A moeda virtual bitcoin subiu 15% nesta quinta-feira (7) e ultrapassou os US$ 15 mil, adicionando mais de US$ 2.000 a seu valor em menos de 12 horas.
Às 13h44 (horário de Brasília), a principal criptomoeda do mundo era cotada a US$ 15.789 na Bolsa Bitstamp, com sede em Luxemburgo. Desde de janeiro deste ano, quando valia US$ 997,69, o bitcoin já se valorizou mais de 3.500%.
Os investidores ficaram eufóricos após o teste bem sucedido de um software que pode aumentar a capacidade da rede de cerca de 10 mil transações por segundo para milhares, a um custo menor do que o atual, explicou Gabriel Aleixo, do ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade).
A escalabilidade da rede é um grande entrave para o avanço da moeda. Segundo Aleixo, operadores de cartão conseguem realizar de 30 a 40 mil transações por segundo, por exemplo.
“Já se sabia que a inovação estava sendo desenvolvida, mas ela foi testada mais rápido do que o esperado. O mercado projetava sua aplicação para 2019, mas agora ela pode se materializar já no começo de 2018”, diz Aleixo.
A solução proposta, chamada de Lightning Network, pode ajudar a atrair investidores maiores que precisam realizar pagamentos em larga escala.
A demanda pela criptomoeda sobe também conforme se aproxima o início das negociações de bitcoin no mercado futuro, aponta Rudá Pellini, sócio da Wise&Trust.
O primeiro contrato da moeda será negociado a partir das 21h de domingo (10) na Cboe Global Markets, uma das maiores bolsas globais de derivativos, e, uma semana depois, na Bolsa de Chicago. A bolsa de tecnologia Nasdaq planeja abrir seu contrato de bitcoins em 2018.
“Até agora o bitcoin era muito para pessoa física. Com o mercado futuro, grandes bancos terão a possibilidade de começar a se posicionar, incluindo incrementos que existem no mercado tradicional. Acredito que [nesta última alta] entrou dinheiro pesado de banco”, explica Pellini.
Alguns especialistas alertam, no entanto, que o lançamento de bitcoin futuros pode aumentar ainda mais a especulação em torno da moeda e causar maior volatilidade.
“Os agentes agressivos, como os fundos de hedge e orientados por algoritmos poderão usar este mercado de futuros para entrar na negociação bitcoin com altos níveis de liquidez para vendas curtas agressivas e reduzir os preços realmente para baixo”, disse o analista da Think Markets Naeem Aslam.
Pellini diz acreditar, porém, que “short position” -venda em descoberto, que consiste na comercialização de um ativo que não se possuiu, esperando que seu preço caia para comprá-lo de volta e lucrar com a diferença- “não é justificativa para o preço cair”. “Se as pessoas quiserem continuar comprando, o preço sobe.”
Hora de comprar?
Desde setembro, quando iniciou um ciclo de alta, o valor do bitcoin já subiu 211% e gerou preocupações também sobre o risco de uma bolha. Jamie Dimon, presidente-executivo do banco JPMorgan, chegou a dizer que a moeda é “uma fraude” que eventualmente explodirá. Há alguns dias, no entanto, o banco mudou seu discurso e passou a ver o bitcoin como “o novo ouro”.
“Fico apreensivo com a alta expressiva nas últimas semana. Achei que chegaria a US$ 10 mil no fim do ano, mas passou por isso voando. Não é uma bolha, o que acontece é que existe demanda para uma oferta escassa, mas a alta surpreendeu”, diz Pellini.
Para ele, todo mundo deveria ter bitcoin, dentro das suas possibilidades. Antes de entrar na rede, no entanto, Pellini ressalta que é preciso estudar o assunto e entender as dinâmicas desse mercado.
“Compre primeiro o que está disposto a perder. Não vai investir o dinheiro da casa, por exemplo. E compre também metade do que tem na mão. Se cair mais, você compra o resto. Se não cair, pelo menos você entrou na rede”, diz.
O cuidado com a segurança também é importante, aponta Aleixo. “Embora a tecnologia seja extremamente segura e a rede nunca tenha sido violada, se a pessoa não tiver cuidado com o celular e computador, ela pode ser vítima de um ataque hacker diretamente no seu dispositivo.” (Folhapress)
Leia mais sobre: Tecnologia