23 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:28

Três anos depois, acidente com Campos tem impacto político em PE

Eduardo Campos morreu em agosto de 2014. (Foto: EBC)
Eduardo Campos morreu em agosto de 2014. (Foto: EBC)

Os desdobramentos judiciais do acidente aéreo que matou Eduardo Campos ainda geram incertezas ao grupo político do ex-governador de Pernambuco e ao seu legado três anos depois da queda do avião em Santos (SP), completados neste domingo (13).

E podem se tornar o centro da disputa pelo governo de Pernambuco no próximo ano.

Três dos principais envolvidos na Operação Turbulência, iniciada com uma investigação sobre o arrendamento do jato no qual Campos viajava, assinaram acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal no início deste ano.

Os empresários João Lyra Pessoa de Melo Filho, Apolo Santana Vieira e Eduardo Freire Bezerra Leite prometem dar detalhes sobre transações financeiras envolvendo superfaturamento de obras ligadas ao governo de Pernambuco. Lyra era apontado como elo entre Campos e empreiteiras.

Os três empresários são acusados de formação de organização criminosa, lavagem de dinheiro, pagamento de propinas e crimes contra o sistema financeiro.

De acordo com o Ministério Público, os suspeitos teriam movimentado dinheiro de forma fraudulenta entre empresas de fachada. O esquema teria vigorado entre 2010 e 2014 e movimentado cerca de R$ 600 milhões, segundo a Polícia Federal.

Apontados como donos do avião que transportava Campos, os empresários estão sendo processados por moradores de Santos que tiveram seus imóveis danificados com a queda do avião. Também correm ações contra a AF Andrade, holding apontada como operadora do jato, e o PSB. Todos negam judicialmente responsabilidade de ressarcir os prejuízos.

Em janeiro, a PF deflagrou a Operação Vórtex como um desdobramento da Turbulência. A ação investigou a participação de uma terceira empresa, a Lidermac, na compra da aeronave.

Na época, o PSB contestou a existência de qualquer irregularidade envolvendo o partido e a empresa, alegando que fez apenas uma doação de R$ 500 mil ao PSB na campanha de 2014 de forma oficial.

O partido também afirmou ter confiança na “conduta sempre íntegra” do ex-governador Eduardo Campos.

O PSB de Pernambuco ainda enfrenta a situação de ver três dos principais afilhados políticos de Eduardo Campos serem alvo de inquéritos: o governador Paulo

Câmara (PSB), o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).

Câmara deve disputar a reeleição ao governo do Estado e poderá enfrentar nas urnas Bezerra Coelho, que negocia uma migração para o DEM.

Os dois, além do prefeito Geraldo Júlio, são alvos de inquérito na Operação Fair Play, que investiga um suposto superfaturamento de R$ 42 milhões nas obras de construção da Arena Pernambuco para a Copa 2014.

Outro lado

Prefeito, governador e senador negam irregularidades. Em nota, o governo de Pernambuco afirmou que a licitação para a construção da Arena Pernambuco observou todos os requisitos, prazos e exigências da Lei de Licitações e da Lei das Parcerias Público-Privadas.

O governo ainda afirmou “sua posição de absoluta transparência na gestão de recursos públicos”.

O advogado de Bezerra Coelho, André Luís Callegari, afirma que “todas as operações referentes à licitação do estádio foram julgadas regulares” pelos tribunais de Contas da União e do Estado.

Coelho também é alvo de outros três inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) sob suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro.

A defesa do senador pernambucano classifica as acusações como “absolutamente descabidas”. (Folhapress)

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