A demanda de passageiros do transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia, continua baixa mesmo com a reabertura do comércio na capital. O Redemob Consórcio ressalta que foram bilhetados nesta última quarta-feira (15/07), 179.529 – “uma queda de 66% na demanda de usuários”. Até o fechamento das atividades econômicas, o “fluxo de passageiros era de 521.630”. Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET), Adriano de Oliveira, a baixa continuada na demanda é reflexo do medo na utilização do transporte coletivo. Mas garante: utilizar o transporte coletivo é mais seguro que andar em shopping center.
As atividades econômicas foram reabertas desde a última terça-feira (14/07) mas a demanda do transporte coletivo continua baixa. A demanda ainda está 66% menor, se comparado com o período pré-pandemia e consequente fechamento do comércio, segundo o Redemob Consórcio, que representa as empresas operadoras do serviço na Região Metropolitana. Adriano de Oliveira, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET) em entrevista ao Diário de Goiás nesta quinta-feira (16/07) ressaltou que o medo da população em utilizar o transporte público talvez seja um indicativo da baixa continuada.
Oliveira no entanto, enfatizou que não há motivos para medo na utilização do transporte coletivo em período de pandemia. Ele cita que há estudos – “inclusive internacionais” – a serem divulgados que mostram que não há problemas em se locomover dentro dos ônibus do transporte público. “Pelo contrário, o transporte público é visto como o mais seguro: 65% mais seguro do que lugares como shoppings centers, supermercado, agências bancárias, porque existe uma grande circulação de ar nos ônibus”, pontua.
“Então os ônibus estão circulando todos com as janelas abertas, as pessoas utilizando máscara, as escotilhas acima do ônibus abertas. O ônibus não é um lugar inseguro para quem está lá dentro”, reforça Oliveira, reiterando a segurança.
Com o decreto governamental que permite apenas com que passageiros usem os ônibus sentados, Adriano ressalta que a aglomeração nos ônibus é inexistente e por isso não há motivos para preocupação. “A gente entende que com a determinação das pessoas transitarem apenas sentadas também não existe uma grande aglomeração dentro dos veículos. Então, as pessoas estão sim com medo, mas queremos demonstrar com medo porque as pessoas não devem existir. O transporte não é um lugar de grande insegurança para o coronavírus”, ressalta. Apesar da determinação, uma equipe do Diário de Goiás esteve nas ruas nesta quinta-feira (16/07) e flagrou alguns veículos do transporte coletivo com passageiros em pé e aglomerados dentro dos veículos.
Desemprego e atividade econômica desacelerada: outros motivos
Além do medo, Adriano elencou outras duas possibilidades: nem todas as atividades econômicas voltaram de fato ao seu funcionamento e também a possibilidade da perda de postos de trabalho em meio à pandemia. Com desempregados e sem pessoas a se deslocarem aos seus serviços, não há motivos para a utilização do transporte público. “Por mais que as atividades econômicas tenham voltado, elas não voltaram como antigamente”, pontua.
Adriano também indicou que o desemprego pode ter influência direta na queda da demanda. “Também precisamos tentar buscar se não houve uma grande diminuição de empregos. De pessoas empregadas. Porque a grande motivação das pessoas utilizarem o transporte é a ida e volta ao trabalho. É nesse sentido que a gente tá imaginando que a demanda ainda não voltou. Mas a gente tem a expectativa que possa voltar.”, comenta.
“A crise no transporte só muda de endereço”
O presidente do SET ainda enfatiza que não há lugar no Brasil que esteja em situação confortável com relação ao transporte público. “A crise no transporte coletivo hoje só muda de endereço. Ela é no Brasil inteiro”.
Segundo Adriano, Goiânia até vive numa situação até “melhor” que outras cidades. “Eu diria até que talvez aqui a gente esteja numa situação até um pouco melhor que em Salvador que as empresas devolveram contratos. Em algumas cidades do Sul as empresas já devolveram contrato porque de fato a situação hoje é de insustentabilidade completa de serviço”, pontua.
A crise do transporte coletivo hoje só muda de endereço. Ela é no Brasil inteiro. Todo mundo vivenciado essa queda na demanda e uma dificuldade muito grande na manutenção da operação.
O escalonamento será essencial
Para um transporte público seguro e eficiente, será importante que os comerciantes respeitem o escalonamento determinado pela Prefeitura de Goiânia. “A gente estava operando com aproximadamente 70% da frota. Aumentamos um pouco agora com esse retorno do comércio e iremos aumentando e isso está sendo discutido com a CMTC para que a gente faça uma operação da melhor forma possível. Os decretos todos falam de escalonamento de horários e a gente espera que de fato, a população, as pessoas entendam que esse escalonamento que já está sendo proposto aí desde o início dessa pandemia ele é muito importante pra cidade e especificamente para o transporte coletivo. A gente acredita que a gente possa ter esse escalonamento funcionando e isso vai ajudar de alguma forma com que? A gente possa transportar todos os passageiros sentados e da melhor forma possível atendendo as determinações legais.”
Ele também ressalta que a proposta apresentada pelo Redemob Consórcio em interditar terminais possa ser uma alternativa viável, mas é preciso planejamento. “A função do Terminal é aglomerar”. Aglomeração é uma palavra impensável hoje. A proposta do Consórcio é criar linhas diretas que não passem por tais Estações. “Facilitaria para o usuário”, destaca.
Mas há um problema: se a demanda voltar ao que era, a interdição dos Terminais fracassaria. “Mas a dificuldade disso é que se a demanda voltar completamente ai nós não temos como manter isso porque ai haveria uma completa falta de recursos e aí eu tô falando de frota mesmo para transportar todas as pessoas somente com linhas diretas. Acho que para esse momento é uma ideia, a gente apoia, precisa ter muito estudo técnico, mas a gente entende que pode ser uma solução”, conclui.