo USTR, aponta que uma das principais preocupações dos EUA está na suposta vantagem concedida pelo governo brasileiro ao Pix. A reclamação, entretanto, parte da premissa óbvia e protecionista, de que o sistema teria sido estruturado de forma a beneficiar serviços locais em detrimento de soluções oferecidas por empresas norte-americanas.
Ouvido pelo portal InfoMoney, o economista-chefe da Frente Corretora Fabrizio Velloni exclarece que no modelo americano, o concorrente do Pix seria o Zelle, que é feito por uma empresa privada e apenas alguns bancos têm adesão. “Aqui no Brasil, o Pix é provido pelo Banco Central e qualquer instituição financeira regulada pode participar”.
Enquanto os cartões de crédito e débito seguem com papel relevante no mercado de pagamentos brasileiro, em 2024, o Pix foi o meio de pagamento que mais cresceu em número de transações.
Conforme o InfoMoney, a alta foi de 52% no uso do Pix e a participação de 47% do total de pagamentos eletrônicos no último trimestre do ano. Especialistas ouvidos pelo portal especializado avaliam que, a acusação dos EUA de que o Pix seria “desleal” com negócios americanos não se sustenta.
Governo brasileiro já reagiu: “Ciúme danado”
A reação do governo Lula foi imediata. Uma nota técnica está sendo preparada para rebater os argumentos e dizer que o governo não vai “ceder à pressão”. Mas já foi divulgada uma resposta pelas redes sociais do Palácio do Planalto em uma peça com o mote “O Pix é Nosso, My friend! [meu amigo]”. Confira ao final.
Ao citar a 25 de Março, Trump acusa o Brasil de violar regras de comércio e falhar na proteção de propriedade intelectual. O motivo é a presença grande de produtos falsificados comercializados na rua.
O PIX é do Brasil e dos brasileiros! 🇧🇷
— Governo do Brasil (@govbr) July 16, 2025
Parece que nosso PIX vem causando um ciúme danado lá fora, viu? 🤔 Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema Seguro, Sigiloso e Sem taxas.
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