19 de dezembro de 2024
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“Não fosse o plano emergencial, o transporte coletivo não estaria operando na região metropolitana”, diz presidente do SET

O transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia vive crise endêmica (Foto: Leoiran/DG)
O transporte coletivo na Região Metropolitana de Goiânia vive crise endêmica (Foto: Leoiran/DG)

Não bastasse o afastamento de passageiros do transporte coletivo na Região Metropolitana, os sucessivos aumentos no combustível tem tornado quase que insustentável a operação dos serviços à população. A crise no segmento já é latente desde antes da pandemia e a Covid-19 agravou consideravelmente a vida das concessionárias que prestam o serviço na RGM. Não fosse o auxílio emergencial, a situação estaria caótica.

A situação só não está pior porque uma parcela das Prefeituras que compõe a Região Metropolitana de Goiânia em conjunto com o Governo de Goiás estão pagando o plano emergencial para as empresas que prestam os serviços. “Se não tivéssemos o plano emergencial, com certeza o transporte não estaria operando hoje na região metropolitana”, pontua o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de Goiânia e Região Metropolitana (SET), Adriano Oliveira em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás.

Adriano pontuou sobre o cenário da pandemia e da crise que todos os segmentos andam vivendo diante dos sucessivos aumentos que o combustível e o diesel vem passando, além da necessidade de reformular o sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana. A solução porém, não está no reajuste da tarifa, garante o presidente do SET.

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O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) chegou a prometer a apresentação de um novo modelo de serviço em junho, mas ficou apenas nas aspas e até hoje não há um norte no que diz respeito às possíveis mudanças.  “Acho que já deveríamos estar com um projeto colocado e sendo discutido. Até porque obviamente, um bom projeto de reestruturação vai passar por mudanças legislativas”, comenta Adriano ao mesmo tempo que complementa que vê no poder público municipal vontade e desejo em melhorar o sistema. 

“Acho que não evoluímos como nenhum de nós gostaríamos, mas eu percebo que especialmente na Prefeitura de Goiânia e Governo do Estado de Goiás que todos estão entendo que precisa haver uma reformulação e reforma na forma como o transporte está sendo operado na região metropolitana”, destaca.

O aumento da tarifa deve ser a última alternativa para se discutir no transporte coletivo, avalia Adriano Oliveira

Altair Tavares: Presidente, temos uma crescente no custo do diesel que chega a impactar em quase 30% no custo da operação das empresas e agora acaba de sair uma previsão de mais 10 dólares no preço do barril no último trimestre do ano. Como as empresas estão administrando a alta deste custo?

Adriano Oliveira: Tem sido muito difícil, é aproximadamente 30% o impacto do diesel nos custos. Com o aumento que só esse ano já passa dos 50%. Estamos falando de 15% no incremento no custo só por conta do diesel. Sem dúvidas, tem sido muito difícil não só para o transporte público coletivo mas para todos os segmentos de  transporte continuar operando diante dessa situação. No nosso caso é mais grave porque estamos vinculados a uma tarifa pública que está congelada há mais de dois anos e que diante disso estamos enfrentando uma situação difícil. Para amenizar o que tem ultimamente de alguma forma feito com que a gente consiga superar é a questão do plano emergencial. Ele recompõe ainda que não integralmente, até porque nem todos os municípios estão cumprindo com suas obrigações, ele diminui um pouco desse impacto. Se não tivéssemos o plano emergencial, com certeza o transporte não estaria operando hoje na região metropolitana.

AT: O crescente aumento do diesel teria levado as empresas a pedir a reconsideração quanto ao congelamento da tarifa à Prefeitura e a CMTC?

AO: A gente tem conversado muito com a CMTC, com a prefeitura e o estado de Goiás e a solução nós entendemos e acho que todos é que não passa pelo aumento da tarifa pública. Sem sombra de dúvidas, nesse momento de pandemia, com o momento difícil que o mundo e o país estão passando, muito desemprego e uma série de problemas econômicos, seria muito difícil falar de aumento para o usuário. O que precisamos e o que temos discutido é a questão de reestruturar a RMTC, buscar fontes alternativas de financiamento, mudar a forma de operar, para que possamos dar mais qualidade ao usuário. Ser criativo na questão da tarifação. Tem muita coisa para discutir e essa do aumento da tarifa para o usuário tem que ser a última alternativa.

AT: A reestruturação já está sendo trabalhada desde o começo do ano, mas não tem evoluído. Como tem visto esta evolução?

AO: Pouco. Evoluiu muito pouco. Acho que já deveríamos estar com um projeto colocado e sendo discutido. Até porque obviamente, um bom projeto de reestruturação vai passar por mudanças legislativas. Acho que não evoluímos como nenhum de nós gostaríamos, mas eu percebo que especialmente na Prefeitura de Goiânia e Governo do Estado de Goiás que todos estão entendo que precisa haver uma reformulação e reforma na forma como o transporte está sendo operado na região metropolitana. Está um pouco emperrado, mas acredito que a gente vá conseguir fazer porque existe, boa vontade, da Prefeitura e do Estado em fazer de alguma forma discutir e implementar essa reforma.

AT: Quais prefeituras não estão pagando o plano emergencial e qual o impacto para o transporte?

AO: Senador Canedo e Aparecida de Goiânia. Aproximadamente 20%. Seria algo de 24, 28 milhões. 

AT: O que eles alegam?

AO: Contestaram judicialmente, isso está judicializado. Especialmente Aparecida. Certamente, teremos uma solução jurídica. Estivemos com o prefeito [Gustavo Mendanha], fomos muito bem recebidos, mas ele deixou claro que enquanto não esgotar a instância judicial ele não vê possibilidade de fazer pagamento. Isso é ruim para o sistema, mas temos que respeitar o posicionamento dele. 

AT: E o que Senador Canedo alega?

AO: Senador Canedo não recorreu. O que Senador Canedo contesta é o percentual. O que eles alegam na prática é a questão da dificuldade financeira, mas acredito que podemos tentar uma solução.

AT: O principal agente disso tudo é o Governo do Estado abraçar a causa?

AO: A grande conquista que a gente teve no plano emergencial e a gente espera que possa ser levado é a participação igualitária do estado de Goiás e do município de Goiânia. Infelizmente, a gente vive uma orfandade institucional e a partir do plano emergencial o que a gente percebeu foi sim, o estado querendo assumir sua parcela de responsabilidade vindo com ela obviamente a autoridade e o ônus financeiro e da mesma forma a Prefeitura de Goiânia e por isso que acreditamos numa reformulação no transporte coletivo. Tem que contemplar o interesse do usuário. O mal maior que enfrentamos hoje é a perda de relevância do transporte coletivo. Para a população como um todo, para as outras cidades. Quanto mais forte o transporte coletivo estiver, melhor  vai ser a condição de vida das pessoas. Não só no trânsito, uma cidade muito mais organizada, mais humana. O foco principal tem de ser: melhorar a qualidade do serviço.


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