22 de dezembro de 2024
Mundo

Troca de prisioneiros entre EUA e Rússia inclui russo com identidade brasileira falsa

Os governos americano e russo completaram na quinta-feira (1/8) a maior troca de prisioneiros desde a Guerra Fria

Na quinta-feira (1/8), foi concluída a maior troca de prisioneiros entre os Estados Unidos e a Rússia desde a Guerra Fria. Entre os libertados, estava um russo que usava uma identidade brasileira falsa.

De acordo com o presidente Joe Biden, 16 pessoas foram libertadas das prisões russas. Em contrapartida, o Serviço Federal de Segurança russo (FSB) confirmou a libertação de oito cidadãos russos. Além disso, os filhos de dois prisioneiros também retornaram à Rússia.

Um dos libertados, Mikhail Mikushin, se passava por “brasileiro” com o nome de José de Assis Giammaria. Mikushin foi preso em Tromsø, na Noruega, em novembro de 2022, sob acusações de espionagem. Na época, a embaixada russa em Oslo afirmou não ter informações sobre sua cidadania russa. Uma reportagem da BBC Brasil revelou que a certidão de nascimento de José Assis Gianmaria foi emitida na cidade de Padre Bernardo, no interior de Goiás, e que os funcionários do cartório desconhecem como o documento foi parar nas mãos de Mikushin.

As autoridades norueguesas afirmaram que Mikushin utilizou a identidade falsa para se infiltrar em universidades do Canadá e da Noruega, onde atuava como pesquisador na Universidade do Ártico da Noruega. Após a prisão, ele admitiu ser cidadão russo e revelou seu verdadeiro nome. Segundo o site The Insider, Mikushin estudou na Academia Militar Diplomática do Departamento Central de Inteligência russo (GRU) e atuava como oficial de inteligência no exterior.

A publicação descobriu que Mikushin esteve envolvido em trabalhos de investigação no Canadá e publicou artigos sobre bases militares no Ártico, antes de se mudar para a Noruega para participar de um programa que estudava “ameaças híbridas”. Em 2023, a BBC News Brasil mostrou como agentes secretos utilizam identidades brasileiras para se infiltrar em outras nações, identificando pelo menos três casos de supostos espiões russos sob identidades brasileiras.

A troca de prisioneiros também incluiu o repórter do Wall Street Journal Evan Gershkovich, o veterano da Marinha dos EUA Paul Whelan, o cidadão alemão Rico Krieger, condenado à morte em Belarus e depois perdoado, e o prisioneiro político russo Ilya Yashin. Os prisioneiros russos estavam detidos nos EUA, Noruega, Eslovênia, Polônia e Alemanha, muitos suspeitos de vínculos com a inteligência russa. Entre eles, Vadim Krasikov, identificado como coronel do FSB, que cumpria pena perpétua pelo assassinato de um oponente do Kremlin em 2019 em Berlim.

A troca foi facilitada e sediada pelo governo da Turquia. Segundo a presidência turca, todos os prisioneiros desembarcaram no aeroporto de Ancara, foram transferidos para locais seguros sob supervisão das autoridades turcas e, em seguida, colocados em aviões para seus respectivos países de destino.

Esta troca de prisioneiros marca um dos maiores eventos diplomáticos entre os Estados Unidos e a Rússia em décadas, refletindo a complexidade das relações internacionais e a contínua tensão entre as duas nações.


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