A primeira noite de apresentação do U2 no estádio do Morumbi foi marcada pelo romantismo. As bandeiras políticas, das causas raciais às questões de fronteiras, fizeram fundo para casais se beijando na pista, grupos de amigos revivendo as canções do álbum “The Joshua Tree”, que completa 30 anos.
O show começou sem imagens no telão, apenas instrumento e voz. A banda abriu com “Sunday Bloody Sunday”. Foram os primeiros acordes de uma noite pontuada por mensagens de tom político e algumas frases clichê. “Todos vocês podem ser heróis”, insistiu Bono.
Entre o show de Gallagher e o do U2, exibiram-se na tela textos de vários autores -nomes como Langston Hughes, Lucille Clifton e Lawrence Ferlinghetti-, cujas vozes também propagaram o ativismo por questões humanitárias que Bono carrega na bagagem.
Eles criticavam os fechamentos das fronteiras, discorriam sobre o papel do homem contemporâneo frente os problemas de convívio, de separação entre as raças e credos.
Ainda no tom engajado, o baterista Larry Mullen Jr. vestiu uma camiseta que estampava “Censura nunca mais”.
Antes de entrar em “In The Name of Love” e depois engatar os principais hits de “Joshua Tree”, Bono homenageou Cazuza e Renato Russo.
“Não estou vendo estrelas no céu hoje. Na verdade estou sim, Renato Russo e Cazuza” disse, enquanto o público preparava as lanternas dos celulares, enchendo a arquibancada e a pista de luzes.
Então vieram “Where the Streets Have no Name” e uma versão de “I Still Haven’t Found what I’m Looking For” que Bono deixou quase integralmente para a plateia cantar. “With or Without You” nunca foi tão lenta e etérea.
A apresentação foi ficando mais “dark”, principalmente com “Bullet the Blue Sky”. Houve então uma pausa e um retorno mais dançante e energético, com a projeção de imagens de cores psicodélicas.
“One” esteve no bis e foi saudada com fãs que a entonaram a plenos pulmões.
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