Em entrevista ao Jornal Tribuna do planalto, Secretário de industria e Comércio Alexandre Baldy, que chegou a ser pré-candidato a prefeito de Anápolis em 2012, elogia a administração do prefeito Antônio Gomide (PT). “É uma das melhores gestões que temos dentro do Estado e que vai deixar Anápolis muito bem”. Mesmo assim, o secretário enxerga que a sucessão do petista será disputada, que a oposição terá um nome forte, e que será “o momento certo para a chegada de um jovem líder”
“Teremos nome forte na sucessão em Anápolis”
Eduardo Sartorato e Filemon Pereira (Tribuna do Planalto )
O secretário de Indústria e Comércio Alexandre Baldy (PSDB) comemora os últimos números da economia goiana nos últimos meses. Segundo ele, o superávit goiano alcançou os R$ 330 milhões em maio. Representante de Anápolis no governo estadual, o secretário também vê positivamente os investimentos para a região, como a construção do Centro de Convenções, a expansão do Daia e o Aeroporto de Cargas. Alexandre Baldy, que chegou a ser pré-candidato a prefeito de Anápolis em 2012, elogia a administração do prefeito Antônio Gomide (PT). “É uma das melhores gestões que temos dentro do Estado e que vai deixar Anápolis muito bem”. Mesmo assim, o secretário enxerga que a sucessão do petista será disputada, que a oposição terá um nome forte, e que será “o momento certo para a chegada de um jovem líder”. Alexandre Baldy visitou a Tribuna, onde concedeu a entrevista a seguir.
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Tribuna do Planalto – O senhor comemora o início das obras do Centro de Convenções de Anápolis. Como foi o processo para conseguir a obra para a cidade?
Alexandre Baldy – O Centro de Convenções é a obra mais importante do ponto de vista econômico e desenvolvimentista para a cidade de Anápolis. É um compromisso do governador já de longa data. Já foi feita a licitação, vencida por um consórcio no valor de R$ 112 milhões, e as máquinas já estão se mobilizando para o canteiro de obras. É uma obra que a secretaria de Indústria e Comércio (SIC) realiza em parceria com a Agetop. Os recursos são todos do Produzir, e a previsão é que realizemos essa obra em até 12 meses. Nós fizemos pesquisas com diversas empresas para entender quais seriam os ganhos que um Centro de Convenções poderia trazer para Anápolis. A atividade do setor público é gerar demanda. Nossa expectativa é que, com tudo isso, o turismo de negócios seja efetivamente consolidado em Anápolis.
Qual a situação atual do Aeroporto de Cargas?
O aeroporto é uma obra que não para, não falta recurso. No ano passado, o governo investiu R$ 40 milhões no Aeroporto de Cargas e, neste ano, temos a previsão de investir mais R$ 55 milhões. A expectativa é que a pista já possa ser entregue entre outubro e dezembro de 2013 e que a conclusão efetiva se dê até o meio do ano. Há uma procura muito forte para a utilização dele como uma opção logística para transporte de equipamentos por causa de grandes eventos, como a Copa do Mundo.
Esses investimentos em logística deixarão Anápolis em outro patamar?
Eu não tenho dúvidas em dizer que Anápolis será uma das cidades mais estratégicas do Brasil. É uma das poucas cidades que vai ser trimodal, que é rodovia, ferrovia e aeroporto, para que funcione para o transporte de cargas e mobilidade urbana.
Havia um projeto de expansão do Daia. Como está o andamento?
Nós estamos expandindo o Daia. Há uma discussão muito forte por causa das áreas que não estão sendo utilizadas, e hoje conseguimos instalar as empresas que querem ir para lá em função de áreas que estão sendo retomadas e buscadas de forma responsável. É uma conquista muito forte, para que o Daia possa ter sua capacidade total e que sua expansão, que está próxima de ocorrer, possa ser concluída. Vamos criar o parque tecnológico, que foi sancionado essa semana pelo prefeito Antônio Gomide (PT) e que será o primeiro parque tecnológico de Goiás ali, anexado ao Daia.
Como está a relação com a prefeitura e o governo federal, que são do PT, nessas obras que o governo estadual está levando para Anápolis?
Nós temos uma relação muito harmônica entre a administração federal, estadual e municipal. O prefeito trabalha de uma maneira muito próxima a nós, preocupado com as obras e ganhos para Anápolis. Teve até um episódio recente, já que não está previsto as alças de acesso no projeto do viaduto do Daia. Quando eu fui visitar o ministro dos Transportes, César Borges, o prefeito foi solidário à causa, demonstrando que temos mesmo que conquistar essa causa do governo federal em ter as alças de acesso para que o viaduto possa ser mais bem utilizado pelos anapolinos. Senão teremos um trevo com um viaduto igual ao da saída de Brasília, que atende àqueles que passam pela rodovia, mas que não atende a quem mora na cidade.
O governo comemorou o segundo maior volume de exportações da história de Goiás. Qual o efeito disso na economia goiana?
As exportações do mês de maio foram muito importantes, fundamentalmente pelo momento que o Brasil vive. Em abril, o Brasil teve um déficit de US$ 1 bilhão, Goiás teve um superávit de US$ 220 milhões. Em maio, o Estado teve o segundo melhor mês, com um superávit acima de US$ 330 milhões. São números muito robustos.
Goiás apresenta índices econômicos bons, mas, em contrapartida, a arrecadação estadual parece não crescer na mesma proporção. Por que isso ocorre?
A arrecadação do Estado vem crescendo de forma real ano após ano. Enquanto a arrecadação de São Paulo e de outros Estados cai, a nossa sobe. Obviamente, porém, que a despesa pública cresce também. Se você analisar o índice que o Estado se compromete hoje com endividamento, é um dos mais altos do país. O teto é de 15%, mas de maneira real e líquida, desembolsamos quase 18% da nossa receita líquida com pagamento de juros da dívida. Isso compromete, e a despesa com folha também. Temos então um Estado não só goiano, mas brasileiro também que é carregado de alto custo e que precisa ser reanalisado. Os seus índices têm que ser alterado.
Mas o Estado continua se endividando para ter condições de investir, o que significa que esse círculo vicioso deve permanecer?
Nós precisamos investir. Você se endivida para poder investir, ou você endivida para pagar seu custeio. Hoje, Goiás tem uma situação melhor porque está se endividando para investimento. Enquanto nós precisamos chegar a uma taxa de 25% de investimento, o país está entre 17% e 18%.
Só um enxugamento da máquina tira o Estado desse círculo vicioso?
Enxugar a máquina não é simples. Esse governo herdou condições extremamente maléficas do governo anterior em termos de inchaço da máquina pública. Temos que pensar no longo prazo.
O secretário Simão Cirineu deve deixar o governo. Ele era sempre um termômetro do controle das finanças. Como vai ficar a relação das finanças?
Ele despachava todos os dias como governador a respeito das contas e finanças. Não tenho dúvida que vamos perder um grande homem à frente da secretaria da Fazenda, pelo profissionalismo que tinha, mas não vamos deixar de ter o controle, que é realizado pelo governador. O governador vai manter o controle e a visão sobre a dificuldade das contas públicas.
A presidente Dilma anunciou um programa de financiamento de eletrodomésticos. Como o sr. vê isso?
Todas essas medidas de beneficiamento têm um impacto positivo, mas elas precisam também se alicerçar nas políticas de desenvolvimento da produção e da indústria. Um pacote de R$ 18 bilhões, em que, só para Goiás, há a expectativa de aproximadamente R$ 1 bilhão em consumo, é muito bom para o momento. Só que vamos endividar ainda mais o cidadão, o contribuinte. E vai chegar a um ponto de estrangulamento dessa receita. Quando o consumo interno desaquecer, faríamos exportação, mas se não alavancamos a indústria, não teremos produto.
O governo tem padecido muito de competições internas ou é algo natural?
Todos os governos são construídos de diversos líderes para que cada um atue na sua área. Eu vejo que isso é algo natural. Todos querem trabalhar de forma eficiente e competitiva, para obter os melhores resultados.
Não há problema de sintonia?
Havendo um grande líder, que lidere e tenha controle da sua equipe, com certeza essa competição entre todos os seus auxiliares favorece para que quem ganhe mais seja a população.
O sr. está decidido a disputar mandato para deputado federal?
Ainda não estou decidido a disputar mandato, seja para deputado federal ou qualquer outro. Mas, obviamente, estamos abertos a discutir um processo, principalmente esse que fala de renovação, busca por novas lideranças, para que possamos construir algo pensando em um futuro cada vez melhor.
Há uma vacância de lideranças, principalmente nesse agrupamento político da base do governo em Anápolis?
Anápolis realmente ficou carente de um líder e há essa vacância. Há uma oportunidade para que surjam essas novas lideranças na base do governo
E quando é que o sr. tomará uma decisão sobre ser ou não candidato? E quais os fatores que levariam o sr. a tomar essa decisão de disputar um cargo?
Os fatores que me levariam a querer disputar um cargo público seria imaginar que eu poderia contribuir mais e melhor em me comprometer com a população de modo geral. A partir do momento em que você se postula a qualquer tipo de cargo e de mandato, você pede um voto e se compromete com a população.
O prazo é até abril do ano que vem. O sr. vai esperar até esse prazo ou tem a possibilidade de uma decisão antes?
Vou esperar até abril, para que possamos tomar essa decisão no momento limite.
O sr. tem trabalhado no sentido de buscar bases eleitorais, conversar com agentes políticos?
No sentido de candidatura, não. Trabalhamos com todo o Estado em prol do crescimento e do desenvolvimento do estado. Mas, individualmente, não. Hoje trabalho em função de ter um governo mais forte. Meu projeto é um projeto “governo Marconi Perillo”. Se conseguirmos demonstrar para a população que o governo Marconi Perillo resgatou os compromissos e os cumpriu, depois disso a gente pensa em projetos individuais.
Qual o caminho desse agrupamento político para o ano que vem?
Não tenho dúvida de que resgatando esses compromissos e demonstrando seriedade à população, o governador Marconi Perillo tem as melhores condições de ser o maior líder que esse Estado já teve. Ele demonstrou e demonstra toda a sua capacidade de liderança, de execução, e hoje está caminhando para a construção de uma das mais importantes malhas logísticas de Goiás. Então, ele reúne todas as capacidades e que, certamente, dificulta a vida da oposição, porque é um grande líder que executa grandes obras. Com certeza, é difícil de se encontrar alguém que possa estar à altura dele para competir.
Após três mandatos, o governador ainda tem algo novo para propor? Como o sr. vê a necessidade de se renovar? É um desafio?
Acredito que seja um desafio e todos esses momentos de desafio realmente alimentam cada vez mais o governo a buscar mais e mais. Hoje enxergamos em Goiás um canteiro de obras. Isso faz com que ele seja cada vez mais bem recebido e, obviamente, requerido a ser um candidato natural à reeleição.
Houve uma declaração do sr. em que disse que deixaria o governo quando o sr. quisesse, talvez motivado por uma quantidade de informações e notas em jornais falando que o sr. deixaria o governo. O que foi aquilo?
Nós não sabemos como partem essas inverdades e boatos, mas aquela foi uma declaração dada para que pudéssemos colocar efetivamente um ponto final. Se você enxergar o trabalho que estamos realizando, e realizamos, à frente da secretaria nos últimos dois anos e meio, podemos entender que, pelo trabalho, geramos resultado. Crescemos a indústria, atraímos investimento, melhoramos as exportações, chegamos a recordes. Sendo assim, pelo trabalho, não há qualquer fundamento para que eu deixasse o governo. Dei essas declarações para que esses boatos, sejam eles de dentro ou de fora, pois não sei a origem exata deles, pudessem parar.
E o efeito foi positivo?
Com certeza.
Alguém que vem da iniciativa privada tem muita dificuldade no setor público?
Total. Quando você vem da iniciativa privada, você faz e resolve tudo a seu modo, a seu tempo, da maneira correta, comprando da melhor forma, do melhor preço. A iniciativa privada é muito dinâmica e cíclica. No poder público, você realiza obras, você realiza políticas públicas pensando no médio e no longo prazo e, obviamente, na burocracia à qual o Estado brasileiro foi inserido, com as legislações e Lei de Licitações. Essa burocracia precisa evoluir de acordo com nosso crescimento e nosso desenvolvimento. Se o Governo Federal quer fazer uma reforma no ICMS, que faça primeiro uma reforma nos tributos federais, que são mais complexos e exigem mais das empresas.
O sr. acha que essa discussão está superada?
Totalmente.
O governo não envolve aquele projeto?
O governo não. Há uma discussão dentro do Confaz para tentar se construir um acordo para que se possa reduzir as alíquotas. O governo federal foi derrotado naquela discussão.
O sr. se filiou no PSDB de Anápolis em 2012, na pré-campanha, que foi veiculado à sua postulação à prefeitura da cidade. Como o sr. vê a administração de Antônio Gomide?
Acredito que o prefeito, pelos fatos que hoje vemos na cidade, realiza uma administração acima da média. É uma das melhores gestões que temos dentro do Estado e que vai deixar Anápolis muito bem. A sucessão do prefeito com certeza passará por um momento de renovação, de busca, como falamos, por novas lideranças, e aí é o momento certo para que Anápolis também consiga, na administração municipal, chegar a um jovem líder que possa estar à frente desse processo.
O sr. acha, então, que a oposição vai ter dificuldade em 2016 na sucessão, já que o prefeito vem com uma boa gestão?
Acredito que a oposição não tenha dificuldade em 2016. Vamos ter um nome muito forte e, com certeza, depois de oito anos, a sucessão se dará de uma forma muito competitiva. Não vejo líderes sendo formados na base do governo municipal e já vejo líderes sendo formados na questão da oposição à base municipal.
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