08 de agosto de 2024
Política

Tribuna do Planalto: Quem está de olho na vaga do Senado?

A vaga no Senado Fe­deral que será renovada nas eleições do ano que vem já atrai interesse de vários políticos em Goiás. Estrategicamente, porém, poucos admitem que querem se candidatar a este posto em 2014. Como a vaga do Senado é um espaço majoritário, os candidatos a ela deverão ser definidos pouco antes das convenções, juntamente com os candidatos a governador e vice de cada chapa. Para evitar a concorrência e, até mesmo, perda de espaço em outros projetos, as lideranças que almejam este espaço articulam em silêncio.

 

Um dos motivos que deixou esta vaga tão atraente é a falta de um grande favorito, como ocorreu nas eleições anteriores. Em 2002, por exemplo, Iris Rezende e Mauro Miranda (ambos PMDB) tentavam a reeleição e a então deputada federal Lúcia Vânia (PSDB) tentava o espaço pela primeira vez. O ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM) foi a grande surpresa daquela disputa, sendo o campeão de votos para o Senado. Em 2006, a candidatura do governador Marconi Perillo (PSDB), muito bem avaliado, à época, inibiu postulações de outras lideranças.

O atual senador Cyro Miranda (PSDB), que foi eleito suplente de Marconi e assumiu o mandato em 2011, ainda não admitiu que não será candidato, mas também não articula para tal. O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende, que lidera todas as pesquisas, não mostra empolgação para se candidatar a vaga. Desta forma, o espaço está aberto a novos postulantes.

Bastidores

Pouco se fala, no entanto, de quem realmente pensa no Senado. “Não há candidatos naturais ao Senado. Esta vaga está sendo usada como uma reserva técnica”, aponta Luiz Felipe Gabriel, diretor do Instituto Verus de Pesquisa. Para ele, nomes só serão decididos quando as cabeças de chapa forem também, já que, normalmente, o senador é ‘puxado’ pelo governador em época de campanha.

Nos bastidores, porém, vários nomes já conversam para ocupar o espaço (veja o quadro). Segundo o deputado federal Sandro Mabel (PMDB) – que afirma deixar seu nome à disposição do partido –, quando uma liderança fala que vai tentar uma vaga ao Senado, outros tentam tomar seu posto.

“Se eu digo que, com certeza, sou um pré-candidato a senador, amanhã já aparecem dois pré-candidatos a deputado federal, querendo ocupar minha cadeira”, explica. Sendo assim, para ele, essa é uma decisão que é tomada de última hora, só depois que o candidato ao governo e seu vice forem decididos. O que é certo, de acordo com o peemedebista, é que não haverá disputa, pelo menos dentro de sua agremiação.

Para o deputado federal Rubens Otoni (PT), outra liderança que é vista como opção, uma candidatura ao Senado é mais pautada em articulações políticas do que em qualquer outra coisa, para que se possa fortalecer a chapa e, assim, aumentar as chances de eleger o candidato ao governo. Sendo assim, pouco depende de vontade pessoal. “O Senado depende de toda a composição da chapa majoritária. É uma vaga decidida nos acertos finais das eleições”, explica. Por isso pouco se fala sobre os pré-candidatos a este cargo.

Possíveis candidatos:

Base aliada

Na base aliada, o nome mais provável é o do deputado federal Vilmar Rocha (PSD), o único que até o momento afirmou ser pré-candidato. Vilmar, inclusive, já passou as suas bases de deputado federal a aliados e, caso seja preterido para disputar a vaga ao Senado, não será candidato a nada no ano que vem.

O também deputado federal Jovair Arantes (PTB), que é outro nome ventilado, negou ter qualquer pretensão ao cargo, alegando que, caso tentasse a vaga, estaria descumprindo um acordo com o seu próprio partido. Nos bastidores, há informação de que Arantes estaria interessado em ser candidato, caso o presidente da Saneago José Gomes da Rocha (PTB) não se viabilize para ser candidato a vice de Marconi Perillo, plano A do partido. Jovair, inclusive, não nega a vontade de concorrer a senador. “Para o ano que vem, devo ser candidato a reeleição, mas em 2018 meu caminho é o Senado”, alega.

Apesar de ele mesmo não ser um pré-candidato, Jovair afirma que há vários nomes qualificados dentro da base. “Tudo é uma questão de conveniência”, afirma o deputado. Ao contrário do que pensa Rubens Otoni, o petebista acredita que o Senado pode, sim, partir de uma vontade pessoal, mas que a liderança deve dar um certo respaldo ao Estado.

Caiado

Uma candidatura ao Sena­do Federal também pode ser o destino do deputado federal Ronaldo Caiado (DEM). Enquanto fomentou o projeto da ‘Terceira Via’ ao lado do empresário Vanderlan Cardoso, Caiado sempre foi visto como um nome viável para tentar a vaga. Após a sua ruptura com o PSB, o detino do democrata passou a se uma incógnita. Muitos governistas acreditam que Caiado seria o nome ideal para figurar ao lado de Marconi, em busca da cadeira no Congresso Nacional.

Essa ideia, no entanto, esbarra nas brigas e desgastes que o democrata tem com o governador. Em 2006, Caiado lançou a candidatura de Demóstenes Torres ao governo contrariando boa parte de seu partido. Quatro anos mais tarde o DEM apoiou Marconi, mas Caiado se manteve fora da campanha. Entretanto, muitas lideranças do DEM ainda apoiam Marconi e defendem a volta do partido à base.

Caiado, inclusive, é apontado como um dos favoritos na pesquisa Serpes publicada no último dia 27. Segundo foi divulgado, nas estimuladas com cartela, o deputado federal tem 16,1% da preferência, em terceiro lugar, logo abaixo de Marconi Perillo, em segundo, 21,3%, e Iris Rezende, em primeiro, com 28,5%.

Oposição

Assim como a base aliada, a oposição definirá o seu candidato ao Senado Federal apenas no ano que vem, juntamente com o restante da chapa. Sandro Mabel e Rubens Otoni dizem deixar seus nomes à disposição de seus partidos. Ambos, porém, afirmam a tendência é a reeleição na Câmara Federal.

Otoni diz que não é candidato ao Senado porque a composição deles prioriza que o candidato ao governo e ao Senado sejam de partidos diferentes. Então, se o governador for do PMDB, o senador deverá ser de outro partido, possivelmente o PT. E vice-versa. Rubens Otoni defende abertamente a candidatura do prefeito de Anápolis Antônio Gomide ao governo e, seguindo a lógica que descreveu, não seria interessante pensar em Senado.

Para o petista, os nomes que não forem contemplados ao governo serão os mais lembrados no Senado. Na aliança PT-PMDB fala-se muito no empresário Júnior do Friboi, Iris Rezende, Antônio Gomide e no prefeito de Goiânia Paulo Garcia. Comenta-se nos bastidores, porém, que Rubens Otoni é o nome mais lembrado da oposição para a vaga.

Vale lembrar que Iris Rezende é o favorito na última pesquisa Serpes, e que o prestígio do peemedebista devido a toda a sua trajetória política pode alavancar votos para a oposição. Caso ele seja o candidato ao Senado, pode trazer uma certa preferência ao candidato ao governo, já que a imagem vendida para o eleitor é de uma chapa completa, afinando todos os discursos da chapa majoritária em um único tom. Iris, porém, não teria interesse em voltar a Brasília.

Base aliada

Vilmar Rocha (PSD)

Cargo atual: Secretário da Casa Civil e deputado federal;

Situação: O pessedista já está confirmado como pré-candidato ao Senado e deve tentar a vaga. O deputado mostra interesse pelo cargo desde das eleições de 2006, porém, agora que tem o comando do PSD, maior partido da base do Estado, fora o PSDB, suas chances aumentam consideravelmente. Ele, porém, ainda não está garantido.

Jovair Arantes (PTB)

Cargo: Deputado federal;

Situação: O parlamentar não admite concorrer ao Senado em 2014, mas pode ficar com a vaga, caso o PTB consiga o espaço na chapa majoritária e José Gomes da Rocha (PTB) não seja candidato a vice-governador. Jovair diz que quer concorrer ao posto, mas apenas em 2018. Nos bastidores, porém, o petebista é visto como opção para a disputa do ano que vem.

Ronaldo Caiado (DEM)*

Cargo: Deputado federal;

Situação: Enquanto esteve aliado ao PSB na chamada ‘Terceira Via’, Caiado era opção do DEM para o Senado Federal. Após o rompimento, ainda não se sabe qual será o caminho do parlamentar. Lideranças da base aliada sonham que ele possa voltar à aliança e tentar uma vaga ao Senado ao lado do governador Marconi Perillo.

Oposição

Sandro Mabel (PMDB)

Cargo: Deputado federal;

O deputado deixa o seu nome à disposição do partido e articula para se candidatar a vaga em Brasília. Ele, porém, tem algumas dificuldades, já que não aparenta ter muito espaço interno desde que voltou para o partido. Caso não consiga se viabilizar, o projeto do empresário será a reeleição.

Rubens Otoni (PT)

Cargo: Deputado federal;

O nome do deputado é comentando como a principal alternativa da aliança PT-PMDB ao Senado, por ele ser um dos maiores nomes petistas do Estado. Rubens desconversa e diz que seu projeto principal é a reeleição, apesar de admitir que a vaga no Senado também seria um plano interessante.

Iris Rezende (PMDB)

Cargo: Nenhum;

Situação: Iris é colocado como um possível candidato ao Senado, caso não seja o candidato ao governo, devido ao seu prestígio de gestões anteriores. Sua imagem e sua história poderiam aglomerar mais votos à chapa majoritária. Ele, porém, já teria deixado bem claro que o projeto não o empolga.

* Ronaldo Caiado não faz parte da base aliada, mas vários aliados de Marconi desejam a sua volta ao projeto.


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