18 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 01:15

Trump diz ter ‘direito absoluto’ de compartilhar dados com a Rússia

Trump e o embaixador russo Sergei Kislyak em encontro na Casa Branca no último dia 10 / Foto: Shcherbak Alexander
Trump e o embaixador russo Sergei Kislyak em encontro na Casa Branca no último dia 10 / Foto: Shcherbak Alexander

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (16) que tem “direito absoluto” de compartilhar informações com a Rússia. O republicano não deixou claro, porém, se repassou dados confidenciais a autoridades de Moscou durante encontro na Casa Branca na semana passada.

“Como presidente, eu quis compartilhar com a Rússia (em um encontro abertamente marcado na Casa Branca), o que eu tenho todo o direito de fazer, fatos relacionados ao terrorismo e segurança em aviões. Razões humanitárias (sic), além disso eu quero que a Rússia intensifique seu combate contra o Estado Islâmico e o terrorismo”, afirmou o presidente em um canal oficial.

Reportagem do jornal “Washington Post” revelou na véspera que o republicano teria repassado informação altamente confidencial a autoridades sobre uma potencial ameaça da milícia terrorista Estado Islâmico relacionada ao uso de laptops em aviões.

A reportagem diz respeito à visita do chanceler russo, Segei Lavrov, e do embaixador do país nos EUA, Sergey Kislyak, à Casa Branca na última quarta-feira (10).

A revelação teria sido feita sem a permissão do parceiro americano que repassou aos EUA, por meio de um acordo, os dados de inteligência, e poderia comprometer a segurança de um colaborador.

O tema seria tão sensível que os EUA não teriam dividido a informação confidencial nem com governos aliados -e poucos integrantes do governo americano também tinham acesso ao conteúdo.

A Casa Branca e o Kremlin rebateram a reportagem, classificando-a de “falsa”. Integrantes do alto escalão do governo Trump que participaram da reunião com os representantes russos negaram ter tratado de dados militares confidenciais.

Trump recebeu os representantes da Rússia num timing controverso: no dia seguinte à demissão do então diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, que liderava as investigações sobre possíveis elos de membros da equipe do republicano com Moscou durante a campanha eleitoral.

Apesar da sensibilidade das informações que teriam sido compartilhadas, Trump não cometeu irregularidades. Pela lei americana, o presidente tem discricionariedade para lidar com informações de interesse nacional da maneira que achar pertinente.

O sistema de classificação de documentos oficiais é regulado nos EUA por decretos presidenciais, que são revisados periodicamente. Atualmente, as regras de classificação são definidas por uma ordem assinada por Barack Obama em 2009, a qual estabelece que os chefes de órgãos federais têm autoridade para impor ou derrubar o sigilo de documentos de suas respectivas áreas.

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