MARCUS ALVES
ST. ALBANS, REINO UNIDO (UOL/FOLHAPRESS) – A exemplo do que fez no compromisso anterior contra a Argentina, na Arábia Saudita, Tite preferiu não abrir o time que enfrentará o Uruguai, nesta sexta-feira (16), no Emirates Stadium, em Londres. O comandante só deixou escapar que o volante Walace será titular no lugar do lesionado Casemiro. Essa é apenas a segunda vez que o treinador adota o mistério desde que assumiu o comando da seleção brasileira.
O técnico havia liberado o acesso da imprensa apenas ao aquecimento nos treinos de quarta (14) e quinta (15), quando contou com o grupo completo, e evitou dar qualquer pista sobre a escalação ao longo dos últimos dias.
“Casemiro não vai (jogar), está machucado, então, o Walace vai jogar, pois é um jogador da função e foi convocado para isso”, afirmou.
“É o momento em que há uma série de modificações e você acaba oscilando dentro do jogo porque se mexe muito. Diferente de uma equipe que vinha sendo repetida. Se joga Arthur, Paulinho ou Renato (Augusto), são características diferentes, se ajudam diferentes. Não vou facilitar e quero potencializar o que pode ser surpresa para a outra equipe””, disse ao comentar o mistério feito para o jogo com os uruguaios.
Em outras ocasiões, mesmo fechando parcialmente os trabalhos, Tite não via problema em revelar a escalação de forma antecipada e se acostumou, inclusive, a responder a respeito sempre na primeira pergunta de cada entrevista coletiva.
Ele sorriu apenas ao adiantar, durante uma de suas respostas, que o ex-gremista Walace, atualmente no Hannover, ficaria com uma das vagas no meio-campo. A outra dúvida gira em torno da presença de Renato Augusto no lugar de Philippe Coutinho. Se ele não reunir condições, Paulinho é o favorito para entrar na equipe.
A expectativa é que o Brasil entre em campo contra os uruguaios com Alisson; Danilo, Marquinhos, Miranda e Filipe Luís; Walace, Arthur e Renato Augusto (Paulinho); Douglas Costa, Neymar e Firmino.
Depois de enfrentar os sul-americanos, a seleção encerra o ano contra Camarões, na próxima terça-feira (20), em Milton Keynes, nos arredores de Londres.
“O radicalismo me incomoda”
No fim da entrevista, Tite foi perguntado sobre o ambiente interno da seleção e como são abordados, por exemplo, assuntos mais controversos como a situação política do país. A exemplo do que havia feito em outra ocasião, o comandante gaúcho preferiu não divulgar o seu posicionamento, mas disse que é natural que existam discussões a respeito dentro da delegação.
“É claro que existem (diferenças), são humanas. Não somos alienados, podemos até querer manifestar, mas não devemos por respeito às situações. Tenho que falar em relação ao futebol. Nós temos opiniões políticas”, afirmou.
Indagado se elas divergem com a dos demais membros, ele não negou.
“(É natural que sim) Como humanos, até mesmo na família, mas sem radicalismo. O radicalismo me incomoda. É isso que não pode acontecer, fazer de conta que ouve e não ouve, é pior. É uma questão difícil”, completou.
O auxiliar Cleber Xavier estava sentado ao seu lado e definiu a postura da equipe. “Dentro do hotel, num café, em determinados momentos, as conversas acontecem. Somos humanos, mas externamos apenas internamente”, finalizou, arrancando risadas.
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