09 de agosto de 2024
Política

Tribuna do Planalto: Base na Câmara é desafio de Paulo

 

Apesar de não admitirem, clima já foi melhor entre vereadores e prefeito. Dificuldade ocorre no momento do pedido de impeachment por professores. Acompanhe a reportagem de Marcione Barreira. da Tribuna do Planalto.

(matéria publicada na Tribuna do Planalto)

 

O prefeito Paulo Gar­cia (PT), que já vem en­frentado dificuldades administrativas e políticas em sua gestão, inclusive com pedido de impeachment protocolado por professores grevistas, tem agora mais uma preocupação para lidar, que é a dificuldade em manter o Bloco Moderado, formado pelos ve­rea­dores Divino Rodrigues (PROS), Zander Fábio (PSL), Paulo da Farmácia (PROS) e Bernardo do Cais (PSC), e também de parlamentares aliados em sua base governista, o que poderá atrapalhar a votação dos projetos de interesse do Paço Municipal no futuro.

O discurso dos vereadores que pertencem ao bloco tem sido de união em busca da solução para a cidade que vive momento turbulento. “Temos mantido uma relação republicana com o prefeito. Nos não somos contra a administração. Queremos apenas o bem para a cidade”, afirmou o vereador Divino Rodrigues (PROS), líder do grupo.

Mas, na prática, o que se vê é o surgimento de dificuldades em votações e a insegurança em contar com os quatro votos, que são muito importantes na aprovação de matérias enviadas pelo Paço ou de interesse da prefeitura. Na votação que aprovou a desafetação de áreas públicas, ocorrida no mês passado, por exemplo, o vereador Zander Fábio, depois de acordo com a prefeitura sobre seu apoio, acabou se abstendo da votação.

O episódio gerou retaliações momentâneas a funcionários do Paço ligados ao vereador, mas as “dificuldades foram superadas”, disseram os dois lados. No episódio, segundo o vereador, servidores dos cargos indicados por ele teriam sofrido perseguição, mas não chegaram a ser exonerados de seus cargos.

O fato não desfez a relação harmoniosa que existia entre ambas as partes. “Realmente ocorreram esses problemas, mas a questão foi superada no dia seguinte a votação”, afirmou Zander. A posição foi ratificada pelo secretario munici­pal de Governo e de Relações Institucionais, Osmar Magalhães, que confirmou os rumores. “Houve essa questão, mas já está tudo resolvido entre nós, superamos”.

Apesar de o grupo pregar harmonia com Paulo Garcia, o vereador Paulo da Farmácia, por exemplo, não esconde o desagrado com relação aos problemas enfrentados por Goiânia. “A insatisfação é da população em geral. As relações institucionais entre nós, apesar disso, têm se mantido bastante cordiais.”

Paulo da Farmácia destacou que o momento de maior desgaste entre o Paço e grupo foi quando votaram contra o reajuste do IPTU que ocorreu no final do ano passado. “Naquele momento nós ajudamos à oposição, mas também discutimos com a base. Nós entendemos que o aumento não era correto”, frisou.

Na oportunidade, foi enviado à Câmara projeto que propunha o reajuste do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). À época, a oposição conseguiu o apoio da ala moderada para impedir a aprovação do texto. Foram 17 votos contra e 16 a favor. Para fazer valer o aumento do imposto já para este ano, seria necessário que o projeto fosse aprovado.

A derrota na votação em relação ao IPTU foi o estopim para que a crise financeira atingisse a administração do prefeito. A derrota política no episódio, no qual um vereador do próprio PT, Felizberto Tavares, acabou votando contra o próprio partido, escancarou a fragilidade do apoio de Paulo Garcia na Câmara e a difícil relação com a volatilidade dos vereadores. Com a decisão da justiça na semana passada, na qual o juiz Fabiano Abel de Aragão acatou pedido de vereadores e suspendeu os efeitos da Lei Complementar n° 259, que desafetava áreas públicas na capital, ampliou-se mais a preocupação com a possibilidade de perder apoio concreto em votações futuras na casa.

Divergências
O outro ponto de divergência que deve ocorrer nas próximas semanas é a discussão gira em torno do adensamento de áreas que ficam próximas ao Jardim Botânico. As medidas estão previstas no Plano Diretor da Capital e estão gerando conflito antes mesmo de chegarem à Câmara.

O vereador Paulo Maga­lhães (SDD), propôs projeto que reduz a possibilidade de adensamento no entorno do Jardim Botânico, em bairros que o envolvem, principalmente o Setor Pedro Ludovico e a Vila Re­denção. Este projeto, teori­ca­mente, invalidaria o projeto a ser apresentado pelo Paço e que se encontra em fase de estudos.

A proposta, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), segue agora para a Comissão Mista e deve ser votada na próxima quarta-feira, 11. Segundo Paulo Maga­lhães autor do projeto, a propositura não deve demorar em entrar em votação na Câmara. “Depois que passar pela Co­missão Mista deve demora em torno de 24h para entrar em votação no Plenário, acredito que na quarta-feira ou quinta-feira”, frisou.

O projeto do vereador prevê a redução da capacidade de adensamento e se aprovado vai proibir a construção de edifícios em duas áreas em torno do Jardim Botânico. “São 33 quadras, sendo 20, dentro de um raio de 350 metros do Bo­tânico”, menciona Paulo Ma­galhães, que tem forte atuação política na região.

O relator do projeto é o integrante do Bloco Moderado Zander Fábio (PSL), o legislador declarou que não vai poupar esforços para ver aprovada a proposta do colega de bancada. “Estamos a favor da iniciativa e vamos trabalhar pela aprovação”, frisou.

Avanço tucano
Mesmo com tom de união no discurso, os vereadores do Blo­co Moderado não descartam uma possível conversa com o governador Marconi Perillo (PSDB) que, segundo informações de bastidores, teria avançado sobre os integrantes do grupo, devido às desavenças em torno dos projetos da prefeitura.
Segundo Paulo da Far­mácia (PROS), o governo estadual vem mantendo relação bastante cordial com ele e com os companheiros. “O governo tem nos tratado muito bem. Constan­temente tem convidado para participar de reuniões e conversas que dizem respeito à população. Isso é importante”, garante Paulo.

O posicionamento foi confirmado pelo vereador de oposição Geovani Antônio (PSDB), que declarou que existe uma proximidade entre Marconi e os moderados. O tucano, entretanto, ressalta que a aproximação é apenas para discutir temas relacionados à população. “O governador procura não interferir nas relações da Câmara dos Vereadores”, esboçou o parlamentar. A líder do prefeito na casa, Célia Va­ladão (PMDB), afirma que isso não preocupa a situação e que não vê riscos dos integrantes do Bloco Moderado se aliar a oposição. “O grupo tem um linha e eu não acredito que isso possa mudar”, finaliza.

 


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