As idas e vindas do PMDB e de Iris Rezende. Esse é o tema de análise do diretor de Redação do Jornal Tribuna do Planalto. Um ano sem aparecer em público, mas sempre o melhor nome dentro do partido. Iris não fala sobre 2014 e deixa assim o futuro dele incerto
O silêncio de Iris Rezende
Filemon Pereira/Tribuna do Planalto
O cenário político em Goiás convive hoje com situação atípica. O principal líder das oposições no Estado, o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB), decidiu-se pelo silêncio nos últimos tempos. A dificuldade, tanto para aliados quando para adversários, é interpretar esse silêncio.
O peemedebista não aparece em público desde a campanha eleitoral de 2012, quando esteve em dois ou três eventos ao lado do prefeito Paulo Garcia (PT), um de seus principais aliados.
Não há como cravar o que se passa na cabeça do ex-prefeito. Aliados mais próximos, porém, tentam interpretar a ação que está por trás da decisão de Iris de permanecer calado.
A tese principal é que Iris está sim muito interessado em disputar novamente o governo do Estado no ano que vem. Teria em mãos pesquisas que o colocam com ampla vantagem em qualquer cenário da disputa. Iris encarna o anti-marconismo e estaria surfando com o desgaste enfrentado pelo governador Marconi Perillo.
Com o cenário favorável, Iris estaria se poupando. Ao não participar das atividades do partido e não conceder entrevistas com críticas ao governo, o ex-prefeito também seria poupado de ataques dos adversários. Ao contrário, Iris estaria escudado pelos aliados, esses sim dispostos aos ataques e contra-ataques do embate direto com a base aliada.
Em outra linha, há membros do PMDB que acreditam que Iris estaria chateado com a condução do PMDB. Nesse sentido, o ex-prefeito não teria superado o desfecho da CPMI do Cachoeira, quando o PMDB aliou-se ao PSDB para derrubar o relatório que indiciaria Marconi Perillo. Na ocasião, o PMDB barganhou a eleição de Renan Calheiros (AL) para o comando do Senado.
A interferência da cúpula nacional nos rumos do partido em Goiás, com a filiação do empresário Júnior do Friboi, serviu para por ainda mais pressão na já conturbada relação do peemedebista com a direção nacional do partido.
Nem mesmo conversas, como almoço na casa do vice-presidente da República, Michel Temer, teria resolvido o problema. Assim, Iris estaria magoado com a direção do partido e, por isso, evitado se expor.
O sinal mais claro desse embate foi a ausência do ex-prefeito na filiação de Júnior, em maio. Temer e o senador Valdir Raupp (RO), presidente interino do PMDB, vieram a Goiânia respaldar a chegada de Júnior. Iris não compareceu e a deputada Iris de Araújo deixou o evento antes do pronunciamento de Raupp e Temer.
Com menos força, alguns peemedebistas avaliam que Iris está de fato disposto a entregar o comando do partido. Por isso, estaria evitando aparecer e, com isso, deixando com que as lideranças jovens da sigla tomem as principais decisões e articulem as ações do PMDB no ano que antecede a sucessão estadual.
Essa tese é frágil por dois motivos. Primeiro, Iris reúne-se quase que diariamente com essas lideranças jovens. Aconselha-os e cobra decisões e posicionamentos. Ou seja, comanda mesmo a distância.
A outra razão é que Iris continua a receber líderes estaduais e nacionais e, dessa forma, segue ativamente nas articulações. Na última semana esteve com o deputado federal Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB na Câmara Federal. Dias depois, recebeu em seu apartamento o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) e o pré-candidato ao governo Vanderlan Cardoso (PSB).
Portanto, o silêncio de Iris segue de difícil interpretação. E não há previsão para que haja alteração. O que não há dúvida, no entanto, é a de que Iris é hoje o principal nome da oposição na sucessão estadual de 2014. Sendo ou não candidato.
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